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Futuro da ação climática está na cooperação prática, não no protecionismo

Por Maya Majueran

Enquanto líderes mundiais se reúnem no coração da Amazônia para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em 2025 (COP30), uma transformação silenciosa está ocorrendo. A agenda climática global está gradualmente passando da retórica para resultados, de promessas distantes para tecnologias práticas e acessíveis que podem fazer uma diferença real.

O ar em Belém, no Brasil, está denso não apenas pela umidade, mas também pela instabilidade do poder. Os arquitetos tradicionais da diplomacia climática, os Estados Unidos e a Europa, chegam enfraquecidos. Sua credibilidade está corroída, suas promessas soam obsoletas e sua liderança agora é desafiada por uma alternativa prática vinda do Sul Global.

A posição do Ocidente é frágil. Os Estados Unidos, o maior emissor histórico do mundo, permanecem um pêndulo político, com seu compromisso com o Acordo de Paris oscilando a cada eleição. A União Europeia, embora projete virtude climática, se fortificou atrás de barreiras comerciais verdes. Seu Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM, na sigla em inglês), elogiado em Bruxelas como visionário, é visto em Jacarta, Nairóbi e Brasília como protecionismo disfarçado de verde. Ele penaliza as economias emergentes por se industrializarem, efetivamente puxando-as para trás na escada do desenvolvimento depois de subirem poucos degraus.

A China, por sua vez, tem trabalhado para promover a cooperação verde e o compartilhamento de tecnologia. Guiada pela visão de construir uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade, a China enfatiza a industrialização sustentável. De painéis solares a aço limpo, as parcerias da China com países em desenvolvimento visam tornar o crescimento de baixo carbono alcançável e inclusivo, demonstrando que o progresso climático e o desenvolvimento podem andar juntos.

Essa abordagem está sendo concretizada por meio da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR). Nos Emirados Árabes Unidos, a Usina Solar Fotovoltaica de Al Dhafra, construída em parceria com a China, está entre as maiores do mundo, fornecendo energia para milhares de residências. Dos parques solares de Cauchari, na Argentina, ao Parque Eólico de Zhanatas, no Cazaquistão, a tecnologia chinesa está remodelando as redes elétricas nacionais.

Participantes comparecem à Cúpula do Clima de Belém, antes da 30ª edição da Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém, Brasil, em 6 de novembro de 2025. (Foto por Lucio Tavora/Xinhua)

Para os países em desenvolvimento, o custo é o fator decisivo. Um país que estabelece parcerias com a China muitas vezes consegue construir projetos de energia renovável por uma fração do custo do financiamento liderado pelo Ocidente. Painéis solares, turbinas e equipamentos de transmissão chineses são mais baratos e vêm com menos amarras políticas.

Em contrapartida, as estruturas de investimento apoiadas pelo Ocidente frequentemente vinculam o financiamento a tecnologias de custo mais elevado, processos de aprovação demorados e condições restritivas que tornam o desenvolvimento de energia limpa proibitivamente caro. O resultado é um paradoxo: as nações que mais precisam de energia verde acessível são empurradas para as opções mais caras, forçadas a escolher entre responsabilidade ambiental e sobrevivência fiscal.

Esses projetos em parceria com a China vão além de megawatts. Representam um modelo de parceria que capacita engenheiros locais, desenvolve capacidade de manutenção e cria empregos. O desenvolvimento verde se torna uma realidade concreta, não apenas um contrato de empréstimo. Isso contrasta fortemente com o financiamento condicional e lento frequentemente oferecido por instituições ocidentais, atrelado à política e à burocracia em vez de à urgência e à necessidade.

Na COP30, espera-se que a mensagem da China seja transmitida por delegações de países cujos hospitais agora contam com energia elétrica confiável, cujas economias são movidas a energia renovável e cujos engenheiros são treinados em indústrias verdes. Beijing se mostra claramente um parceiro prático, defendendo o multilateralismo por meio de ações concretas, em nítido contraste com a inconsistência e o protecionismo do Ocidente.

Globalmente, a oferta da China é coerente e convincente: transferência de tecnologia, financiamento acessível e capacidade compartilhada. Em um mundo cansado de promessas vazias, essa mensagem encontra eco.

O verdadeiro teste para a COP30, significativamente sediada no Sul Global, é se a comunidade internacional conseguirá superar as fricções geopolíticas e abraçar essa nova realidade. A estrutura climática precisa ser fortalecida com urgência e deve ser construída sobre parcerias, desenvolvimento tecnológico conjunto e cadeias de suprimentos abertas.

Se o Ocidente quer recuperar sua liderança, precisa abandonar a mentalidade de fortaleza. Deve substituir o protecionismo por uma cooperação genuína, tratando a tecnologia verde como um bem compartilhado.

Um bem global, não uma arma estratégica.

O parceiro mais confiável não é aquele que constrói muros, mas sim aquele que compartilha tecnologia.

Nota da edição: Maya Majueran é diretora da Iniciativa Cinturão e Rota do Sri Lanka, uma organização independente e pioneira com vasta experiência em consultoria e apoio à Iniciativa Cinturão e Rota.

As opiniões expressas neste artigo são da autora e não refletem necessariamente as da Agência de Notícias Xinhua.

Agência Xinhua

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