No dia 30 de junho, a Argentina pagou US$ 2,7 bilhões em dívida externa ao Fundo Monetário Internacional por meio de direitos especiais de saque (SDRs) e liquidação em RMB. Trata-se do primeiro pagamento de dívida em moeda chinesa pela Argentina.
No dia anterior, o Banco Central da Argentina anunciou a inclusão do RMB como uma moeda acessível pelo sistema bancário do país e aprovou a abertura de contas de poupança em RMB pelas instituições financeiras do país.
O presidente do Banco Central da Argentina, Miguel Ángel Pesce, disse que, assim como a maioria dos países, a Argentina vê com bons olhos a internacionalização do RMB.
A expansão da cooperação financeira entre a China e a Argentina é um reflexo das boas relações econômicas e comerciais bilaterais. Atualmente, a China é um dos parceiros comerciais mais importantes da Argentina. Em 2022, o comércio bilateral entre a China e a Argentina atingiu US$ 21,37 bilhões, ultrapassando a marca de US$ 20 bilhões pela primeira vez. Sob a premissa de respeitar a escolha independente do mercado, o maior uso da liquidação em moeda local pelas empresas chinesas e argentinas no comércio e investimento bilaterais reduzirá os custos e os riscos cambiais e ajudará a melhorar o comércio bilateral.
Para a Argentina, a expansão do uso do RMB poderia ajudar a resolver os problemas domésticos mais urgentes do país. Nos últimos anos, a Argentina tem enfrentado uma escassez de dólares americanos, com uma dívida externa de US$ 276,7 bilhões no final de 2022 e reservas estrangeiras de US$ 44,6 bilhões. O recente clima seco teve um impacto significativo sobre as receitas de exportação agrícola da Argentina, tornando a escassez de dólares ainda mais grave. O aumento do uso do RMB poderia ajudar a Argentina a economizar grandes quantidades de dólares, reduzir consideravelmente a pressão sobre as reservas estrangeiras e manter a economia dinâmica.
Para a China, o swap de moeda local com a Argentina também traz benefícios. De acordo com as estatísticas, em abril e maio deste ano, a Argentina usou a moeda chinesa para liquidar 19% de suas importações totais nesses dois meses. Espera-se que, a partir de maio deste ano, a Argentina utilize cerca de US$ 790 milhões a US$ 1 bilhão em RMB para pagar as importações chinesas. No contexto da escassez de dólares na Argentina, o uso do RMB para liquidação de importações pode proteger as exportações chinesas para a Argentina; o uso do RMB para pagamento de dívidas pode ajudar a Argentina a evitar a inadimplência de sua dívida, manter a estabilidade macroeconômica e aumentar a confiança do mercado.
Como a terceira maior economia da América Latina, a abordagem da Argentina é exemplar. Atualmente, outros países latino-americanos têm apresentado a ideia de “desdolarização” sob o impulso do Brasil e da Argentina. Isso reflete o desejo de muitos países em desenvolvimento de diversificar suas finanças e buscar um caminho de desenvolvimento independente e autônomo. O domínio global e a hegemonia do dólar americano estão rumo à queda.