Xinhua – Diario de Pernambuco

A maior agência de notícias da China e um dos principais canais para conhecer o país

Entrevista: Sul Global deve avançar com ação, pragmatismo e cooperação para moldar futuro, diz ex-premiê moçambicano

Kunming – “O futuro do século XXI exige que o Sul esteja mais unido e coeso, com uma voz mais forte e firme, que reflita união, criatividade, esperança e, ao mesmo tempo, ação e pragmatismo”, disse Aires Ali, ex-primeiro-ministro de Moçambique, em uma entrevista à Xinhua.

Ali fez as observações à margem do Fórum de Mídia e Think Tank do Sul Global 2025, realizado em Kunming, Província de Yunnan, sudoeste da China.

No contexto do crescente protagonismo dos países do Sul Global, Ali destacou a importância de fortalecer as vozes dessas nações no cenário internacional.

Ele considerou que a iniciativa de fóruns é essencial, pois reúne representantes de diversos países e continentes, permitindo que o Sul Global se organize em torno de uma narrativa comum. Segundo ele, o aumento do número de participantes reflete o crescimento da conscientização e da coesão entre os países em desenvolvimento.

O papel da China também foi destacado, não apenas pelo avanço econômico e tecnológico, mas também pela postura de cooperação franca, aberta e igualitária com outros países.

Nesse contexto, fóruns de mídia e think tanks são instrumentos cruciais para transmitir a mensagem do Sul Global à população. “É esse tipo de discurso, essa postura, essa maneira de estar que precisamos desenvolver”, disse.

Além disso, a contribuição de intelectuais e especialistas é indispensável, e deve trabalhar em conjunto com a mídia para fortalecer essa voz. “Quem tem o papel de escrever, de dizer, de contar é a mídia”, afirmou, acrescentando que jornalistas e especialistas podem registrar histórias, escrever livros e compartilhar experiências em rádio e televisão, construindo um repertório coletivo para as futuras gerações.

Entre os caminhos para fortalecer a narrativa do Sul, o ex-primeiro-ministro destacou a relevância dos países de língua portuguesa, sublinhando que a parceria com a China é essencial para que contem histórias de desenvolvimento mais próximas de suas realidades.

Em Moçambique, por exemplo, já existe uma longa história de cooperação, que remonta a mais de 50 anos, envolvendo projetos de infraestrutura, cultura e educação. Essa experiência, segundo ele, pode servir de modelo para outros países lusófonos, incluindo Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e o Brasil.

Exemplos como a Ponte Maputo-Katembe e o centro cultural China-Moçambique ilustram a importância de documentar parcerias concretas e projetos bem-sucedidos, permitindo que as gerações futuras compreendam como a cooperação internacional se constrói.

Quanto aos desequilíbrios ou preconceitos na narrativa internacional sobre o desenvolvimento do Sul Global, ele reconheceu que se trata de uma luta permanente.

Os países do Sul estão crescendo e tomando consciência de seu potencial, e podem se inspirar na trajetória da China. Segundo Ali, a experiência chinesa comprova que a determinação, a cooperação e o intercâmbio podem abrir caminho para o desenvolvimento, transmitindo esperança e inspiração a outros países em desenvolvimento.

“Confiar no futuro, muita determinação, muita entrega, e muita capacidade de cooperar e interagir com os outros. E ter muita fé e esperança que vamos conseguir avançar”, concluiu. 

Marcelo Oliveira de A. Maranhao

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Voltar ao topo