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Observatório Econômico: Tarifas começam a pesar com aumento dos preços aos consumidores nos EUA

(250812) -- NEW YORK, Aug. 12, 2025 (Xinhua) -- People shop at a retail store in New York, the United States, on Aug. 12, 2025. The U.S. Consumer Price Index (CPI) increased 0.2 percent in July and 2.7 percent year-on-year, the U.S. Bureau of Labor Statistics (BLS) reported Tuesday. (Photo by Michael Nagle/Xinhua)

Washington — A política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, elevou os impostos sobre produtos estrangeiros aos níveis mais altos em nove décadas, impondo custos mais pesados às famílias e empresas americanas.

Os novos impostos alfandegários, que entraram em vigor no início de agosto, agora estão valendo para quase todos os parceiros comerciais dos EUA. Pesquisadores da Universidade de Yale estimam que a alíquota média do imposto sobre importações saltou de pouco mais de 2% em janeiro para mais de 18% atualmente, a maior desde a década de 1930.

AUMENTO NOS PREÇOS

Embora os impostos sejam cobrados dos importadores, economistas afirmam que grande parte do custo final será paga pelos consumidores por meio de preços mais altos. Algumas categorias podem sofrer aumentos muito acentuados.

Modelos econômicos do Laboratório de Orçamento de Yale sugerem que os preços de varejo de calçados podem subir cerca de 40% e de vestuário, 37%, quando o impacto total passar pelas cadeias de suprimentos. Produtos de consumo e uso diários, como frutas, eletrodomésticos e automóveis, também devem aumentar, com carros novos potencialmente custando milhares a mais.

Foto tirada em 12 de agosto de 2025 mostra carne bovina em um supermercado em Nova York, Estados Unidos. (Foto por Michael Nagle/Xinhua)

Pequenas empresas em todo o Centro-Oeste já estão enfrentando uma forte inflação de custos. Em St. Louis, Missouri, por exemplo, os varejistas relatam aumentos de preços de fornecedores de até 30%, abrangendo tudo, desde bicicletas e produtos de beleza a jogos de tabuleiro, segundo uma pesquisa do jornal inglês Financial Times.

Exemplos de destaque incluem máquinas de lavar e adegas frigoríficas, cujos preços subiram até 35%. Nem os produtos nacionais foram poupados, já que os fabricantes repassam os altos custos com insumos, incluindo aço e alumínio importados.

Um empresário, Mike Weiss, que administra uma rede de lojas de bicicletas na cidade, exemplifica a luta. “Normalmente, reajustamos os preços das coisas anualmente, não diariamente”, disse Weiss ao jornal. “As metas continuam mudando”.

Em Florissant, um subúrbio de St. Louis, a coproprietária de uma loja de cosméticos, Trinita Rhodes, disse que suas prateleiras contam a história de como as tarifas remodelaram os preços. Desde que os Estados Unidos impuseram tarifas adicionais sobre as importações chinesas em abril, disse ela, muitos itens tiveram um aumento acentuado nos preços no varejo e não caíram, mesmo depois que Washington anunciou uma trégua de 90 dias com Beijing.

CUSTOS TRANSFERIDOS PARA OS CONSUMIDORES

As empresas já aguentaram grande parte do impacto das tarifas. O Goldman Sachs estima que, até junho, as empresas absorveram cerca de 64% dos custos extras, com os consumidores cobrindo cerca de 22% e os exportadores estrangeiros, 14%. Mas o banco espera que a participação do consumidor suba para 67% até outubro. Os fabricantes nacionais, enfrentando menos concorrência das importações, também podem aumentar seus preços.

O banco projeta que, se as tarifas permanecerem em vigor, o indicador de inflação preferido do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), o índice de preços de despesas de consumo pessoal, terminará o ano em torno de 3,2%, em comparação com 2,4% sem as tarifas. A leitura de julho do núcleo da inflação ao consumidor já estava em 3,1%.

Analistas afirmam que a alíquota média geral das tarifas, agora de 18,6%, rivaliza com a imposta pela Lei Tarifária Smoot-Hawley, da época da Depressão. Os custos mais altos estão se refletindo não apenas em produtos acabados, mas também em insumos industriais como aço e alumínio, que alimentam a produção e a construção nos EUA.

Por enquanto, a queda dos preços da energia e os estoques acumulados antes das tarifas estão ajudando a manter a inflação geral sob controle. Mas, à medida que os estoques acabam e os contratos de importação são renovados a taxas mais altas, economistas alertam que a pressão de alta sobre os preços se intensificará. Quanto mais tempo as tarifas durarem, maior será o risco de elas pesarem sobre os gastos do consumidor e desacelerarem o crescimento econômico.

Isso coloca o Fed em uma situação difícil. A agência frequentemente recebe pedidos da Casa Branca para reduzir as taxas de juros a fim de sustentar um mercado de trabalho em crise, mesmo com a inflação impulsionada pelas tarifas permanecendo acima da meta de 2%. Para proprietários de pequenas empresas como Weiss, o debate político está longe da realidade cotidiana: arcar com os custos mais altos ou repassá-los aos clientes, apesar de ambas as escolhas terem seu preço.

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