Abidjan – No norte da Costa do Marfim, uma nova rodovia de duas pistas fervilha de caminhões enquanto mulheres equilibram cestas de mangas e bananas, chamando os motoristas que passam à beira da estrada.
Construída pela China Harbour Engineering Company Ltd. (CHEC), a rodovia de 228 km liga a Costa do Marfim ao Mali e à Guiné, cortando as regiões de Kabadougou e Folon, no distrito de Denguele, em uma rota em formato de Y que alcança ambos os vizinhos. Desde sua abertura ao tráfego em março, a rodovia resolveu o antigo problema de bloqueios sazonais de estradas durante a estação chuvosa.
“Esta rodovia é uma porta de entrada essencial para o Mali e a Guiné acessarem os portos marítimos da Costa do Marfim”, disse Li Yangchun, gerente de projeto da CHEC. “A viagem de Odienne, a capital do distrito, até a fronteira com o Mali foi reduzida de 4,5 horas para 1,5 horas, e de três horas para uma hora para chegar à fronteira com a Guiné. A eficiência do transporte melhorou drasticamente”.
O aumento da eficiência beneficiou diretamente a economia local. O distrito de Denguele é uma das principais áreas de produção de caju, algodão e manga, mas o acesso rodoviário precário dificultava as exportações. Esse gargalo ficou no passado.
“Antes de 2020, era extremamente difícil para os caminhões chegarem aqui”, lembrou o comerciante Yacouba Kone, 48 anos, que comercializa castanhas de caju e cimento.
De seu armazém, ele descreveu como viu as mudanças em primeira mão ao longo de duas décadas de atividade. “Agora os caminhões entram e saem livremente, a logística é tranquila. Ontem mesmo, descarreguei dois caminhões sem problemas”, disse ele.
Para os agricultores locais, a estrada tem um significado ainda mais profundo. “Antigamente não havia estradas adequadas, e o terreno acidentado impedia que os moradores levassem seus produtos para a cidade. Muitos cajus apodreciam nos campos”, disse Aka Kanga, técnico de laboratório do projeto que cresceu em uma vila próxima. “Esta estrada construída por uma empresa chinesa é um projeto transformador para nosso povo”.
“A vida está muito mais fácil agora. Com mais clientes chegando e as mercadorias circulando sem problemas, meu negócio está prosperando”, disse a lojista Adiarra Coulibaly, que administra um supermercado ao longo da rodovia. Apontando para o tráfego em frente à sua porta, ela disse que seus clientes agora vêm de toda a região.
A estrada também está abrindo um corredor dourado pela África Ocidental. O comerciante transfronteiriço Arouna Diarrassouba, 36 anos, viu seu negócio prosperar desde a inauguração da estrada.
“Comercializo roupas, milho e calçados, viajando principalmente para Manankoro, na fronteira com o Mali, às vezes até para a Guiné”, disse ele. “Agora a viagem é mais fácil, o transporte é conveniente e meu negócio melhorou. Viajo duas ou três vezes por semana para fazer negócios”.
O sucesso do projeto também se baseia na estreita integração com as comunidades locais. O CHEC priorizou o emprego local, criando mais de 2.000 empregos durante a construção. Também investiu na transferência de habilidades, treinando engenheiros e técnicos, de acordo com Tian Lei, gerente comercial do projeto.
“Sempre tentamos retribuir onde quer que a estrada chegue: cavando poços, consertando caminhos de vilarejos, doando material escolar”, disse o intérprete do projeto, Shi Tianhu, que supervisiona a gestão da mão de obra local. “Temos orgulho em melhorar a vida das pessoas de forma tangível”.
“Este projeto é excepcional e beneficia o país e a população”, disse Niamien Assassy Caunan, chefe da subprefeitura de Tienko, na região de Folon. “Ele conectou nossas regiões, impulsionou a atividade econômica e melhorou significativamente os padrões de vida. O tráfego aumentou, o comércio está prosperando, novas casas estão sendo construídas e as mudanças são reais e visíveis”.