Helsinque – As marcas chinesas de automóveis estão ganhando terreno de forma constante na Finlândia, conforme a transição do país nórdico para a mobilidade elétrica acelera, com representantes do setor prevendo que sua participação de mercado continuará crescendo nos próximos anos.
Tero Lausala, CEO da Organização Central Finlandesa para Comércio e Reparos de Automóveis (Autoalan Keskusliitto, AKL), disse em entrevista exclusiva à Xinhua que, embora as montadoras chinesas representem apenas cerca de 4% das vendas de carros novos nos primeiros 10 meses de 2025, elas têm se tornado cada vez mais visíveis e atraentes para os consumidores finlandeses. Segundo ele, o crescente apelo dessas marcas é impulsionado pelo forte desempenho em tecnologia, inovação e preços competitivos, especialmente no setor de veículos elétricos (EVs), que está em rápida expansão.
A transição da Finlândia para a mobilidade elétrica está se acelerando. A participação de carros totalmente elétricos nos novos registros deve atingir 34-36% este ano, ante menos de 30% em 2024, disse Lausala.
Nesse contexto, as marcas chinesas estão fortalecendo sua posição. “Notamos que a MG, a BYD e a Polestar estão em ascensão”, disse ele, acrescentando que, embora seus volumes totais ainda sejam menores do que os das marcas mais consolidadas da Finlândia, seu crescimento é evidente.

Carros da MG produzidos pela Corporação da Indústria Automotiva de Shanghai (SAIC, na sigla em inglês) estacionados ao lado do navio cargueiro Anji Ansheng, que os levará para Shanghai, no leste da China, em 15 de maio de 2025. O Anji Ansheng fez sua viagem inaugural para a Europa nessa data, transportando aproximadamente 7.000 veículos fabricados na China. (Xinhua/Fang Zhe)
Dados da Agência Finlandesa de Transportes e Comunicações, Traficom, mostram que as vendas da MG na Finlândia nos primeiros dez meses de 2025 aumentaram 475% em relação ao ano anterior, o crescimento mais rápido entre todas as marcas. As vendas da Polestar aumentaram 105%, enquanto a BYD também registrou ganhos sólidos. No segmento de veículos elétricos a bateria (BEV), a Polestar ficou em oitavo lugar, com uma participação de 5,7%, seguida pela BYD, com 2%, e pela MG, com 1,2%.
Segundo Lausala, os consumidores finlandeses têm muito interesse em novas tecnologias, e a mídia local publica frequentemente análises detalhadas de novos modelos chineses, oferecendo avaliações independentes que ajudam a construir confiança. “Os finlandeses estão interessados em inovações e na versatilidade dos produtos vindos da China, que está mudando rapidamente”, disse ele.
Ele acrescentou que os compradores finlandeses tendem a ser “conscientes do preço e muito pragmáticos”, com velocidade de carregamento, autonomia da bateria e condições de garantia entre suas principais prioridades, áreas em que as marcas chinesas têm feito progressos notáveis.
Lausala disse que as maiores oportunidades para as montadoras chinesas estão no segmento de veículos totalmente elétricos de preço médio na Finlândia, particularmente em modelos com preços entre 20.000 euros (23.203 dólares americanos) e 40.000 euros. Essa faixa de preço está bem alinhada com os incentivos e as expectativas dos consumidores em relação à autonomia e aos níveis de equipamentos. À medida que modelos com preços mais competitivos chegam ao mercado, ele espera que o interesse aumente ainda mais.

Olhando para o futuro, Lausala disse que as marcas chinesas podem expandir sua presença se combinarem competitividade de produto com um compromisso sustentado com o mercado finlandês. “Elas precisam de um importador e de varejistas locais com compromisso e relacionamento de longo prazo”, disse ele. “A disponibilidade de serviços e reparos é essencial para o crescimento”.
Além do potencial de vendas, ele também vê espaço para uma cooperação industrial mais profunda. A Finlândia tem um núcleo de software automotivo com pelo menos 100 empresas, muitas ansiosas para colaborar com parceiros chineses. Também há oportunidades em tecnologia de carregamento, software e equipamentos relacionados, acrescentou ele.
“Os contatos com a China são importantes para nossa organização”, observou Lausala, acrescentando que a AKL organiza regularmente delegações à China para seus membros.
Dados da JATO Dynamics, empresa global de inteligência de mercado e análise de dados automotivos, mostram que as marcas chinesas de automóveis quase dobraram sua participação no mercado europeu no primeiro semestre de 2025, atingindo um recorde de 5,1%, enquanto os novos registros de carros fabricados na China aumentaram 91% em relação ao ano anterior. As previsões do setor sugerem que sua participação no mercado europeu poderá chegar a 10% até 2030.
Para a Finlândia, Lausala prevê uma trajetória semelhante. Com a chegada de mais modelos adaptados aos padrões europeus e o fortalecimento da cooperação com as concessionárias finlandesas, ele diz que as marcas chinesas estão preparadas para desempenhar um papel cada vez mais significativo no mercado automobilístico do país. (1 euro = 1,16 dólar americano)
