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Cooperação pragmática China-Brasil alcança resultados frutíferos e beneficia povos dos dois países

Foto aérea por drone tirada em 12 de março de 2024 mostra a fábrica de baterias da montadora BYD em Manaus, capital do estado do Amazonas, Brasil. (Xinhua/Wang Tiancong)

A China e o Brasil são os dois maiores países em desenvolvimento dos hemisférios oriental e ocidental, respectivamente, e também são importantes mercados emergentes, parceiros estratégicos abrangentes e membros importantes do Sul Global. Nos últimos 50 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas sino-brasileiras em 1974, a cooperação pragmática bilateral conseguiu abundantes resultados que vêm beneficiando os dois povos.

   Os resultados da cooperação pragmática entre os dois países são sólidos e diversificados, com destaque no setor de economia e comércio, o setor pilar das relações bilaterais. Isso foi ilustrado em números. Quando os dois países estabeleceram os laços diplomáticos há 50 anos, o valor de comércio bilateral era de apenas US$ 17,4 milhões. Em 2023, a cifra chegou a US$ 181,53 bilhões, crescendo mais de 10 mil vezes. Em 2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil e tem mantido o título até hoje. O Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina. Segundo dados da Administração Geral das Alfândegas (AGA) da China, o país importou mais de US$ 100 bilhões do Brasil anualmente nos últimos três anos, batendo um novo recorde.

1. Navio de carga com 68 mil toneladas de milho brasileiro chega ao porto de Mayong, Província de Guangdong, sul da China, em 8 de fevereiro de 2023. (Xinhua/Huang Guobao)

   Conforme dados da AGA, o comércio da China com o Brasil cresceu anualmente 9,9% nos primeiros 10 meses de 2024, atingindo 1,14 trilhão de yuans (US$ 158,33 bilhões). A taxa de crescimento foi 4,7 pontos percentuais a mais do que a taxa de crescimento geral do comércio exterior da China, sustentando o aprofundamento dos laços econômicos e comerciais entre os dois países.

   Com o aprofundamento da cooperação econômica e comercial, mais produtos de qualidade do Brasil estão entrando no mercado chinês. O Brasil é o principal país origem das importações agrícolas da China, sendo que 70% da soja importada, mais de 40% do milho e carne bovina vieram do Brasil em 2023. O aumento do consumo de café pela população chinesa nos anos recentes diversificou ainda mais os produtos brasileiros na China. Em 2023, o Brasil exportou 1,4 milhão de sacas de café para a China, aumento anual de 287,6%, com que o país asiático tornou-se o sexto maior país importador do café brasileiro. No início deste mês, o Museu do Café do Brasil foi inaugurado na fábrica de torrefação da maior rede de cafeterias chinesa, Luckin Coffee, em Kunshan, Província de Jiangsu, no leste da China, sendo o primeiro museu de café brasileiro na China.

Funcionária do estande do Brasil apresenta café brasileiro para um visitante na Feira Internacional de Comércio de Serviços da China (CIFTIS) 2024. (Xinhua/Wang Yuyuan)

   Enquanto os chineses provam os sabores dos produtos brasileiros, os brasileiros gostam cada vez mais de automóveis de nova energia chineses. Nos últimos anos, veículos de nova energia (NEV, em inglês) tornou-se um novo e importante campo de cooperação econômica e comercial entre os dois países. Segundo dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros, nos primeiros nove meses deste ano, o Brasil ficou em 2º lugar entre os dez maiores destinos de exportações de veículos elétricos chineses, com 140.412 carros, e no topo dos dez maiores destinos em termos de aumentos de volume, com 104.477 automóveis.

   No setor de investimentos, a China tem sido uma importante origem de investimentos do Brasil por anos. Em 2023, os investimentos chineses no Brasil somaram US$ 1,73 bilhão, um aumento de 33% em relação ao ano anterior, segundo um relatório do Conselho Empresarial Brasil-China. O relatório também indicou que a área de eletricidade liderou a atração de investimentos chineses no Brasil no ano, com participação de 39% em termos de valor e de 66% pelo critério de número de projetos. O setor automotivo ficou em segundo lugar, com 33% do valor aportado.

   Em abril de 2023, a State Grid Brazil Holdings S. A. (SGBH), da State Grid Corporation of China (SGCC), assinou com o governo brasileiro o maior contrato de transmissão de energia na história do setor elétrico brasileiro, que representa R$ 18,1 bilhões em investimentos, 83% do valor total contratado no leilão, e inclui a construção de 1.513 km de linhas de transmissão em corrente contínua e a manutenção de outros 1.468 km em três estados brasileiros. Na ocasião, a SGBH anunciou a intenção de investir R$ 200 bilhões no setor energético brasileiro nos próximos anos. Em junho do mesmo ano, a State Power Investment Corporation Limited (SPIC) da China anunciou um investimento de R$ 780 milhões na construção de dois novos parques eólicos no nordeste do Brasil. No mesmo mês, a SPIC inaugurou dois parques solares localizados no Piauí e Ceará.

Foto tirada em 18 de janeiro de 2021 mostra a Longping High-Tech Brazil, uma empresa de investimento chinês de propriedade da Longping Agriculture Science Co., Ltd., em Cravinhos, Brasil. (Xinhua)

   Quanto ao setor de automóveis, as empresas chinesas não apenas vendem carros para o mercado brasileiro, mas também investem no Brasil para produção local. Segundo o veículo de imprensa brasileiro Valor Econômico, a montadora chinesa GWM adquiriu a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo, e previu investimento de R$ 10 bilhões e produtividade anual de 100 mil unidades. A empresa chinesa BYD anunciou um investimento de R$ 5,5 bilhões nos projetos no Brasil, incluindo a transformação da antiga fábrica da Ford em Camaçari em um complexo fabril que poderá produzir 150 mil automóveis híbridos e elétricos na primeira fase.

   Ao longo do último meio século, também foram destacadas cooperações China-Brasil nos campos de tecnologia e ciência, finanças, etc. Em 1988, os dois países estabeleceram o Programa Sino-Brasileiro de Satélites de Recursos Terrestres (CBERS), que é conhecido como um modelo da “cooperação Sul-Sul” e pioneiro na cooperação aeroespacial entre países em desenvolvimento, com lançamento bem-sucedido de cinco satélites. O Brasil também é o país latino-americano que conta com o maior número de laboratórios conjuntos co-estabelecidos com a China, com o estabelecimento do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, entre outros.

   No início de 2023, os dois países assinaram um memorando de cooperação para estabelecer acordos de liquidação de renminbi (RMB, moeda chinesa) no Brasil, dando incentivo ao uso de moedas locais para a liquidação no comércio bilateral. Em setembro do mesmo ano, os dois países concluíram um acordo comercial em suas moedas locais pela primeira vez, com transações financiadas e liquidadas em RMB e convertidas diretamente em reais.

   Os resultados da cooperação pragmática bilateral não apenas se resumem em números, projetos e acordos, mas também se sentem pelas pessoas com benefícios tangíveis. Um dos empreendimentos chineses mais conhecidos é no setor de transmissão de eletricidade do Brasil. A SGCC investiu, construiu e realiza manutenção e operação da fase II do projeto de transmissão da usina de Belo Monte no Brasil. Com um comprimento total de mais de 2.500 quilômetros das linhas, o projeto passa por 81 cidades de cinco estados, escoando energia do norte ao sudeste do Brasil e até o momento é o maior projeto de transmissão de eletricidade do mundo em termos de distância que utiliza a tecnologia de ± 800 kV UATCC. O mencionado projeto de transmissão de eletricidade da usina do Belo Monte proporciona energia hidrelétrica a mais de 22 milhões de pessoas no sudeste do Brasil, o equivalente a 10% da população total brasileira.

   Quanto ao Programa CBERS, os dados ajudam para a proteção dos recursos terrestres e meio ambiente nos dois países. No setor cultural, os dois países lançaram em conjunto festivais de cinema, anos culturais e programa de tradução de obras clássicas. No Brasil, trens de alta velocidade e automóveis de nova energia chineses oferecem maior conveniência de transporte. Na China, cada vez mais empresas e famílias chinesas consomem carne bovina, café, e outros produtos agrícolas brasileiras.

   De acordo com Zhou Zhiwei, diretor-executivo do centro de estudos brasileiros e diretor do departamento de relações internacionais, ligados ao Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, a cooperação econômica e comercial China-Brasil pode ajudar no crescimento econômico de ambos os países, o que gera mais oportunidades de emprego e aumentos nas rendas das pessoas. Os investimentos chineses nos setores agrícola, mineral e industrial do Brasil proporcionam força de crescimento para estes setores, e na infraestrutura podem fornecer uma vida melhor para as pessoas e oportunidades de crescimento para a economia brasileira. A cooperação no Programa CBERS pode ajudar a proteger as florestas na Amazônia, reduzir e controlar desastres. E a cooperação nas áreas de ciência e tecnologia e energia renovável é positiva para o meio ambiente do Brasil.

   Segundo Zhou, é razoável que a China e o Brasil conseguiram tantos resultados frutíferos na cooperação pragmática. “As economias dos dois países são altamente complementares, o que é muito vantajoso para o aprofundamento da cooperação econômica e comercial e pode reduzir relativamente os impactos de fatores fora dos dois países. Depois da integração da China à Organização Mundial do Comércio em 2003, a cooperação econômica e comercial dos dois países ganhou forças, com crescimentos evidentes no comércio e nos investimentos e mantendo uma tendência constante de crescimento”, disse Zhou, acrescentando que os interesses dos dois países se integram altamente e isso é razão fundamental para o desenvolvimento rápido dos laços bilaterais.

   Quanto ao futuro, Zhou assinalou a necessidade do alinhamento das estratégias de desenvolvimento dos dois países, maior cooperação na área cultural e interpessoal e nos assuntos internacionais.

   “Atualmente, a liquidez global, ou seja, a capacidade de oferta de investimento estrangeiro, está encolhendo. Nos últimos anos, a China tornou-se gradualmente a principal fonte de investimento estrangeiro para o Brasil, com uma boa correspondência bilateral entre oferta e demanda. Durante muitos encontros bilaterais de alto nível, foi repetida a necessidade de melhorar o alinhamento das estratégias nacionais de desenvolvimento dos dois países. Acredito que o Brasil deveria mostrar maior iniciativa, porque a cooperação econômica e comercial bilateral promoveu realmente o crescimento econômico do Brasil e melhorou a vida da população brasileira nos últimos 20 anos, e as atuais necessidades do Brasil podem ser atendidas com isso”, disse Zhou.

Agência Xinhua

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