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A América Latina se esforça para ter estabilidade e crescimento à medida que a cooperação China-ALC é fortalecida

Cidade do México – A primeira presidente mulher do México à volatilidade política na Bolívia e ao rompimento dos laços do México com o Equador, a América Latina passou por desafios, progresso e mudanças em 2024.

Em meio à turbulência global e à intervenção externa, a região aproveitou momentos como a Reunião de Líderes Econômicos da APEC no Peru e a Cúpula do G20 no Brasil para abraçar o Sul Global. Ela tem trabalhado com a China para fortalecer a cooperação e amplificar a voz coletiva do Sul Global na governança global.

CENÁRIO POLÍTICO: ESQUERDA E DIREITA EM COMPETIÇÃO ACIRRADA

No ano passado, o cenário político da América Latina continuou extremamente estável, mas a disputa entre esquerda e direita da região persistiu, influenciando a governança e a cooperação regional. O ano de 2024 teve divisões ideológicas intensificadas na região.

Seis nações, sendo El Salvador, Panamá, República Dominicana, México, Venezuela e Uruguai, tiveram eleições. Os partidos governantes venceram em quatro países, enquanto Panamá e Uruguai viram mudanças de poder. México e Venezuela continuaram sob governo de esquerda, enquanto governos de direita mantiveram o poder em El Salvador e na República Dominicana.

Nações proeminentes como México e Brasil mantiveram o domínio esquerdista, enquanto Argentina e Equador viram um ressurgimento da influência de direita.

Essa divisão ideológica gerou atrito entre as nações. O presidente argentino, Javier Milei, um direitista vocal, frequentemente criticava líderes esquerdistas do México, do Brasil e da Colômbia.

As disputas sobre as eleições presidenciais aumentaram as divisões, levando o presidente uruguaio Luis Alberto Lacalle Pou a alertar que um “clube ideológico de amigos” poderia prejudicar a cooperação regional.

RESILIÊNCIA ECONÔMICA EM MEIO A DESAFIOS

Apesar das incertezas econômicas globais, a América Latina mostrou resiliência em 2024, embora os desafios de recuperação pós-pandemia persistiram, como o crescimento lento e a alta taxa de desemprego.

De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, a economia da região deverá ter crescido 1,8% em 2024. Questões estruturais, incluindo baixo investimento, produtividade estagnada e expansão limitada do mercado de trabalho, continuam sendo obstáculos ao crescimento sustentável .

O Brasil, sob gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, focou em iniciativas de economia verde e investimento industrial, alcançando recuperação gradual apesar da demanda enfraquecida global. O México se beneficiou das tendências da prática de negócios de nearshoring e de um setor manufatureiro em expansão, embora a alta inflação e as preocupações com a segurança tenham impostos restrições.

Na Argentina, uma “terapia de choque” impulsionada pela austeridade do presidente Milei impediu os subsídios de energia e transporte, desencadeando altos preços e custos de vida, mas alcançando um raro superávit fiscal e estabilizando as reservas estrangeiras. No entanto, o país viveu uma onda de protestos e tumultos, reflectindo as realidades duplas de otimismo de mercado e descontentamento público.

INTERFERÊNCIA EXTERNA E TURBULÊNCIA INTERNA

As políticas dos EUA, incluindo avaliações e medidas de imigração enraizadas no “América Primeiro”, reforçaram a desestabilização de partes da América Latina. Antes de assumir a carga, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ameaçou tarifas de 25% sobre produtos do México.

Em outubro, a Assembleia Geral da ONU aprovou por maioria esmagadora uma resolução insta os Estados Unidos a suspenderem seu embargo a Cuba. O ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodriguez Parrilla, denunciou o embargo, dizendo que as perdas econômicas acumuladas ultrapassaram 164 bilhões de dólares americanos.

O ex-ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Fernando Huanacuni, criticou a interferência dos EUA por trazer sofrimento e turbulência à região.

Internamente, o Equador cometeu violência desenfreada de gangues, secas severas e crises de energia, levando ao racionamento nacional de eletricidade. A Bolívia, enquanto isso, sofreu uma tentativa de golpe em junho, quando forças militares invadiram o palácio presidencial. O Haiti continua envolto em violência, com gangues armadas controlando regiões-chave e ataques em dezembro no Porto Príncipe deixando mais de 100 mortos.

Jornalistas trabalham no Centro Internacional de Mídia para a 19ª edição da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Brasil, no dia 18 de novembro de 2024. (Xinhua/Wang Tiancong)

FORTALECENDO AS RELAÇÕES CHINA-ALC

O ano de 2024 foi de compromisso mútuo entre a China e a América Latina, destacando compromissos diplomáticos de alto nível que fortaleceram a cooperação.

Em novembro, o presidente chinês Xi Jinping visitou a América Latina pela primeira vez desde o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, reforçando o compromisso do país com a região. Líderes de países como Antígua e Barbuda, República Dominicana, Suriname e Peru também visitaram a China, inaugurando uma era de cooperação mútua.

Os principais marcos incluíram o fortalecimento das parcerias China-Peru e China-Brasil.

Xi e a presidente peruana, Dina Boluarte, presenciaram a assinatura de acordos sob a Iniciativa Cinturão e Rota e de um protocolo sobre a melhoria do acordo bilateral de livre comércio.

Durante a visita de estado de Xi ao Brasil, os dois países elevaram seus laços bilaterais a uma comunidade com futuro compartilhado para um mundo mais justo e um planeta mais sustentável, além de discutirem mais de 30 acordos de cooperação.

Durante sua viagem à América Latina, Xi também se encontrou com líderes do México, do Chile, da Bolívia e da Argentina, enfatizando a prontidão da China em alinhar estratégias de desenvolvimento e enriquecer ainda mais a comunidade China-ALC (América Latina e Caribe) com futuro compartilhado.

Participantes comparecem ao Fórum Global South Media e Think Tank em São Paulo, Brasil, no dia 11 de novembro de 2024. (Xinhua/Wang Tiancong)

INFLUÊNCIA CRESCENTE DO SUL GLOBAL

Em sua mensagem de felicitações ao Fórum Global South Media e Think Tank realizada em novembro em São Paulo, Brasil, Xi explicou que, atualmente, o Sul Global está crescendo com forte impulso e desempenhando um papel cada vez mais importante na causa do progresso humano.

Na Cúpula do G20, a China apoiou a iniciativa do Brasil de formar a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e lançou conjuntamente uma Iniciativa sobre Cooperação Internacional em Ciência Aberta com o Brasil, a África do Sul e a União Africana.

Conforme o “superciclo eleitoral” da região continua, as próximas eleições no Equador, no Suriname, na Bolívia, em Honduras e no Chile deverão sustentar a luta entre esquerda e direita.

A América Latina, frequentemente descrita como “muito longe do céu, muito perto dos Estados Unidos”, continuará fortemente impactada pelas políticas da nova administração dos EUA. No entanto, a busca da região pela independência e os apelos pela justiça continuam ganhando força.

Com o 10º aniversário do Fórum China-CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) chegando, as relações China-ALC continuarão prosperando, trazendo benefícios para ambos os lados e contribuindo para o desenvolvimento global.

Agência Xinhua

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