Washington – O recente aumento de casos de COVID-19 e o surgimento da variante Omicron representam riscos negativos para o emprego e a atividade econômica dos EUA e aumentam a incerteza para a inflação, disse o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, em depoimento por escrito lançado na tarde de segunda-feira.
“Preocupações maiores com o vírus podem reduzir a vontade das pessoas de trabalharem pessoalmente, o que atrasaria o progresso no mercado de trabalho e intensificaria as interrupções na cadeia de suprimentos”, disse Powell em depoimento preparado para uma audiência perante o Comitê Bancário do Senado marcada para terça-feira pela manhã.
Powell observou que os desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia contribuíram para aumentos de preços notáveis em algumas áreas, com o índice de preços para despesas de consumo pessoal subindo 5 por cento nos 12 meses encerrados em outubro.
“É difícil prever a persistência e os efeitos das restrições de oferta, mas agora parece que os fatores que impulsionam a inflação vão perdurar no próximo ano. Além disso, com a rápida melhora do mercado de trabalho, a folga está diminuindo e os salários estão subindo em um ritmo acelerado”, disse ele.
Powell também disse que o banco central entende que a alta inflação impõe fardos significativos, especialmente para aqueles menos capazes de arcar com os custos mais elevados de itens essenciais como alimentação, moradia e transporte.
“Estamos comprometidos com nossa meta de estabilidade de preços. Usaremos nossas ferramentas para apoiar a economia e um mercado de trabalho forte e para evitar que uma inflação mais alta se fortaleça”, disse ele.
O Fed se comprometeu a manter a taxa de fundos federais inalterada no nível recorde de quase zero desde o início da pandemia. O banco central começou este mês a reduzir seu programa mensal de compra de ativos de 120 bilhões de dólares americanos em 15 bilhões de dólares. Nesse ritmo, o Fed encerraria suas compras de ativos até junho do próximo ano.
É muito cedo para julgar as implicações para a saúde e os efeitos econômicos da emergente variante Omicron, de acordo com uma análise divulgada pela Oxford Economics na segunda-feira.
“Se a variante Omicron acabar tendo um impacto significativo na economia, os governos e bancos centrais provavelmente focarão sua resposta nos impactos da demanda, em vez do impacto mais ambíguo da inflação”, segundo a análise.
