Shenzhen – Um carregamento de cocos frescos tailandeses chegou ao terminal de contêineres de Shekou, em Shenzhen, e foi rapidamente liberado pela alfândega antes de chegar às prateleiras dos supermercados em toda a Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, enquanto braços robóticos na linha de montagem da BYD davam os retoques finais em veículos de nova energia (NEVs) destinados às ruas movimentadas de Bancoc.
Essa troca perfeita exemplifica o fortalecimento dos laços comerciais entre Shenzhen e a Tailândia, com um volume de comércio que atingiu 92,82 bilhões de yuans (cerca de 13,1 bilhões de dólares americanos) nos primeiros 10 meses de 2025, um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior, consolidando a posição de Shenzhen como a principal cidade da China em volume de comércio com a Tailândia.
O crescimento é impulsionado por uma combinação de incentivos políticos e demanda de mercado. “Desde o começo deste ano, exportamos 11.000 veículos elétricos para a Tailândia, um aumento de mais de 50% em relação ao ano anterior, e a resposta do mercado tem sido muito positiva”, disse Liu Feng, gerente do departamento alfandegário da BYD.
O Acordo de Livre Comércio China-ASEAN e a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) ampliaram esse crescimento, com a Alfândega de Shenzhen emitindo mais de 700 certificados de origem para as exportações da BYD para a Tailândia, abrangendo mercadorias no valor de 690 milhões de yuans e economizando para a empresa mais de 30 milhões de yuans em tarifas.
De janeiro a outubro, as exportações de veículos elétricos de Shenzhen para a Tailândia dispararam 99,1%, atingindo 1,28 bilhão de yuans, o que demonstra a proeza da China na manufatura verde.
Além dos automóveis, os produtos de alta tecnologia estão em plena expansão. Na Shenzhen Lechang Technology Co., Ltd., pilhas de controladores audiovisuais de alto desempenho aguardavam embarque para a Tailândia.
“Com o aumento da produção de vídeos curtos, a demanda por acessórios audiovisuais portáteis e de alto desempenho na Tailândia continua crescendo”, disse Zhong Jialing, chefe do departamento de conformidade.
Os dados mostram que as exportações de equipamentos elétricos e componentes de computador de Shenzhen para a Tailândia aumentaram 25,3% e 63,1%, respectivamente, evidenciando uma mudança em direção a bens de alto valor agregado.
No que diz respeito às importações, os produtos agrícolas tailandeses estão prosperando no mercado consumidor chinês.
“Os cocos verdes tailandeses são perecíveis e exigem um desembaraço aduaneiro extremamente rápido”, explicou Wang Cong, supervisor alfandegário de uma empresa local de importação e exportação. Graças a um canal prioritário para produtos frescos na Alfândega de Shenzhen, o desembaraço é priorizado, garantindo o frescor e impulsionando as importações de frutas da empresa em 15% este ano.
Da mesma forma, em uma empresa local de tecnologia de frutas, os duriões tailandeses podem chegar às lojas em todo o país em um dia. “Nossas três entidades certificadas como OEA já se beneficiavam de baixas taxas de inspeção. Desde que o reconhecimento mútuo do programa OEA China-Tailândia entrou em vigor em agosto, os fornecedores tailandeses valorizam muito esse ‘selo de ouro’, e observamos um aumento de 15% nas importações de frutas”, disse Li Yan, diretor alfandegário da empresa.
A implementação do reconhecimento mútuo entre as alfândegas chinesas e tailandesas no âmbito do programa Operador Econômico Autorizado (OEA) tem sido fundamental. “As autoridades alfandegárias de ambos os países oferecem facilidades essenciais, como taxas de inspeção reduzidas e verificações prioritárias para empresas certificadas, o que representa uma economia significativa de tempo e custos”, disse Zeng Xiangping, chefe da seção de certificação empresarial da Alfândega de Tongle.
Essa relação comercial evoluiu para além de simples trocas comerciais, transformando-se em cadeias de suprimentos integradas, com Shenzhen exportando inovação e a Tailândia contribuindo com recursos agrícolas e um mercado em expansão. Segundo analistas, a sinergia não apenas fortalece a resiliência bilateral, como também impulsiona a integração econômica regional.
