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Sul Global aumenta apelo por melhoria da governança global

Por Ada Zhang

Nações Unidas – Os princípios fundamentais da Iniciativa de Governança Global (IGG) proposta pela China foram reforçados no Debate Geral da 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) ao longo da semana.

Líderes do Sul Global enfatizaram a importância da responsabilidade coletiva, da adesão ao direito internacional, da governança centrada nas pessoas e da promoção do multilateralismo.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse no sábado à Assembleia Geral da ONU que a Rússia defende a “adesão incondicional ao princípio da igualdade”.

Lavrov observou que o atual equilíbrio de poder global é fundamentalmente diferente daquele estabelecido há 80 anos. “A descolonização e outras grandes turbulências remodelaram o mapa político. A Maioria Global está afirmando seus direitos em alto e bom som”.

Ele defendeu o multilateralismo e o papel construtivo de outras instituições multilaterais globais e regionais, um dos conceitos centrais da IGG.

A Organização de Cooperação de Shanghai (OCS) e o BRICS “desempenham um papel especial como mecanismos para alinhar os interesses do Sul e do Leste Global”, disse ele, destacando a crescente influência da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e de outras organizações regionais.

Seus apelos foram repetidos pelo ministro das Relações Exteriores da Bielorrússia, Maxim Ryzhenkov, que disse que o Oriente hoje está “longe do que era há uma década”, representando o Sul Global, ou a Maioria Global, cuja influência o mundo deve reconhecer.

“Não apenas a Bielorrússia e a Rússia, mas até o horizonte do Pacífico, como dizem nossos amigos chineses, uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade. Com barreiras alfandegárias e físicas reduzidas, interação fortalecida em todas as questões urgentes e desenvolvimento de contatos interpessoais”, disse Ryzhenkov.

Como resposta às atuais “tendências negativas”, disse Ryzhenkov, a ideia de regionalização está ganhando popularidade, fortalecendo mecanismos de cooperação, como BRICS, OCS, ASEAN e outros.

“Essas estruturas, refletindo os interesses da Maioria Global, operam com base nos princípios de respeito mútuo, igualdade e consenso, em vez de dominação e pilhagem, criando uma arquitetura econômica multipolar justa”, disse ele, acrescentando que a iniciativa de governança global tem “total apoio da Bielorrússia” e “é, portanto, oportuna”.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, discursa no Debate Geral da 80ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), na sede da ONU em Nova York, em 27 de setembro de 2025. (Xinhua/Li Rui)

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, pediu no sábado a rejeição da prática do unilateralismo e a manutenção do compromisso com o multilateralismo.

“Esperemos todos uma nova coexistência civilizada, na qual prevaleçam a solidariedade, a cooperação internacional e a solução pacífica de controvérsias, como alternativas à guerra, ao uso da força, à agressão e à ocupação; em oposição às aspirações de dominação unipolar e hegemonia”, disse Parrilla.

Ele defendeu uma ordem sem bloqueios ou medidas coercitivas unilaterais, baseada no multilateralismo e com pleno respeito à Carta das Nações Unidas e ao direito internacional.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, disse à Assembleia Geral da ONU na sexta-feira que o Paquistão valoriza parcerias estratégicas, destacando a cooperação com a China por meio do Corredor Econômico China-Paquistão, no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) proposta pela China. Essas iniciativas, disse ele, “contribuem para nosso progresso”.

Ele disse “admirar” a IGG da China, observando que, juntamente com outras iniciativas globais, ela “oferece uma estrutura abrangente para desenvolvimento mais justo, equitativo e inclusivo”.

“O Paquistão sempre defenderá a paz, a justiça e o desenvolvimento, uma ONU revitalizada e um multilateralismo cooperativo que seja justo e inclusivo”, disse ele.

Em discurso à Assembleia Geral da ONU na quinta-feira, o presidente etíope, Taye Atske Selassie, pediu aos países desenvolvidos que cumpram suas responsabilidades, um dos conceitos centrais da IGG, que exige um compromisso com resultados reais.

“Nenhum Estado pode enfrentar sozinho os desafios globais. Portanto, apelamos aos Estados-membros, especialmente aos países desenvolvidos com responsabilidades históricas, para que revertam as recentes tendências de declínio e intensifiquem os esforços em prol do bem público coletivo do desenvolvimento e da paz”, disse Selassie.

“A Etiópia reitera o apelo de longa data da África para que haja mais descentralização e implantação de capacidade institucional e financeira no Sul Global, especialmente no continente africano, onde as Nações Unidas têm a maioria de seus programas”, disse ele.

O presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokayev, alertou para o perigo de violar o Estado de Direito internacional. “Violações graves do direito internacional se tornaram ‘um novo normal’, que reduz a estabilidade global e corrói a confiança entre os povos, entre líderes políticos e entre Estados”, disse Tokayev à Assembleia Geral da ONU.

Ele disse que seu país acredita que “somente uma governança baseada no bom senso e no Estado de Direito pode garantir a ordem pública e proteger os direitos de todos os cidadãos”.

“Os interesses das pessoas cumpridoras da lei e dos cidadãos decentes devem ser prioridade, mantidos por meio da justiça, da responsabilização e do respeito mútuo”, disse ele, apelando à manutenção do compromisso com a abordagem centrada nas pessoas, outro conceito defendido pela IGG.

“Permaneceremos firmes neste caminho, fortalecendo as reformas de governança internamente e, ao mesmo tempo, apoiando a governança global no exterior”, disse Tokayev.

O presidente iraquiano, Abdul Latif Rashid, também instou a comunidade internacional a respeitar o Estado de Direito internacional.

“O Iraque apela à cooperação internacional e à adoção de abordagens abrangentes baseadas nos princípios do direito internacional, no espírito de parceria humanitária e na visão holística da estabilidade na região e no mundo”, disse Rashid.

O Iraque defende a cooperação internacional e abordagens abrangentes baseadas nos princípios do direito internacional, no espírito de parceria humanitária e na visão holística da estabilidade na região e no mundo.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, responde a perguntas na Assembleia Nacional na Cidade do Cabo, África do Sul, em 9 de setembro de 2025. (Foto por Xabiso Mkhabela/Xinhua)

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse na terça-feira que seu país também apelou aos Estados-membros para que promovam o multilateralismo e protejam as instituições que o permitem.

“Muitos países com economias em desenvolvimento, especialmente na África, não dispõem de capital adequado para financiar seus objetivos de desenvolvimento. Eles estão endividados e pagam mais com o serviço da dívida do que com saúde e educação”, disse Ramaphosa.

“No entanto, por meio da solidariedade global, com regras de empréstimo mais justas, especialmente para vários países do Sul Global, podemos alcançar nosso compromisso compartilhado”.

Dima Al-Khatib, diretora do Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul, disse que, por meio de iniciativas como a Iniciativa Global para o Desenvolvimento e a Iniciativa Cinturão e Rota, a China contribuiu com conhecimento, recursos e tecnologia para acelerar o desenvolvimento sustentável em todo o mundo, e chamou a IGG de “mais um passo promissor”.

“A cooperação Sul-Sul permite que os países compartilhem soluções práticas e locais, mais fáceis de adaptar e escalar. Seja energia renovável da América Latina, educação digital da Ásia ou práticas de resiliência climática da África, essas trocas aceleram o progresso na Agenda 2030”, disse ela no Fórum Visão China, coorganizado pelo China Daily e pela Missão da China na ONU no início deste mês.

Agência Xinhua

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