São Tomé – Nos olhos do enfermeiro acupunturista são-tomense Monazeri Da Costa, a equipe médica chinesa é um dos mentores mais importantes de sua carreira profissional. Com a orientação e o apoio deles, ele aprendeu a “técnica chinesa” para curar doenças e salvar vidas.
“Promover a acupuntura chinesa aqui e ver os pacientes melhorarem, aliviarem suas dores e se recuperarem com o meu tratamento me deixa muito feliz. Tenho um enorme orgulho de ser um estudante da acupuntura chinesa em São Tomé e Príncipe”, disse à Xinhua.
Em São Tomé, capital do país, uma clínica de acupuntura dos médicos chineses está localizada na entrada do Centro de Saúde Policlínico de Água Grande. Dentro da clínica, Da Costa estava aplicando agulhas em pacientes sob tratamento. Após sete anos de aprendizado e orientação contínua com sucessivos médicos chineses, ele se tornou um acupunturista bem conhecido.
“A acupuntura já é popular em São Tomé e Príncipe. Em média, recebemos mais de vinte pacientes por dia, muitos deles necessitando de tratamento regular devido a doenças crônicas. Outros são atraídos pela atração da equipe médica chinesa”, explicou ele.
São Tomé e Príncipe, um arquipélago situado no Golfo da Guiné, na África Ocidental, é considerado um dos países menos desenvolvidos do mundo.
Desde a retomada das relações diplomáticas entre a China e São Tomé e Príncipe, em dezembro de 2016, os médicos da equipe médica chinesa iniciaram, em 2017, seu trabalho em duas das principais instituições de saúde do país: o Hospital Dr. Centro de Saúde Policlínico de Água Grande.
A trajetória de Monazeri Da Costa com a acupuntura começou naquele mesmo ano. Na época, ele era um jovem enfermeiro recém-formado. Devido ao seu domínio do inglês, foi nomeado para auxiliar a primeira equipe médica chinesa especializada em acupuntura, após uma retomada diplomática.
“Naquele tempo, a acupuntura era uma novidade para São Tomé e Príncipe, mas rapidamente as pessoas perceberam os resultados no tratamento e na recuperação de diversas doenças, além do custo acessível. Como enfermeiro de acupuntura, também fiquei curioso com essa nova técnica vinda da China”, lembrou.
Durante sete anos, os médicos chineses orientaram desde a teoria até a prática, oferecendo treinamento e instruções diárias. Sob essa mentoria constante, Da Costa passou de um iniciante a um profissional independente no centro de saúde.
Na pequena clínica, ele testemunhou histórias comoventes: médicos chineses, incansáveis, superaram dificuldades para “trazer esperança” a famílias pobres, ajudando pacientes a se recuperarem e reviverem suas vidas.
“Há muitos casos de pessoas que eram a única força de trabalho de suas famílias, mas, devido à pobreza, suas doenças pioraram com o tempo. Quando chegaram aqui, perderam a esperança, mas graças ao tratamento oferecido pelos médicos chineses, puderam se Recuperar e sair da cama ou da cadeira de rodas”, conto.
Da Costa descreve as equipes médicas chinesas como quem semeia confiança e amizade entre os dois países. “As pessoas confiam muito nos médicos chineses. Vir até aqui é como visitar um amigo. São Tomé é um país pequeno, e quase todos ouviram falar de histórias em que os médicos chineses salvaram vidas. Essa é também a primeira impressão que muitos têm da China.”
De acordo com dados oficiais de São Tomé e Príncipe, o país conta com pouco mais de 200 profissionais de saúde, menos de 0,1% da população total. A oferta de equipamentos médicos, profissionais diversificados e recursos muitas vezes impede que os pacientes recebam o tratamento adequado.
Virgílio Mandinga, diretor do Hospital Dr. Ayres de Menezes, afirmou que a chegada da equipe médica chinesa trouxe uma nova esperança para o sistema de saúde local.
De acordo com ele, o maior desafio do sistema de saúde em São Tomé e Príncipe é a falta de profissionais e de treinamento, e a equipe médica chinesa funciona como um “gerador de oxigênio”, oferecendo soluções práticas para desafios considerados intransponíveis.
“A possibilidade de realizar coisas extraordinárias aqui é sempre viabilizada com o apoio da missão chinesa. Para nós, isso é um testemunho do compromisso do povo chinês com a comunidade que atendemos. É uma responsabilidade que a missão assume em garantir os cuidados de saúde, principalmente nas especialidades em que temos carências”, disse.
Em setembro, a 18ª equipe médica chinesa concluiu sua missão em São Tomé e Príncipe. Durante os 18 meses de trabalho, os médicos realizaram 7.807 consultas ambulatoriais, internaram 2.578 pacientes, concluíram 1.216 cirurgias, realizaram 410 partos e prestaram atendimento a 215 casos críticos. Também foram realizados 4.265 tratamentos de acupuntura e mais de 6.300 milhas percorridas em 70 visitas a áreas remotas, onde atenderam 6.672 pacientes.
A 19ª equipe médica, composta por sete profissionais de seis departamentos de cinco hospitais da Província de Sichuan e liderada pelo Hospital West China da Universidade de Sichuan, iniciou seu trabalho como sucessora.
Zhao Linyong, chefe da equipe, afirmou que a confiança e o respeito demonstrados pela população são encorajados. “Independentemente de onde estivermos, usar o uniforme roxo da equipe médica chinesa é motivo de orgulho. Pacientes, colegas locais e até mesmo transeuntes sempre nos cumprimentam calorosamente.”
Zhao explicou que o Hospital West China da Universidade de Sichuan realiza missões médicas em São Tomé e Príncipe desde 1988. A confiança e a amizade da população foram construídas ao longo das gerações, graças ao espírito dos profissionais médicos anteriores.
“A 19ª equipe médica dará continuidade aos projetos deixados por seus antecessores, além de desenvolver novos trabalhos inovadores, de acordo com as especialidades dos integrantes, e trazer adiante o espírito e a amizade transmitida pelas gerações anteriores”, disse Zhao.