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Como um observatório chinês remoto é importante para as mudanças climáticas globais?

Xining – Os climas extremos estão piorando em todo o mundo: o supertufão Yagi atingiu o sul da China e o Vietnã neste mês, deixando mortos e causando caos; inundações devastadoras afetaram Bangladesh e a Europa acabaram de passar pelo verão mais quente já registrado.

   O aumento de eventos climáticos extremos destacou a urgência de entender e aumentar a conscientização sobre as mudanças climáticas globais.

   Com o Workshop Internacional sobre Gases de Efeito Estufa e Mudanças Climáticas realizado na Província de Qinghai, noroeste da China, no início deste mês, o papel dos observatórios de fundo atmosférico na compreensão das mudanças climáticas foi colocado em evidência. O workshop também serviu como um encontro para marcar o 30º aniversário do Observatório da Base de Waliguan da China.

   O observatório, localizado a mais de 3.800 metros acima do nível do mar no Planalto Qinghai-Xizang, entrou em operação em 1994. É, de longe, o observatório global de fundo atmosférico mais alto do mundo e o único observatório global da China, além dos sete observatórios regionais de fundo atmosférico que o país já instalou.

   Uma observação de fundo atmosférico refere-se à observação de longo curso, em um ponto fixo, de componentes atmosféricos completamente misturados e livres de contaminação local, em áreas distantes das atividades humanas. Os dados gerados por tais observações têm maior probabilidade de revelar condições verdadeiras e composição atmosférica.

   RASTREAR MUDANÇAS CLIMÁTICAS

   O Planalto Qinghai-Xizang, conhecido como o “teto do mundo”, é uma das regiões mais sensíveis às mudanças climáticas globais. Sua presença trouxe mudanças na circulação atmosférica, exercendo assim um impacto sobre as mudanças climáticas, regionais e globais.

   A sua existência também evita a desertificação no leste e no sul da Ásia, ao contrário do que é comum em regiões como o Norte da África e a Ásia Central.

   Em 17 de setembro de 1994, o Observatório da Base de Waliguan foi inaugurado no topo da montanha Waliguan, no Planalto Qinghai-Xizang. Antes disso, a China, os Estados Unidos e a Organização Meteorológica Mundial (WMO, sigla em inglês) conversaram e assinaram um acordo de cooperação para estabelecer um observatório de fundo atmosférico no oeste da China.

   “Eu estava passando parte do meu período sabático na WMO ajudando o Programa de Observação da Atmosfera Global (GAW, sigla em inglês) com vários projetos na época em que (o observatório da) Montanha Waliguan estava sendo planejado e estabelecido como uma estação global” , contou Gregory R. Carmichael, presidente do comitê científico diretor do GAW, regozijando-se com a oportunidade de visitar o local 30 anos depois.

   “(O observatório da) Montanha Waliguan é um local especialmente importante, pois é capaz de monitorar as mudanças na composição atmosférica em toda a Ásia”, acrescentou.

   Michael S. Christensen, embaixador da Dinamarca na China, informou que fornece dados para organizações chinesas e internacionais por três décadas da estação mais alta do mundo para monitoramento de ozônio e gases de efeito estufa “não é uma conquista pequena”.

   No observatório de Waliguan, os pesquisadores mapearam a “curva de dióxido de carbono”, também conhecida como a “curva de Waliguan”, obtida a partir de dados de monitoramento da concentração de dióxido de carbono a partir do observatório ao longo de três décadas.

   Os dados de observação do observatório de Waliguan ofereceram uma referência importante a todos os seis relatórios de avaliação divulgados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC), de acordo com Zhang Peng, diretor-geral do Centro de Observação Meteorológica da Administração Meteorológica da China (CMA, sigla em inglês).

   As curvas de dióxido de carbono, projetadas com dados de observações produzidas pelo Observatório da Base de Waliguan e pelo Observatório Mauna Loa no Havaí, testemunham o impacto das atividades humanas nas mudanças climáticas globais, acrescentou Zhang.

   Infelizmente, a “curva de Waliguan” apresentou uma oscilação ascendente nas últimas três décadas, com a concentração atmosférica de dióxido de carbono subindo para 419,3 ppm em 2022.

   Paolo Laj, chefe do GAW da OMM, disse que, sem grandes esforços de todos os países para reduzir as emissões, as temperaturas globais crescerão 1,5 graus Celsius, o que será “extremamente problemático” para muitas sociedades.

   “Vemos essa composição (da atmosfera) mudando, nomeadamente a composição do CO2 e dos gases de efeito estufa aumentando. É assim que sabemos que até agora não fizemos o suficiente e, em particular, os países mais desenvolvidos não fizeram o suficiente para reduzir suas emissões”, afirmou Laj.

   ENFRENTAR MUDANÇAS CLIMÁTICAS

   A China sempre foi uma participante ativa no combate às mudanças climáticas, especialmente na última década. Por meio de ações concretas, a China contribuiu com suas próprias práticas recomendadas e sabedoria para o esforço global, disse Chao Qingchen, diretora do Centro Nacional do Clima.

   A China vem acelerando os ajustes na mistura energética para reduzir as emissões de carbono. O país agora possui a maior capacidade instalada do mundo em energia fotovoltaica e eólica.

   O observatório de Waliguan também foi testemunha da transição. Um parque de geração de energia fotovoltaica em escala foi construído nas proximidades do observatório. Sua capacidade instalada de energias limpas, incluindo energia solar, hidrelétrica e eólica, ultrapassou 53 milhões de quilowatts.

   Além do consumo local, esse parque também transmite 50 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade verde para o leste da China, levando a uma redução de mais de 70 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono anualmente.

   “O que está sendo feito aqui em Qinghai é profundamente impressionante. Com a energia solar, eólica e hidrelétrica respondendo por mais de 90% do total da capacidade instalada, região essa se tornou um farol na política da energia da China”, observou Christensen.

   Segundo Carmichael, “o que realmente precisamos é encontrar maneiras de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e temos que fazer isso com certa urgência. Muitos países, como a China e os Estados Unidos, bem como as agências das Nações Unidas, estão trabalhando arduamente para ajudar os países a alcançar a neutralidade de carbono e emissões líquidas zero nas próximas décadas, e, portanto, precisamos trabalhar duro para isso.”

Agência Xinhua

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