Recentemente, o jornalista da NPR Science, Michaeleen Doufleffm, publicou o artigo “China’s COVID vaccines: Do the jabs do the job?”, no qual esclarece os rumores sobre a eficácia e a segurança das vacinas chinesas contra Covid-19.
Ele aponta que a China está no meio de sua primeira grande onda de Covid-19 e é uma das maiores do mundo. No início de dezembro, o país reduziu as restrições sobre a epidemia e agora os cientistas estimam que o país pode enfrentar mais de 10 milhões de novos casos por dia. Há também a preocupação de que a epidemia difundida na China possa ocasionar novas variantes. Mas variantes podem surgir em qualquer parte do mundo neste momento, à medida que a Covid-19 continua a circular.
O número real de mortos e o impacto total deste surto dependem em grande parte de um fator chave: como as vacinas da China funcionam. As duas principais vacinas utilizadas no país são CoronaVac e Sinopharm, ambas desenvolvidas e fabricadas na própria China.
Rumor 1: Ouvi dizer que as vacinas chinesas não funcionam muito bem? Isso é verdade?
“Não, isso não é verdade”, diz o epidemiologista Ben Cowling, da Universidade de Hong Kong. “Nossa pesquisa em Hong Kong mostrou que isso não é verdade. Eu não tenho nenhuma preocupação com a eficácia das vacinas chinesas”.
As vacinas chinesas não são “vacinas mRNA” como as que a Pfizer e a Moderna fabricam. Em um estudo realizado por Cowling e sua equipe, as vacinas chinesas ofereceram tanta proteção contra doenças graves quanto as vacinas de mRNA para adultos com menos de 60 anos.
Para adultos mais velhos, Cowling aponta que um reforço extra – ou terceira dose – da CoronaVac eleva a proteção para cerca de 98%, a mesma proteção observada com três doses da Pfizer.
Rumor 2: Ouvi dizer que as vacinas chinesas não são seguras ou não foram muito bem testadas. Isso é verdade?
Tanto a CoronaVac quanto a Sinopharm, ambas chinesas, foram testadas em mais de uma dúzia de estudos internacionais, incluindo um na Turquia com cerca de 12 mil participantes, um no Brasil com mais de 3 milhões de participantes e um no Chile que pesquisou mais de 10 milhões de vacinações.
Em um estudo, olhando especificamente para a segurança da CoronaVac, pesquisadores da Universidade de São Paulo supervisionaram a imunização de cerca de 12 mil pessoas. Eles documentaram “67 eventos adversos graves, e todos foram determinados como não relacionados à vacinação”, informou a equipe.
Frente a esses resultados, “os dados disponíveis até o momento indicam que a vacina Sinovac-CoronaVac é geralmente bem tolerada e consistente com o perfil de segurança de outras vacinas inativadas licenciadas”, salientou a OMS em maio de 2021.
CoronaVac e Sinopharm foram administradas em bilhões de pessoas em mais de 100 países. Elas representam cerca da metade de todas as vacinas administradas no mundo inteiro em 2021. “Nunca vi nenhum relato de efeitos colaterais graves com estas vacinas”, diz a epidemiologista Jennifer Bouey da Universidade de Georgetown.