Moscou/Kiev – O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse no sábado que novos desenvolvimentos em relação às garantias de segurança para o país estariam prontos “nos próximos dias”.
As medidas de segurança surgiram como parte dos renovados esforços diplomáticos para encerrar a crise na Ucrânia e foram um tópico fundamental durante as conversas na Casa Branca, em 18 de agosto, entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e Zelensky, juntamente com sete líderes europeus.
QUEM FORNECERIA AS GARANTIAS?
“No momento, as equipes da Ucrânia, dos Estados Unidos e dos parceiros europeus” estão trabalhando na arquitetura das garantias de segurança, disse Zelensky na rede social X.
Em uma coletiva de imprensa com Zelensky na sexta-feira, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, disse que, durante o encontro com Trump, o presidente dos EUA deixou claro que Washington estará envolvido no fornecimento de garantias de segurança para a Ucrânia.
“Garantias de segurança robustas serão essenciais, e é isso que estamos trabalhando para definir agora”, acrescentou Rutte.
Apesar de uma clara indicação do envolvimento dos EUA por parte de Rutte, o veículo de notícias americano Politico noticiou na quarta-feira que Washington planeja desempenhar um papel mínimo em quaisquer garantias de segurança para a Ucrânia, citando a subsecretária de Políticas do Departamento de Defesa dos EUA, Elbridge Colby.
O QUE ELAS INCLUIRIAM?
Na sexta-feira, Rutte visitou a Ucrânia para apresentar a estrutura das garantias de segurança a Zelensky.
Zelensky pediu “garantias semelhantes às do Artigo 5”, parecidas com a cláusula de defesa do tratado fundador da OTAN. O artigo especifica que um ataque a um membro da OTAN é um ataque a todos os outros e exige uma resposta coletiva.
Ele também buscou uma arquitetura que especificasse “quais países nos auxiliam em terra, quais são responsáveis pela segurança de nossos céus, quais garantem a segurança no mar e apoiam a Ucrânia”.
O financiamento para o exército ucraniano, a fim de reforçar a defesa do país, também deve ser incluído, acrescentou o presidente.
Com as discussões “em andamento em vários níveis”, Rutte disse que é “muito cedo para definir qual será o resultado”. Mas ele afirmou que as garantias devem ser “mantidas”, ao contrário dos acordos anteriores.
Rutte destacou que as garantias se baseariam em dois níveis. O primeiro seria tornar as Forças Armadas Ucranianas “o mais forte possível” para defender a Ucrânia após um acordo de paz ou um cessar-fogo de longo prazo, enquanto o segundo nível “deve ser as garantias de segurança fornecidas pela Europa e pelos Estados Unidos”.
Mesmo antes dos renovados esforços diplomáticos para encerrar o conflito, alguns países europeus já haviam cogitado a ideia de enviar “forças de paz” para a Ucrânia como parte de um pacto de segurança.
Durante sua visita a Kiev no domingo, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, afirmou que o Canadá, membro da OTAN, não exclui a possibilidade de enviar tropas à Ucrânia como parte das garantias de segurança.
Trump descartou o envio de tropas americanas à Ucrânia durante uma entrevista ao canal americano de notícias Fox News na terça-feira, mas sugeriu estar aberto a fornecer apoio aéreo ao país.
Em entrevista à rede de televisão americana NBC divulgada no domingo, o vice-presidente americano, J.D. Vance, confirmou que o governo americano não enviará tropas à Ucrânia, mas, ao mesmo tempo, “continuará desempenhando um papel ativo na tentativa de garantir que os ucranianos tenham as garantias de segurança e a confiança necessárias para interromper a guerra por conta própria”.
POSIÇÃO DA RÚSSIA
Após suas conversas com Trump em 15 de agosto no estado americano do Alasca, o presidente russo, Vladimir Putin, disse concordar com Trump que a segurança da Ucrânia deve ser garantida por todos os meios.
“É claro que estamos prontos para trabalhar nisso”, disse Putin, segundo o Kremlin.
A Rússia tem afirmado repetidamente que se opõe a quaisquer forças da OTAN na Ucrânia e defende os princípios de “segurança coletiva e indivisível”, uma expressão no jargão político russo geralmente entendida como significando que a segurança de um Estado não pode ser alcançada às custas da de outro.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou em entrevista à NBC divulgada no domingo que as garantias de segurança da Ucrânia “devem ser submetidas a consenso”. Mais cedo na quarta-feira, ele afirmou que discutir garantias de segurança para a Ucrânia sem o envolvimento da Rússia é “um caminho para lugar nenhum”.
Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores afirmou que o Ocidente está propondo o fornecimento de garantias de segurança por meio de intervenção militar estrangeira em alguma parte da Ucrânia, o que será “absolutamente inaceitável” para a Rússia.
