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Acordo de Gaza trará cessar-fogo permanente e abrangente?

(251008) -- GAZA, Oct. 8, 2025 (Xinhua) -- This photo taken on Sept. 1, 2025 shows tents for displaced Palestinians in Gaza City. As Hamas and Israel are meeting in Egypt over a potential ceasefire the world anxiously awaits, Gaza marked the grim second anniversary of the conflict on Tuesday. Over the past two years, what began as a cross-border attack by Hamas has, under the weight of political brinkmanship and superpower indulgence, snowballed into one of the world's deadliest conflicts in recent memory, adding yet another open wound to a region already scarred by conflicts and grievances. Despite the ongoing peace talks, analysts warn that as long as the core rights of the Palestinian people are sidelined, enduring peace in the Middle East will remain little more than a pipe dream. (Photo by Rizek Abdeljawad/Xinhua)

Gaza – Após dois anos de sofrimento e angústia, o Hamas e Israel chegaram a um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza na quinta-feira, que entrou em vigor na sexta-feira, após a aprovação da resolução pelo governo israelense.

A primeira fase do plano de paz, alcançada após três dias de intensas negociações mediadas por Egito, Catar, Turquia e Estados Unidos, inclui a retirada israelense da Cidade de Gaza, do norte, de Rafah e Khan Younis, a abertura de cinco passagens para a entrada de ajuda humanitária e a libertação de reféns e prisioneiros.

Apesar do avanço, analistas alertaram que o acordo deixou questões-chave sem resposta, incluindo se o Hamas se desarmará e quem governará o enclave.

HAMAS ASSINALA OBSTÁCULO ISRAELENSE

Líderes do Hamas acusaram o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de dificultar a implementação do cessar-fogo.

O líder sênior do Hamas, Abdul Rahman Shadid, disse que o movimento de resistência palestino “respondeu positivamente e com responsabilidade nacional” ao plano de paz, mas disse que Netanyahu “vem criando novos obstáculos, especialmente em relação à questão dos prisioneiros”.

Outro representante do Hamas, Mahmoud Mardawi, disse que Netanyahu estava “tentando minar o acordo alterando as listas de prisioneiros”, acrescentando que essas ações “revelam suas reais intenções em relação às questões pendentes de retirada, reconstrução e reabertura das travessias”.

Como parte do acordo, Israel libertará 1.700 prisioneiros palestinos em troca de 48 reféns em cativeiro em Gaza.

O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, pediu aos mediadores que “pressionem Israel a aderir aos termos acordados”, alertando que qualquer violação “prejudicaria os esforços internacionais e regionais para acabar com a guerra”.

Palestinos se reúnem após anúncio de que Israel e o Hamas concordaram com um acordo de cessar-fogo em Gaza, em frente à sede do comitê egípcio em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, em 9 de outubro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

PERSPECTIVA POSITIVA, MAS CAUTELOSA

O analista político palestino Ghassan al-Khatib disse à Xinhua que o acordo é “um passo positivo que interrompe os combates e limita mais destruição e mortes”, acrescentando que poderia servir como “base para a reconstrução e o alívio do sofrimento dos moradores de Gaza”.

“O acordo surge após uma guerra longa e custosa, o que o torna mais sério do que os entendimentos anteriores”, disse ele, observando que a mediação internacional traz “uma chance maior de sucesso se implementado com cuidado”.

Ele disse que os moradores de Gaza “precisam desesperadamente de estabilidade que permita a restauração dos serviços básicos, incluindo saúde e educação”, o que “não pode ser alcançado sem o total comprometimento de Israel em interromper as operações militares e aliviar as restrições à circulação e ao comércio”.

Al-Khatib acrescentou que o acordo “poderia abrir caminho para a retomada do processo político israelo-palestino” se seguido por medidas concretas, como a reabertura de passagens de nível e a permissão para a entrada de materiais de construção em Gaza, sob a supervisão das Nações Unidas e da Autoridade Palestina.

Israelenses comemoram após anúncio de que Israel e o Hamas concordaram com um acordo de cessar-fogo em Gaza, em Tel Aviv, Israel, em 9 de outubro de 2025. (Xinhua/Chen Junqing)

FATORES QUE AFETAM A PAZ DURADOURA

Observadores disseram que o acordo precisa de prazo claro ou do fim total das hostilidades, semelhante ao cessar-fogo de janeiro, que fracassou após dois meses.

O analista político Esmat Mansour, de Ramala, disse que o mais recente acordo de paz é “uma fase de teste”, refletindo a vontade regional e internacional de encerrar a guerra e iniciar uma nova fase que poderia promover a estabilidade, observando que a participação de todas as principais partes “reduz o risco de uma nova escalada”.

“Ambos os lados agora têm motivos para manter a calma”, disse ele. “Israel busca o retorno de seus prisioneiros, enquanto o Hamas quer interromper a destruição e iniciar a reconstrução”.

O analista político Mustafa Ibrahim, baseado em Gaza, alertou que, apesar do otimismo, os desafios permanecem.

“Há complicações técnicas, incluindo a identificação de listas de prisioneiros e a localização dos corpos de reféns”, observou ele. “A ausência de garantias internacionais vinculativas pode levar a novas ações militares”.

Ibrahim alertou que “Israel pode recorrer a ataques limitados sob o pretexto de manter o controle da segurança”, ameaçando o frágil cessar-fogo.

Ele disse que o “grande teste virá depois da troca de prisioneiros, pois o Hamas perderá uma carta de negociação importante, enquanto a questão de suas armas e governança de Gaza permanece sem solução”.

Ibrahim também questionou se a Autoridade Palestina retornará a Gaza sob acordos justos e se Israel se retirará totalmente.

“A composição do atual governo israelense, que inclui partidos de extrema direita, dificulta a implementação do acordo até o fim”.

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