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Cooperação ASEAN-China-CCG injetará segurança na economia global

Kuala Lumpur – A cooperação entre a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a China e os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) vai gerar um imenso potencial para a cooperação multilateral em todos os setores e injetará estabilidade na economia mundial, afirmaram analistas antes da cúpula conjunta inaugural das três partes.

Na Cúpula ASEAN-China-CCG, que será realizada na capital malaia na próxima semana, espera-se que as três partes fortaleçam a cooperação prática em diversas áreas, como comércio, investimento e cadeia de suprimentos, criando oportunidades em energia limpa e renovável, economia digital, veículos elétricos, mercados financeiros e desenvolvimento de infraestrutura, entre outras áreas.

O encontro trilateral dos líderes de 17 países também marca um passo inovador na cooperação inter-regional Sul-Sul entre economias complementares para superar as interrupções comerciais causadas pelas tarifas dos EUA.

Foto aérea de drone tirada no dia 20 de maio de 2025 mostra trem-unidade elétrico de alta velocidade (EMU, na sigla em inglês) saindo da Estação Tegalluar da Ferrovia de Alta Velocidade Jacarta-Bandung (HSR) em Bandung, Indonésia. (Xinhua/Xu Qin)

“TRIÂNGULO DOURADO”

A ASEAN, um grupo de 10 países do Sudeste Asiático, sendo Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã é a quinta maior economia, depois dos Estados Unidos, da China, da UE e do Japão.

Com uma população grande e jovem impulsionando a transformação digital, recursos naturais abundantes e uma força de trabalho qualificada, a ASEAN se posicionou como importante motor da cadeia de suprimentos global e do desenvolvimento industrial.

As economias do CCG, incluindo Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU), devem dobrar sua taxa de crescimento econômico de 2,1% em 2024 para 4,2% em 2025, afirmou o First Abu Dhabi Bank, o maior banco dos Emirados Árabes Unidos, em um relatório divulgado em fevereiro.

De acordo com o relatório, a resiliência econômica do CCG será sustentada por investimentos estratégicos, diversificação e expansão robusta no setor não petrolífero, conforme o Oriente Médio passa de um grande exportador de petróleo a um polo global de energia verde.

Julia Roknifard, professora sênior da Universidade Taylor, na Malásia, afirmou que a China é uma âncora para a cooperação ASEAN-CCG.

“A China já teve um efeito transformador na ASEAN e no Oriente Médio em geral, incluindo os países do CCG, por meio de suas diversas iniciativas de infraestrutura, comércio e desenvolvimento, principalmente por meio da Iniciativa Cinturão e Rota, orientada pela Iniciativa de Desenvolvimento Global”, afirmou ela.

“Mas a relação é mais forte do que isso, já que a China está cada vez mais engajada no compartilhamento de tecnologia e na industrialização compartilhada, além do turismo, do intercâmbio cultural e de relacionamentos interpessoais de longa data”, acrescentou Roknifard.

O especialista chamou a plataforma de cooperação trilateral de “Triângulo Dourado” de recursos, manufatura e consumidores, que continuará impulsionando a economia global, apesar das graves interrupções comerciais devido à recente política tarifária dos EUA.

Clientes fazem compras em loja Walmart no Condado de Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos, no dia 20 de maio de 2025. (Foto por Qiu Chen/Xinhua)

PROTEGENDO O COMÉRCIO GLOBAL

O evento trilateral ocorre em meio a uma maior incerteza na economia mundial.

Em seu Relatório Perspectivas Econômicas Mundiais (WEO, na sigla em inglês) de abril, o FMI rebaixou sua previsão de crescimento global para 2025 para 2,8%, uma queda expressiva de 0,5 ponto percentual em relação à estimativa de janeiro.

“Desde a divulgação da Atualização do WEO de janeiro, várias novas medidas tarifárias pelos Estados Unidos e contramedidas por parceiros comerciais foram anunciadas e implementadas”, afirmou o relatório, classificando as tarifas recíprocas americanas como “quase universais” e “não vistas há um século”.

“A imposição sem precedentes de tarifas pelos EUA interromperá os fluxos regionais e globais de comércio e investimento, além das cadeias de suprimentos, afetando empresas e consumidores em todo o mundo, incluindo os dos EUA”, disseram os ministros da economia da ASEAN em um comunicado conjunto emitido após uma reunião virtual especial realizada em 10 de abril.

As tarifas americanas também estão colocando em risco 22 bilhões de dólares americanos em exportações não petrolíferas das economias do CCG, de acordo com um recente relatório de política da Comissão Económica e Social para a Ásia Ocidental.

A agência da ONU afirmou que o Bahrein está em dificuldades devido à sua forte dependência das exportações de alumínio e produtos químicos para o mercado americano, enquanto os Emirados Árabes Unidos podem sofrer interrupções em cerca de 10 bilhões de dólares em reexportações com destino aos EUA, resultado das tarifas americanas sobre produtos originalmente produzidos em países terceiros.

Diante de interrupções comerciais, a China, a ASEAN e os membros do CCG, como parte do Sul Global, podem catalisar juntos mais cooperação entre outros países do Sul Global, inspirando iniciativas semelhantes, afirmou Bunn Nagara, diretor e membro sênior do Grupo de Trabalho da Iniciativa Cinturão e Rota para a Ásia-Pacífico (BRICAP, na sigla em inglês), um think tank não governamental independente com sede em Kuala Lumpur.

“Nosso sucesso na cooperação também é um sucesso para o Sul Global”, disse o especialista. “Países da África e da América Latina compartilham nossas aspirações”.

“Parte dos nossos interesses está na proteção do comércio global, do qual dependem nossos respectivos programas nacionais de desenvolvimento. Isso também beneficiará outros países e regiões ao redor do mundo”, acrescentou ele.

Público participa de evento de intercâmbio cultural realizado no Palácio Cultural, no Bairro Diplomático de Riad, Arábia Saudita, no dia 13 de maio de 2025. A província chinesa de Yunnan inaugurou uma exposição cultural na capital saudita, Riad. (Departamento de Comunicação da Província de Yunnan/Divulgação via Xinhua)

BASES SÓLIDAS

A cooperação entre a China, a ASEAN e os países do CCG vem gerando resultados frutíferos nos últimos anos.

Em outubro de 2023, a primeira cúpula ASEAN-CCG foi realizada na capital saudita, Riad, um marco significativo nas relações entre as duas organizações regionais, que se uniram em 1990.

O Quadro de Cooperação ASEAN-CCG (2024 a 2028) foi apresentado na conclusão da cúpula, destacando medidas e atividades de cooperação em setores como segurança, comércio e investimento, intercâmbios culturais e turismo.

Em dezembro de 2022, a primeira cúpula China-CCG foi realizada em Riad. A China prometeu trabalhar com os países do CCG para priorizar a cooperação em energia, finanças e investimentos, inovação, ciência e tecnologia, aeroespacial, além das áreas linguística e cultural.

A China e os países do CCG são parceiros naturais de cooperação com fortes complementaridades econômicas, afirmaram os líderes chineses, visto que a China possui um vasto mercado consumidor e um sistema industrial completo, enquanto o CCG, com ricos recursos energéticos, está adotando um desenvolvimento econômico diversificado.

Enquanto isso, a China e os países da ASEAN concluíram totalmente as negociações sobre a Versão 3.0 da Área de Livre Comércio China-ASEAN (CAFTA) e se esforçarão para assinar formalmente o protocolo de atualização do CAFTA 3.0 antes do final deste ano, disseram os ministros da economia e do comércio da China e da ASEAN em uma reunião on-line especial na terça-feira.

“Na última década, os laços econômicos entre a ASEAN e a China se fortaleceram significativamente, impulsionados pela participação compartilhada em redes regionais de produção e pelo rápido crescimento econômico de ambos os lados”, disse à Xinhua, Abdul Mui’zz Morhalim, economista-chefe do MIDF Amanah Investment Bank.

Espera-se que a próxima cúpula ASEAN-China-CCG estabeleça um importante mecanismo para a cooperação trilateral em todos os níveis.

Os três lados poderão sinergizar suas políticas econômicas e industriais e têm o potencial de aprimorar sua cooperação em diversas áreas, incluindo energia limpa e economia digital, segundo analistas.

Marcelo Oliveira de A. Maranhao

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