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Investimento chinês no Brasil cresce 113% em 2024, atingindo US$ 4,8 bilhões

Engenheiros fazem trabalhos de manutenção em uma usina solar flutuante no distrito de Panji, na cidade de Huainan, Província de Anhui, no leste da China, em 20 de julho de 2021. (Xinhua/Zhou Mu)

Rio de Janeiro – Os investimentos chineses no Brasil tiveram uma forte recuperação em 2024, aumentando 113% em relação ao ano anterior, para chegar a US$ 4,8 bilhões, de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

O estudo destaca que o Brasil se consolidou como o principal destino do capital chinês entre as economias emergentes, além de ocupar o terceiro lugar globalmente em recebimento de investimentos produtivos da China.

A reorientação da política externa brasileira a partir de 2023, marcada pela reinserção do país em fóruns multilaterais e maior cooperação com parceiros estratégicos, é identificada como um fator-chave para a reativação dos fluxos de capital. Nesse contexto, os projetos de infraestrutura ganharam maior importância durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que se refletiu no perfil dos investimentos chineses.

Segundo o relatório, o setor elétrico foi o principal destinatário de investimentos em 2024, com uma participação de 34% do total, equivalente a US$ 1,43 bilhão (aproximadamente 8,079 bilhões de reais a uma taxa de câmbio de 5,65 por dólar). Esse valor representou um crescimento de 115% em relação ao ano anterior, marcando a maior expansão relativa nessa área desde 2019.

Em segundo lugar, o setor de petróleo absorveu 25% dos recursos, com quase US$ 1 bilhão (US$ 5,65 bilhões de reais), um dos maiores valores da última década. Esses dados, destaca o CEBC, mostram que, embora a transição energética esteja avançando com forte participação de empresas chinesas em projetos de energia renovável, ainda há um interesse marcante em iniciativas ligadas a combustíveis fósseis. O setor automotivo ficou em terceiro lugar, com 14% dos investimentos, seguido por mineração (13%), transporte terrestre (12%) e fabricação de equipamentos elétricos (2%).

Outro aspecto destacado no relatório é a redistribuição geográfica dos investimentos, que começam a se diversificar para além da concentração histórica na região Sudeste do Brasil. Novos polos de atração surgiram em outras partes do país, favorecendo a descentralização de projetos e impulsionando a integração regional.

Entre 2015 e 2019, o capital chinês no Brasil foi direcionado principalmente para projetos de menor porte, concentrados em setores como tecnologia da informação, manufatura e iniciativas de energia renovável. Isso ocorreu após uma redução de projetos de grande porte nos setores de energia elétrica e petróleo. A retomada de projetos de infraestrutura a partir de 2023 mudou esse panorama, retornando os holofotes para projetos de grande porte.

O CEBC destacou que o desempenho do Brasil contrasta com a tendência global dos fluxos de capital chinês. Enquanto nos Estados Unidos, os investimentos da China caíram 11% em 2024, no Brasil eles dobraram, superando em muito o ritmo de outras regiões.

Na União Europeia e no Reino Unido, os investimentos chineses cresceram 47%, e na Austrália, 41%, embora em ambos os casos os números permaneçam inferiores aos registrados em anos anteriores. Na América Latina e no Caribe, excluindo o Brasil, os investimentos chineses caíram 8,4%.

Assim, o Brasil consolidou sua posição como parceiro prioritário da China no cenário internacional, com projetos de alto impacto em energia, logística e infraestrutura industrial.

O crescimento dos investimentos chineses no Brasil em 2024 superou em muito o desempenho geral do investimento estrangeiro direto (IED) no país. Segundo dados do Banco Central do Brasil, o total de IED recebido foi de US$ 71 bilhões (401,15 bilhões de reais), representando um aumento de 13,8% em relação a 2023.

Em contrapartida, os fluxos de capital chinês cresceram mais de oito vezes essa média, confirmando o dinamismo da relação bilateral e o interesse das empresas chinesas em expandir sua presença na maior economia da América Latina.

O CEBC, criado em 2004, reúne líderes empresariais e de diversos setores públicos e privados e tem como missão promover o fortalecimento dos laços entre Brasil e China. Seu relatório mais recente reforça a percepção de que o relacionamento entre os dois países vive um novo ciclo, marcado pela expansão de projetos estratégicos e pela diversificação das áreas de cooperação.

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