A cooperação China-África segue uma tendência dos tempos actuais, onde o mundo conclama por relações geopolíticas e geoestratégicas de domínio multipolar para a construção de um novo tipo de relações internacionais que visam a promoção de uma comunidade de futuro compartilhado, afirmou o analista e comentarista político de Moçambique, Gil Aníbal.
Segundo Aníbal, os ramos da cooperação sino-africana floresceram desde o estabelecimento de um novo tipo de parceria estratégica na Cúpula de Beijing do Fórum de Cooperação China-África em 2006, bem com no âmbito de outros eventos, como a Cúpula de Joanesburgo do Fórum de Cooperação China-África em 2015, e a Cúpula de Beijing do Fórum sobre Cooperação China-África em 2018, intitulada Comunidade China-África de Futuro Compartilhado. Esta política reflete a visão do presidente chinês Xi Jinping de continuar com a expansão das linhas de cooperação entre seu país e o continente.
Em junho de 2020, Xi Jinping organizou a Cúpula Especial China-África para Solidariedade e Combate à Covid-19. A China tornou-se o primeiro país do mundo a realizar uma cúpula com o continente africano em resposta à pandemia. Além disso, forneceu 120 lotes de assistência de material antiepidemiológico de emergência a 53 países africanos e à União Africana e enviou equipes de especialistas médicos.
O analista destacou que a União Africana e a China assinaram o primeiro documento de cooperação na construção conjunta do “Cinturão e Rota”. Essa parceria resultou na implementação de projectos como a Ferrovia Addis Ababa-Djibouti e a Ferrovia Mombasa-Nairobi, já abertas ao tráfego. O exemplo mais recente é o porto multifuncional de Dohaley, no Djibouti, que melhorou efectivamente a capacidade de comércio de trânsito local e desempenha um papel importante no processo de interconexão e integração regional. Ele acrescentou que a Cúpula de Joanesburgo e a Cúpula de Beijing do Fórum de Cooperação China-África anunciaram a implementação dos “Dez Planos de Cooperação” e das “Oito Acções Principais”, elevando a cooperação económica e comercial China-África a um nível recorde.
Segundo os dados publicados pelo Ministério do Comércio da China, em 2022, o volume do comércio entre a China e África atingiu US$282 bilhões, um aumento de 11,1% em relação ao ano anterior. O país asiático tornou-se o principal parceiro comercial do continente e o segundo maior destino das exportações de seus produtos agrícolas. Até o final de 2022, o estoque de investimento direto da China na África ultrapassou US$ 47 bilhões, traduzindo uma cooperação funcional, que agora será acelerada pela implementação de políticas conjuntas através dos BRICS e do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).
Gil Aníbal também analisou a parceria entre a China e Moçambique. Ele aponta que ambos são parceiros estratégicos de cooperação, e há uma confiança política mútua em várias áreas, desde infraestruturas, energia, agricultura e pescas, até manufactura, transporte, comunicações, turismo, cultura, imobiliária e comércio.
De acordo com o analista, a cooperação segue regras de mercado, e o financiamento da China para Moçambique resulta de estudos de viabilidade e da avaliação sobre a solução económica e comercial, no sentido de garantir que cada projecto seja um sucesso no mercado, com os seus devidos efeitos económicos e sociais.
Na área de infraestruturas, a China, em parceria com o governo moçambicano, construiu a Estrada Circular de Maputo, a ponte Maputo-KaTembe, a Estrada Nacional N.º 6, o porto de pesca, na cidade da Beira, o aeroporto de Xai-Xai e o Centro Cultural Moçambique-China. No contexto empresarial, as empresas chinesas estão a promover projectos rodoviários, ferroviários e instalações hídricas, bem como a participação na indústria petrolífera na pesquisa e produção de gás natural.
Por Alberto Zuze, jornalista moçambicano