O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, está realizando uma visita à Arábia Saudita entre os dias 6 e 8 de junho. Ele é o terceiro funcionário de alto escalão dos EUA a estar no país do Oriente Médio neste ano. Por que visitas assim são tão frequentes? Para a agência de notícias Reuters, um dos motivos é que Washington espera estabilizar suas relações com a Arábia Saudita, que é um de seus aliados.
No mesmo dia da chegada de Blinken, dois eventos aconteceram no Oriente Médio. O primeiro foi a reabertura da embaixada do Irã na Arábia Saudita. O outro foi o encontro do príncipe herdeiro e primeiro-ministro desse país, Mohammad bin Salman bin Abdulaziz Al Saud, com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que realizou visita à Arábia Saudita. Os dois lados conversaram sobre as perspectivas de cooperação bilateral e as oportunidades para o reforço de colaborações em diversas áreas.
Atualmente, no Oriente Médio, a reconciliação e a paz entre países que experimentaram trocas hostis no passado são a tendência principal. O Egito e a Turquia elevaram suas relações diplomáticas. A Síria retornou à Liga Árabe. O Irã e os países do seu entorno, como a Jordânia, reavivaram seu relacionamento. Um Oriente Médio mais unido e independente está se formando.
Por sua vez, enquanto tentam reforçar sua presença no Oriente Médio, os Estados Unidos devem ficar se perguntando por que a situação na região evoluiu de tal forma. Vale lembrar que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o país tem sido a maior força externa que influencia a conjuntura do Oriente Médio. Para manter sua hegemonia, os EUA causaram muito caos e diversos confrontos, tornando-se o “maior criador de problemas” na região.
Nos últimos anos, os países do Oriente Médio vêm percebendo que os EUA não são confiáveis e que o futuro da região deve ser decidido por suas próprias nações. Em 2022, uma pesquisa realizada em 14 países árabes mostrou que 78% dos entrevistados consideraram que a maior fonte de ameaças e instabilidades no Oriente Médio é os EUA.
Mesmo vendo que se tornou a figura mais impopular do Oriente Médio, Washington é incapaz de fazer uma verdadeira autorreflexão. Por isso, continua frequentemente enviando seus altos funcionários à Arábia Saudita, com o objetivo principal de impedir as mudanças geopolíticas na região.
De qualquer forma, referidos arranjos diplomáticos estadunidenses não serão capazes de afetar a tendência de reconciliação no Oriente Médio. A razão fundamental para isso é que as políticas dos Estados Unidos para o Oriente Médio não correspondem à busca de união e cooperação que tem ocorrido entre as nações da região.
Essa onda de reconciliação no Oriente Médio confirma o ponto de vista do estudioso estadunidense Gregory Gause, para quem a era em que os EUA eram a principal força influente no Oriente Médio já teve seu fim.