Adis Abeba – Em um típico dia ensolarado na capital da Etiópia, Adugna Adamu estava anunciando seu negócio, oferecendo caronas do aeroporto de Bole até o histórico distrito de Piazza com seu micro-ônibus elétrico, um dos muitos que agora circulam pelas ruas da cidade.
A introdução de veículos elétricos (EVs) modernos no transporte público fez parte da campanha do governo iniciada no começo deste ano para proibir a importação de veículos a gasolina ou diesel, em uma tentativa de acelerar a transição para a mobilidade elétrica diante do aumento global do preço do combustível.
“Esses veículos elétricos são maiores, mais silenciosos, mais econômicos e fáceis de usar do que os micro-ônibus convencionais que funcionam com gasolina”, disse Adamu à Xinhua em uma entrevista.
A Etiópia gastou US$ 6 bilhões na importação de combustível em 2023, mais da metade dos quais foram destinados a veículos movidos a combustível, causando poluição fora dos padrões nos centros das cidades, disse o Ministério de Transporte e Logística da Etiópia.
Dos cerca de 1,2 milhão de veículos no país, muitos têm mais de 20 anos de idade e são, em sua maioria, importados de segunda mão dos países do Golfo, e muitas vezes são vistos emitindo fumaça preta de seus escapamentos.
“Eu costumava dirigir diferentes tipos de veículos, mas este é único, pois é mais confortável e não polui o ar”, disse Adamu enquanto dirigia 15 passageiros, a maioria dos quais estava experimentando sua primeira excursão com veículos elétricos.
Os micro-ônibus elétricos são montados pela empresa local Belayneh Kindie Metal Engineering Complex, usando componentes importados da China.
A empresa chinesa Golden Dragon Company fornece componentes para os veículos à empresa local, que monta tanto os micro-ônibus elétricos quanto os grandes ônibus elétricos de 12 metros de comprimento para atender à crescente demanda por veículos elétricos na Etiópia.
Embora os micro-ônibus elétricos sejam uma nova adição aos serviços de transporte público da Etiópia, Besufekad Shewaye, gerente geral da empresa local, está prevendo um mercado promissor para EVs na Etiópia devido aos abundantes recursos de hidroeletricidade do país.
“A partir de meados de 2023, importamos partes completamente não montadas de veículos elétricos, montamos 216 micro-ônibus elétricos e os disponibilizamos para o mercado etíope”, disse o gerente geral, acrescentando que a empresa já vendeu 50% dos micro-ônibus elétricos montados para prestadores de serviços de transporte e escritórios do governo.
O governo da Etiópia pretende importar cerca de 500.000 automóveis elétricos para acelerar a mudança do país para o transporte elétrico como parte de seu plano de desenvolvimento de 10 anos, que vai de 2021 a 2030.
O governo também permitiu a importação de peças de veículos elétricos com isenção de impostos para incentivar a adoção de veículos elétricos e facilitar a transferência de conhecimento. Shewaye observou que a montagem de EVs localmente os torna mais competitivos em termos de preço e pode impulsionar o emprego local.
Pelo menos 75 funcionários locais foram contratados para montar o primeiro lote de 216 micro-ônibus, com engenheiros chineses viajando para a Etiópia para fornecer orientação.
“Os engenheiros chineses de veículos elétricos vieram até aqui e compartilharam conosco suas habilidades e conhecimentos sobre a tecnologia de veículos elétricos, tanto na teoria quanto na prática. Depois de passarmos pelo treinamento, agora somos capazes de montar veículos elétricos por conta própria”, disse Bezuayehu Abera, gerente de produção da empresa.
No início deste mês, o ministro de Transporte e Logística da Etiópia, Alemu Sime, disse que seu país está disposto a explorar oportunidades de produção e montagem de veículos elétricos com fabricantes chineses durante suas discussões com possíveis investidores chineses.
O ministro também observou as políticas favoráveis e as condições de mercado estabelecidas pelo governo etíope, incluindo a produção em massa de acessórios de carregamento de veículos elétricos, para atrair empresas chinesas e outras empresas estrangeiras a participarem do setor local de veículos elétricos.
