Nairóbi – Situada no remoto condado de Makueni, no sudeste do Quênia, a tranquila vila onde Damaris Mutinda cresceu mostrava poucos sinais de modernidade, mas ainda assim, alimentava um espírito de resiliência e determinação em jovens moradores como ela.
Após concluir o ensino médio, Mutinda se mudou para a capital, Nairóbi, para cursar a faculdade, onde se formou em relações internacionais e estudou chinês.
Em 2021, ela começou a trabalhar na Ferrovia de Bitola Padrão Mombasa-Nairóbi (SGR, na sigla em inglês), construída pela China, um projeto emblemático da Iniciativa Cinturão e Rota, em operação desde maio de 2017.
Mutinda atuou inicialmente como agente de segurança de via e sinalização. Após extenso treinamento e avaliações de aptidão, conquistou o cargo de despachante de segurança no Centro de Despacho, o “coração e o cérebro” da SGR, tornando-se a primeira e única funcionária.
Trabalhando ao lado de mais de 20 colegas homens, Mutinda dedica seus dias a garantir que os trens circulem com segurança e que todos que trabalham ao longo do corredor ferroviário fiquem seguros. A jovem de 29 anos também é responsável por registrar os planos de construção e manutenção de cada equipe de trabalho no local, antes e depois das operações.
“Monitoramos o sistema centralizado de controle de tráfego e nos certificamos de que entendemos como ele funciona. Em caso de emergência, nós cuidamos disso”, disse Mutinda, com a voz calma e confiante.
Sua fluência em chinês também permitiu que ela trabalhasse como tradutora. “Aqui, meu chinês é útil para fazer a ponte entre quenianos e chineses”, disse ela.
Com seu profissionalismo e personalidade afetuosa, Mutinda recebeu elogios de colegas, destacando-se como uma técnica talentosa que prospera em uma área tradicionalmente dominada por homens em meio aos esforços de modernização ferroviária do país.
Feng Xudong, que lidera o departamento de transporte e expedição da Africa Star Railway Operation Company, operadora da SGR Mombasa-Nairóbi, descreveu Mutinda como diligente, proativa para aprender e muito dedicada ao trabalho.
“Ela também gosta de ler livros chineses e tem muita paixão pela cultura chinesa”, acrescentou Feng.
Festus Mutunga, assistente de despachante de trens, disse que trabalhar com Mutinda no último ano e meio tem sido uma experiência gratificante devido à sua expertise técnica e habilidades interpessoais. “Estamos felizes em trabalhar com ela”.
Hoje, Mutinda é um exemplo para muitos jovens locais. Ela se inspira em líderes femininas do Quênia e de países vizinhos, admirando sua capacidade de superar estereótipos, prosperar e deixar um impacto duradouro na sociedade.
Seus pais, ambos pequenos agricultores, ficaram impressionados com as conquistas profissionais da filha, expressando orgulho por seu trabalho no setor ferroviário.
Mutinda vê a SGR Mombasa-Nairóbi como fundamental para a jornada do Quênia rumo à modernidade, promovendo maior conectividade, comércio e investimento ao longo de seu corredor.
“Por meio dela, vimos o volume de mercadorias e passageiros que podemos transportar todos os dias”, disse Mutinda. “Espero que meu país veja o sucesso deste trem com mais de oito anos de operação e nenhum acidente”.
Até 16 de agosto, a SGR Mombasa-Nairóbi completou 3.000 dias de operação segura. Desde a inauguração, transportou um total de 15,93 milhões de passageiros e 41,96 milhões de toneladas de carga, segundo dados oficiais.
“A SGR nos conectou em vários países. Peço aos meus compatriotas que adotem o sistema ferroviário porque é seguro e cria empregos para minha geração”, acrescentou ela.
Damaris Mutinda trabalha no Centro de Despacho Ferroviário da Ferrovia Mombasa-Nairobi de Bitola Padrão (SGR, na sigla em inglês) da Kenya Railways em Nairóbi, Quênia, em 30 de setembro de 2025. (Xinhua/Yang Guang)
