Brasília — O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) do Brasil informou nesta quarta-feira que considera cenários com “ritmos de ajuste maiores na taxa básica de juros” do que o anunciado na última semana, quando elevou a taxa básica de juros Selic de 6,25% para 7,75% ao ano.
A informação consta na ata da última reunião do Copom, divulgada hoje. A subida de juros realizada na semana passada foi a maior desde dezembro de 2002, elevando a taxa Selic ao maior nível em quatro anos.
“Prevaleceu, no entanto, a visão de que trajetórias de aperto da política monetária com passos de 1,50 ponto percentual, considerando taxas terminais diferentes, são consistentes, neste momento, com a convergência da inflação para a meta em 2022, mesmo considerando a atual assimetria no balanço de riscos”, explicou o Copom.
Segundo o BC, a inflação ao consumidor segue elevada e tem se mostrado mais persistente que o antecipado. “A alta dos preços está mais disseminada e abrange também componentes mais associados à inflação subjacente”, ressaltou.
Na ata da reunião, o Copom destacou que surgiram questionamentos relevantes em relação ao futuro do “arcabouço fiscal atual” (regras para as contas públicas), resultando em elevação dos prêmios de risco (juros futuros e dólar).
“Esses questionamentos também elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas”, avaliou.
Por essa razão, o BC considerou que o viés de alta da inflação “é agora maior do que o considerado anteriormente ” e concluiu que o “grau apropriado de aperto monetário é significativamente mais contracionista do que o utilizado no cenário básico”.
Além de ter elevado os juros para 7,75% ao ano, o BC também indicou nova alta, para 9,25% ao ano, em dezembro. O mercado financeiro tem projetado juros em 9,25% ao ano no fim de 2021 e de 10,25 anual no fim de 2022.
Ainda na ata, o BC informou que manteve a expectativa de uma retomada da atividade no segundo semestre, “ainda que menos intensa e mais concentrada no setor de serviços”.
“Essa reavaliação reflete o impacto das limitações na oferta de insumos em determinadas cadeias produtivas, que devem perdurar até o próximo ano”, acrescentou o Copom.