O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, participou nessa quarta (26) da cerimônia de abertura da nova embaixada dos Estados Unidos em Tonga. É a primeira representação oficial norte-americana estabelecida no país, após o estabelecimento das relações diplomáticas de 51 anos entre as duas nações.
No mesmo dia, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, deu início a uma visita à Papua Nova Guiné, a primeira de um chefe do Pentágono ao país.
Os dois altos funcionários deverão se encontrar na Austrália, para participar da reunião ministerial anual com os seus homólogos australianos, para tratar de questões bilaterais estratégicas.
Nos últimos dois anos, os Estados Unidos vêm reforçando as relações com os países no Pacífico Sul, sob a orientação da Estratégia Indo-Pacífico. O presidente Joe Biden convidou, em setembro do ano passado, chefes de Estado das nações insulares da região para participar da primeira cúpula entre os dois lados, realizada em Washington.
Os EUA reabriram em 2023 sua embaixada nas Ilhas Salomão, após o fechamento por 30 anos e estabeleceram novas unidades diplomáticas em Tonga e Vanuatu. Além disso, os norte-americanos assinaram acordos de cooperação com os Estados Federados da Micronésia, Palau e Ilhas Marshall, prometendo um auxílio de US$ 7,1 bilhões por 20 anos.
O entusiasmo estadunidense para o Pacífico Sul seria inimaginável no passado. Vale lembrar que, após a Segunda Guerra Mundial, os EUA utilizaram a região como um lugar de testes nucleares, o que causou grandes problemas para a saúde dos residentes locais. Depois da Guerra Fria, Washington achava que o Pacífico Sul já tinha perdido seu valor estratégico. Por isso, fechou embaixadas e retirou seus voluntários da região.
Por que os EUA mudaram agora sua atitude em relação às nações insulares do Pacífico Sul? A razão é bem simples: a China tem uma influência cada vez maior na região. Por exemplo, o governo chinês e as Ilhas Salomão estabeleceram relações diplomáticas em 2019, e o valor comercial entre os dois países chegou a US$ 498 milhões em 2022. Atualmente, a exportação para a China ocupa dois terços do fluxo comercial total ao exterior do país no Pacífico Sul.
O jornal norte-americano Washington Post comentou que os EUA reforçaram sua presença em reação à atração cada vez maior da China na região. Alguns analistas ainda disseram que os Estados Unidos querem espremer e reprimir os interesses chineses no Pacífico Sul, além de obstruir e minar a cooperação chinesa com os países do Pacífico Sul.
No entanto, os EUA subestimaram a determinação desses países em se desenvolverem de forma independente. O primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, disse que nada pode impedir a cooperação amistosa e de benefício recíproco com a China.