Beijing – Na Reunião de Líderes Econômicos da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês) realizada na semana passada em Gyeongju, Coreia do Sul, os líderes reafirmaram seu compromisso com a missão fundadora da APEC e buscaram maneiras de promover o crescimento global por meio de uma cooperação mais vibrante e resiliente.
Conforme o mundo enfrenta crescentes incertezas, observadores acreditam que a ênfase renovada da reunião na cooperação, abertura e prosperidade compartilhada injetou energia positiva e estabilidade na economia global.
FORTALECENDO A COOPERAÇÃO
A região Ásia-Pacífico tem sido um motor essencial do crescimento global nas últimas décadas. Lar de um terço da população mundial e responsável por quase metade do comércio global, a região é definida pela diversidade econômica e aspirações compartilhadas de desenvolvimento.
“A APEC emergiu como o epicentro do novo dinamismo da globalização”, disse Stephen Ndichu, pesquisador e associado de políticas públicas do Instituto de Políticas para a África, um centro de estudos pan-africano com sede em Nairóbi.
No entanto, agora a região enfrenta desafios significativos para o sistema de comércio global, o rápido avanço de tecnologias transformadoras como a IA e as mudanças demográficas que estão remodelando os mercados de trabalho.
“Mais do que nunca, é necessária uma abordagem coletiva e colaborativa para impulsionar o dinamismo econômico por meio da remoção do protecionismo, principalmente das tarifas comerciais”, disse Lawrence Loh, diretor do Centro de Governança e Sustentabilidade da Escola de Negócios da Universidade Nacional de Cingapura.
O presidente chinês, Xi Jinping, em seu discurso na primeira sessão da 32ª edição da Reunião de Líderes Econômicos da APEC, apresentou cinco propostas para promover uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva e construir uma comunidade Ásia-Pacífico, incluindo a proteção do sistema multilateral de comércio, a construção de um ambiente econômico aberto na região, a manutenção da estabilidade e fluidez das cadeias industriais e de suprimentos, o avanço da transformação digital e verde do comércio, além da promoção do desenvolvimento universalmente benéfico e inclusivo.
“Sem a adesão aos sistemas econômicos multilaterais e abertos, será difícil construir uma Comunidade Ásia-Pacífico unificada que beneficie a região e o mundo”, disse Loh.
“A parceria da China com a APEC exemplifica uma globalização cooperativa que privilegia o avanço compartilhado em vez da competição, a abertura em vez do isolamento e a sustentabilidade em vez de ganhos a curto prazo, traçando assim um futuro onde a prosperidade seja ampla e a paz continue sendo a garantia do progresso e do desenvolvimento”, disse Ndichu.
“Ao defender o diálogo em vez da discórdia e a consulta em vez do confronto, a China ajudou a proteger a estabilidade política da região, que é a base sobre a qual a Ásia-Pacífico continua servindo como o principal motor de crescimento do mundo”, acrescentou Ndichu.
Foto tirada em 28 de outubro de 2025 mostra estrutura de divulgação da 32ª edição da Reunião de Líderes Econômicos da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês) em Gyeongju, Coreia do Sul. (Foto por Park Jintaek/Xinhua)
ABERTURA DE ALTO PADRÃO
Carlos Kuriyama, diretor da Unidade de Apoio à Política da APEC, disse que “a abertura econômica ajudou a região da APEC a beneficiar seus povos”, tirando milhões de pessoas da pobreza. “É importante que as economias da APEC continuem promovendo um sistema econômico livre e aberto”.
“As cadeias de produção e valor do mundo dependem de previsibilidade e abertura”, disse Ndichu.
Em seu discurso, Xi reiterou o compromisso da China em fortalecer ainda mais as reformas de maneira abrangente e expandir a abertura de alto padrão, criando novas oportunidades para a Ásia-Pacífico e para o mundo por meio das mais recentes conquistas da modernização chinesa.
Em um período marcado pelo aumento da desglobalização, “a mensagem que a China está enviando é positiva”, disse Tommy Xie Dongming, chefe de Pesquisa Macroeconômica da Ásia no OCBC Bank, com sede em Cingapura. Em meio a preocupações de que o mundo comece a se fechar, Xie disse: “A China continua mostrando uma atitude forte e consistente em relação à abertura”, um compromisso “particularmente valioso” no atual contexto global.
“A referência de Xi ao compromisso da China em aprofundar as reformas e a abertura em um nível superior fornece um sinal importante da intenção de continuar nesse caminho, contrariando as tendências de isolamento global”, disse Peter Drysdale, chefe do Escritório de Pesquisa Econômica do Leste Asiático da Universidade Nacional Australiana.
“A realização da cúpula da APEC na China no próximo ano oferece a oportunidade de cumprir esse compromisso e servir de exemplo para a região e para o mundo”, acrescentou Drysdale.
REVITALIZAR A APEC
Fundada em 1989, a APEC se tornou um motor dinâmico de crescimento econômico e um dos fóruns mais importantes da região.
“A região Ásia-Pacífico tem sido o principal motor do crescimento econômico global nas últimas uma ou duas décadas”, disse Xie. “Isso já demonstra que o modelo da APEC tem sido bem-sucedido em facilitar o comércio e o fluxo de recursos, além de promover a liberalização e a facilitação de investimentos”.
Foto tirada em 28 de outubro de 2025 mostra letreiro da 32ª edição da Reunião de Líderes Econômicos da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês) em Gyeongju, Coreia do Sul. (Foto por Park Jintaek/Xinhua)
Olhando para o futuro, se esse impulso se mantiver, a APEC “continuará impulsionando o progresso em muitas economias, especialmente as do Sudeste Asiático que ainda estão em estágios iniciais de desenvolvimento”, disse Xie.
“Houve alguns obstáculos no caminho”, mas a APEC sempre conseguiu se recuperar de crises, disse Kuriyama. “Estou muito esperançoso de que conseguiremos nos recuperar, de encontrar uma forma de voltar a um caminho positivo”, reduzindo barreiras e promovendo o comércio e o investimento, acrescentou ele.
“É essencial revitalizar a APEC, que se orgulha de ser uma plataforma orientada por objetivos para promover o livre comércio e economias abertas”, disse Loh. “O comércio e as cadeias de suprimentos verdes e inteligentes serão essenciais para a obtenção de crescimento econômico contínuo para todos”.
Otimista em relação ao futuro da APEC, Loh disse: “Daqui para frente, a APEC pode servir como um modelo para a defesa do desenvolvimento econômico holístico por meio da coordenação e consulta comercial adequadas”.
