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“Uma causa justa encontra grande apoio”: Xi Jinping e Organização de Cooperação de Shanghai

Em 15 de junho de 2001, os então chefes de Estado da China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e Uzbequistão reuniram-se em Shanghai. Juntos, eles anunciaram a criação de um novo grupo regional no continente eurasiático – a Organização de Cooperação de Shanghai (OCS).

   A OCS é a única organização intergovernamental com o nome de uma cidade chinesa. Tornou-se um local fundamental para a China para reforçar sua cooperação com os países da Ásia Central e com a vasta massa terrestre da Eurásia.

Um representante das tropas chinesas recebe medalhas na cerimônia de encerramento do exercício militar antiterrorismo “Missão de Paz 2021” dos Estados-membros da Organização de Cooperação de Shanghai, no campo de treinamento de Donguz, na região russa de Orenburg, em 24 de setembro de 2021. (Xinhua/Mei Shixiong)

   Ao longo da última década, o presidente chinês, Xi Jinping, participou de todas as cúpulas de chefes de Estado da OCS, inclusive por meio de videoconferência durante o período da COVID. Ele compartilhou nesta plataforma multilateral seus pensamentos e propostas com outros líderes mundiais para garantir a estabilidade regional, alcançar um desenvolvimento comum mais robusto e contribuir para um mundo melhor.

O presidente chinês Xi Jinping faz um discurso na Universidade Nazarbayev em Astana, Cazaquistão, em 7 de setembro de 2013. (Xinhua/Wang Ye

   “Uma causa justa encontra grande apoio, e uma jornada com muitos companheiros chega longe.” Aos olhos de Xi, o desenvolvimento da OCS, que representa cerca de metade da população mundial e um quarto da economia global, está de acordo com a tendência dos tempos e acompanha a direção do progresso humano.

    “COM PAZ, UM PAÍS DESFRUTA DE PROSPERIDADE”

    “As ‘três forças do mal’, o tráfico de drogas e o crime organizado transnacional são sérias ameaças à segurança e à estabilidade regionais.” Quando Xi discursou pela primeira vez na cúpula da OCS na capital do Quirguistão, Bishkek, em 2013, ele abriu o seu discurso com uma avaliação clara e concisa da situação de segurança enfrentada pelos membros da OCS.

    A OCS nasceu principalmente por razões de segurança. O seu antecessor, os “Cinco de Shanghai”, foi formado para abordar questões de segurança fronteiriça após o fim da Guerra Fria. O terrorismo, o separatismo e o extremismo, conhecidos como as “três forças do mal”, pairaram durante décadas sobre a Ásia Central, tornando-se cada vez mais agudos após o colapso da União Soviética, a invasão do Afeganistão pelos EUA e a chamada Primavera Árabe.

   Quando Xi estreou no palco da OCS, a região enfrentava uma situação de segurança muito mais complicada. A ascensão do Estado Islâmico no Iraque e na Síria causou uma disseminação de elementos terroristas e extremistas na Ásia Central naquela época, resultando em mais pressão para que a China e seus parceiros da OCS forjassem fortes laços de segurança.

Trabalhador ferroviário examina o primeiro trem de uma nova rota de transporte multimodal internacional que parte da cidade de Langfang, na Província de Hebei, norte da China, em 4 de julho de 2023. (Jia Jun/Xinhua)

   O líder chinês enfatizou a cooperação em segurança em todas as cúpulas e mencionou “segurança” mais de 120 vezes em seus 11 discursos na OCS. Para o líder chinês, a segurança é a base do desenvolvimento, enquanto a estabilidade é um pré-requisito para a prosperidade.

   “Com paz, um país desfruta de prosperidade, assim como com a chuva, a terra pode florescer.” Certa vez, Xi citou este provérbio do Uzbequistão para explicar a sua compreensão da relação entre segurança e desenvolvimento quando participou da cúpula da OCS de Samarcanda de 2022.

Locais históricos da antiga cidade de Khiva, no Uzbequistão, em 21 de setembro de 2023. (Xinhua/Li Muzi)

   Xi prometeu “tolerância zero” com as “três forças do mal” e ressaltou os esforços conjuntos para erradicá-las. Ele também pediu aos membros da OCS que ajudem o Afeganistão a recuperar a paz e impulsionem a cooperação no combate ao narcotráfico, ao crime organizado e nos setores de segurança não tradicionais, como o ciberespaço e o espaço sideral.

   Com o impulso consistente de Xi e dos seus colegas líderes da OCS, a OCS organizou, ao longo dos anos, exercícios conjuntos e reprimiu o contrabando de drogas para reduzir o financiamento do terrorismo. Esses esforços valeram a pena. De 2013 a 2017, os Estados membros da OCS frustraram mais de 600 crimes terroristas, capturaram cerca de 2.000 terroristas e destruíram mais de 500 campos de treino terrorista. Os mecanismos de segurança melhoraram e os exercícios conjuntos estenderam-se ao ciberespaço.

   A OCS também tem sido uma plataforma na qual Xi expôs sua nova visão de segurança para a Ásia – uma segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável.

   O mundo de hoje continua dominado por guerras e conflitos. Xi sempre preocupou-se em prevenir a guerra e alcançar uma paz duradoura. Em 2022, ele propôs a Iniciativa de Segurança Global (ISG), um bem público global fornecido pela China para promover a governança de segurança global.

  O princípio orientador da ISG é consistente com sua visão de segurança, oferecendo a solução da China para a questão dos tempos.

    ROTA DA SEDA MODERNA

    A OCS está naturalmente ligada à importante proposta de Xi, a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR). Todos os seis membros iniciais da OCS estão ao longo da antiga rota comercial movimentada entre o Oriente e o Ocidente, e o líder chinês reforçou ainda mais essa ligação.

    Durante uma visita de Estado ao Cazaquistão em setembro de 2013, Xi propôs o Cinturão Econômico da Rota da Seda, um componente essencial da ICR. Dias depois, ao discursar na cúpula da OCS em Bishkek, Xi apelou aos países membros para levarem adiante o espírito da Rota da Seda.

    Ao longo da década, Xi utilizou a ICR como um motor chave para promover a cooperação prática da China com os países da OCS e para acelerar o desenvolvimento. Ao alinharem as suas respectivas estratégias de desenvolvimento, a China e os membros da OCS testemunharam resultados frutíferos no reforço de infraestruturas, do comércio e da conectividade financeira.

   No início de junho, por videoconferência, Xi, juntamente com o presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, e o presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, saudaram a assinatura de um acordo intergovernamental sobre a ferrovia China-Quirguistão-Uzbequistão em Beijing.

Show de luzes e fogos de artifício em Qingdao, cidade anfitriã da 18ª cúpula da Organização de Cooperação de Shanghai, em 9 de junho de 2018. (Xinhua/Li Xueren)

   A ferrovia, conforme planejado, começará em Kashgar, uma cidade em Xinjiang, no oeste da China, e entrará no território do Uzbequistão pelo Quirguistão. No futuro, pode chegar à Ásia Ocidental e ao Sul da Ásia, tornando-se uma artéria de transporte principal através do continente asiático.

   Em sua mensagem de vídeo, Xi descreveu a ferrovia como um projeto estratégico de conectividade entre a China e a Ásia Central e um projeto histórico dos esforços de cooperação dos três países no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota.

   Localizada no coração do continente asiático, o desenvolvimento da Ásia Central tem sido limitado há muito tempo pela falta de portos. Uma vez concluída, a ferrovia reduzirá o tempo necessário para transportar produtos da Ásia Central para os principais mercados globais e facilitará a integração da Ásia Central com as cadeias industriais e de suprimentos globais, impulsionando assim o desenvolvimento regional.

   O projeto ferroviário foi proposto pela primeira vez na década de 1990. Ao longo dos anos, Xi prestou muita atenção ao projeto. Em suas interações com líderes do Quirguistão e do Uzbequistão, ambos membros da OCS, pediu repetidamente um esforço conjunto para reiniciar este projeto ferroviário transformador.

   O ex-secretário-geral da OCS, Vladimir Norov, saudou a ICR como “uma plataforma importante para a cooperação multilateral” que beneficia os países da Ásia Central sem litoral, incluindo seu país natal, o Uzbequistão. A ICR proporcionou “a oportunidade de entrar livremente no mercado mundial”.

   A ferrovia é apenas uma faceta da crescente cooperação da China com os membros da OCS. Graças ao aumento da conectividade, o comércio está florescendo. No ano passado, o comércio entre a China e os cinco países da Ásia Central atingiu um recorde de cerca de US$ 90 bilhões, um aumento de mais de 27% em relação ao ano anterior.

   LAÇOS MAIS FORTES

   Quando chegou a vez da China realizar a cúpula da OCS em 2018, Xi escolheu receber seus colegas em Qingdao, uma cidade costeira na Província de Shandong, no leste da China. A escolha tem ricas implicações culturais.

   Shandong é a terra natal de Confúcio e Mencius, dois sábios chineses, e o berço do confucionismo. Essa antiga filosofia chinesa influenciou significativamente muitas culturas asiáticas e teve um impacto profundo na vida do povo chinês e em sua maneira de pensar.

   Xi deu as boas-vindas aos líderes da OCS citando uma famosa frase de Confúcio: “Que alegria ter amigos que vêm de longe!”

   Há muito tempo, Xi defende o aprendizado mútuo entre diferentes culturas e civilizações. Desde que se tornou presidente da China, ele fez da interação cultural uma marca registrada de sua diplomacia. Para ele, a diversidade de civilizações sustenta o progresso humano. Em Qingdao, ele definiu pela primeira vez sua perspectiva sobre a civilização como sendo composta de igualdade, aprendizado mútuo, diálogo e inclusão.

   Em muitas ocasiões, o líder chinês também enfatizou a preservação da cultura tradicional e a sucessão do patrimônio cultural. Para ele, o patrimônio histórico e cultural é um recurso precioso que não é renovável.

   Durante a viagem ao Uzbequistão em 2013, Xi lançou um projeto conjunto com o lado uzbeque para restaurar mesquitas históricas e escolas islâmicas à sua glória de outrora na antiga cidade de Khiva, que foi amplamente aclamada como uma pérola brilhante da civilização ao longo da antiga Rota da Seda. Com a atenção e o apoio contínuos de Xi, o projeto foi concluído em 2019.

   Quando visitou o país da Ásia Central novamente em 2022, Xi presenteou ao presidente uzbeque Mirziyoyev com uma miniatura da antiga cidade como um presente de Estado em comemoração aos esforços conjuntos dos dois países para restaurar o patrimônio cultural da Rota da Seda.

   Xi considera cada civilização como única, sem que nenhuma seja superior a outra. “Devemos promover o aprendizado mútuo entre nossas civilizações e aumentar a boa vizinhança e a amizade entre nossos países. Isso nos permite aumentar o apoio público ao desenvolvimento de longo prazo da OCS”.

   LAR COMPARTILHADO

   “A OCS é nosso lar compartilhado”, disse Xi certa vez. De tempos em tempos, o líder chinês descrevia o número crescente de membros da OCS como uma “grande família”.

   Seja um lar compartilhado ou uma grande família, a OCS é sempre aberta e inclusiva. Ela se caracteriza pela não aliança, pelo não confrontação e por não visar terceiros. Isso contrasta fortemente com os clubes exclusivos de nações movidos pela confrontação ideológica entre blocos.

   Nos últimos anos, a OCS incorporou novos membros que reconhecem o Espírito de Shanghai, que é definido por confiança mútua, benefício mútuo, igualdade, consulta, respeito pela diversidade de civilizações e busca do desenvolvimento comum.

   Agora, com nove Estados-membros, três Estados-observadores e 14 parceiros de diálogo, a OCS é a maior organização regional do mundo em termos de escala geográfica e população.

   Para Xi, a humanidade, que vive na mesma aldeia global, está se tornando cada vez mais uma comunidade com um futuro compartilhado, na qual os interesses de todos estão intimamente interligados. Assim, ele propôs a construção de uma comunidade da OCS com um futuro compartilhado na cúpula de Qingdao.

   O presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, testemunha do estabelecimento dos “Cinco de Shanghai” em 1996 como uma autoridade sênior do Cazaquistão, esteve envolvido nas atividades da OCS desde o início.

   Ele expressou “um enorme respeito” por Xi e apoio às suas visões. “Não tenho dúvidas sobre seus impactos positivos no desenvolvimento do mundo, que deve estar livre de discriminação, de sanções e de pressão.”

   As propostas de Xi estão desempenhando um papel muito importante na construção de confiança e benefícios mútuos entre os países em um mundo caracterizado pela crescente instabilidade, incerteza e imprevisibilidade, disse Sheradil Baktygulov, consultor de relações exteriores do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos do Quirguistão, um think tank.

   “Os pensamentos do presidente Xi mostram o caminho para a construção de uma comunidade da OCS próxima”, disse Baktygulov, “e um futuro brilhante para o continente eurasiático”.

Agência Xinhua

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