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Destaque: Como o kiswahili está construindo uma ponte cultural entre China e Tanzânia

Dar es Salaam – Em uma manhã tranquila, dentro de uma sala de aula ensolarada no Instituto Confúcio da Universidade de Dar es Salaam, um grupo de professores chineses falava saudações em kiswahili.

“Habari za asubuhi”, disse um deles, sorrindo. “Nzuri sana”, respondeu outro. Essa simples troca de palavras, “bom dia” e “muito bem”, é mais do que uma simples aula de idioma.

Representa um movimento crescente de curiosidade cultural, respeito mútuo e intercâmbio educacional entre a China e a Tanzânia.

Enquanto a comunidade internacional comemorava o Dia Mundial da Língua Kiswahili na segunda-feira, o espírito do dia ganhou vida no Instituto Confúcio da maior universidade da Tanzânia, onde os cidadãos chineses abraçavam o idioma não apenas como língua, mas como porta de entrada para a compreensão da vida local.

O kiswahili, também conhecido como suaíli, é uma das línguas mais faladas na África, servindo como língua franca em toda a África Oriental e Central.

A Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em sua 41ª sessão realizada em Paris, França, em 2021, declarou o dia 7 de julho de cada ano como o Dia Mundial da Língua Kiswahili, tornando-se a primeira língua africana a ser reconhecida dessa forma pela ONU.

Yang Xin, professora de chinês no Instituto Confúcio, disse que aprender kiswahili tem sido um desafio e uma necessidade.

“No começo, eu não conseguia entender”, lembrou ela. “Mas, graças ao Instituto Confúcio, comecei a aprender. Isso ajudou a me adaptar à vida aqui e a me conectar com as pessoas”.

Zou Zhenzhen, também professora de chinês, concordou com esse sentimento. “Mesmo usar poucas palavras em kiswahili na aula faz a diferença. Mostra aos estudantes que respeitamos a cultura deles e os deixa mais animados para aprender chinês. Dá para ver nos rostos deles”.

A abordagem de ensino é simples, mas eficaz: pedir ajuda, praticar fora da sala de aula e praticar ao fazer compras, andar de táxi ou conversar com colegas.

“Agora consigo pedir comida, conversar com taxistas e até brincar com meus amigos. A língua quebra o gelo”, disse Zou, sorrindo radiante. Ambas as professoras de chinês aprendem kiswahili há dois meses, participando de duas sessões com duas horas de duração aos domingos.

O impacto da fluência em kiswahili vai além da sala de aula.

De acordo com Emmanuel Legonga, professor de chinês tanzaniano no Instituto Confúcio, que também ensina kiswahili para chineses de outros países na Tanzânia, falar a língua local tem efeito cascata prático em todos os setores.

“Em projetos de infraestrutura como ferrovias e portos, quando gerentes ou engenheiros chineses usam o kiswahili, isso gera confiança com os trabalhadores locais”, explicou Legonga. “Acaba com a sensação de distância. Os trabalhadores se sentem vistos e respeitados”.

Isso é muito importante nos projetos da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), onde a colaboração em larga escala entre profissionais chineses e tanzanianos é essencial. “A língua abre as portas para a transparência. Ela reduz mal-entendidos e gera confiança”, acrescentou ele.

Legonga ficou eufórico ao revelar que uma de suas estudantes de kiswahili é Zhang Xiaozhen, diretora chinesa do Instituto Confúcio da Universidade de Dar es Salaam.

Para Zhang, o interesse pelo kiswahili entre os chineses está aumentando constantemente.

“Em nossa última sessão, mais de 70 chineses se inscreveram em aulas de kiswahili. Este ano, quase 90 estão matriculados”, observou ela. “Alguns começam a aprender na China, outros depois de chegarem. Cerca de 20 professores chineses estudaram kiswahili”.

Zhang estuda kiswahili sempre que consegue. “A língua é uma ponte. Ela conecta as pessoas. E o kiswahili está se tornando mais importante, não apenas na África Oriental, mas globalmente”, disse ela.

Zhang identificou fortes paralelos culturais entre a China e a Tanzânia. “O conceito tanzaniano de Ujamaa, cooperação e comunidade ecoa os valores coletivistas da China. Em ambas as culturas, família e harmonia são centrais”, observou ela.

Enquanto Mussa Hans, diretor tanzaniano do Instituto Confúcio, se preparava para comemorar o Dia Mundial da Língua Kiswahili deste ano, ele refletiu sobre a missão mais ampla do instituto.

“Não ensinamos apenas o idioma, construímos relacionamentos”, disse ele. “Promovemos o chinês e o kiswahili para que nossos povos se entendam melhor”.

A visão é simples, mas complexa: um futuro em que a diretora chinesa fale fluentemente kiswahili e o diretor tanzaniano fale chinês.

“Não deve haver barreira linguística entre nossos países”, disse ele. “Seja da China para a Tanzânia ou vice-versa, aprenda kiswahili, aprenda chinês”.

Marcelo Oliveira de A. Maranhao

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