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China e Brasil Rumo ao Futuro:Aprofundando a Cooperação para Impulsionar o Crescimento Econômico Global

Por William Jia Lan

Institute of International and Regional Studies, Sun Yat-Sen
University

Em 20 de novembro de 2024, o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente do
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizaram uma importante reunião no Palácio do
Planalto, em Brasília. Durante o encontro, os dois líderes assinaram e divulgaram a
Declaração Conjunta sobre a Construção de uma Comunidade de Destino
China-Brasil para um Mundo Mais Justo e um Planeta Mais Sustentável. Este ano
marca o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois
países. O Brasil, que foi o primeiro país a estabelecer uma parceria estratégica com a
China e também o primeiro a firmar uma parceria estratégica abrangente na
América Latina, continua sendo o maior parceiro comercial da China na região. Nos
últimos 15 anos, a China tem sido o principal parceiro comercial do Brasil e o maior
destino de exportação do país. Ao longo de meio século de relações bilaterais, a
cooperação entre China e Brasil tem alcançado resultados impressionantes,
especialmente nas áreas de economia, investimentos, educação, cultura e inovação
tecnológica.

  1. Cooperação Tradicional e no Setor de Alta Tecnologia
    A cooperação entre China e Brasil não se limita ao comércio de recursos e produtos
    tradicionais, mas também se expandiu significativamente para o campo da alta
    tecnologia. Nos setores de economia digital, inovação tecnológica, comunicação,
    aeroespacial e outras áreas de tecnologia de ponta, ambos os países possuem
    vantagens complementares. No campo da economia digital, a China tem uma grande
    experiência em e-commerce, big data, inteligência artificial, entre outros, que pode
    servir de modelo para o Brasil acelerar o desenvolvimento de sua própria economia
    digital e melhorar sua infraestrutura de TI. O setor de e-commerce e as tecnologias
    de análise de dados podem ajudar as empresas brasileiras a melhorar a eficiência e
    otimizar suas cadeias de suprimento, além de promover a digitalização de pequenas
    e médias empresas no Brasil.
    Em termos de inovação tecnológica, o projeto conjunto de satélite de recursos da
    Terra entre os dois países tem sido um exemplo de sucesso. Esse projeto tem
    impulsionado a cooperação em áreas como tecnologia de sensoriamento remoto,
    lançamento de satélites e exploração espacial. No futuro, as duas nações podem
    intensificar a colaboração em áreas como energias renováveis, biotecnologia e
    manufatura inteligente, enfrentando juntos os desafios globais, como mudanças
    climáticas e saúde pública. Por exemplo, a China pode contribuir com suas
    tecnologias avançadas em energia solar e veículos elétricos, ajudando o Brasil na
    transformação de sua matriz energética e no avanço de sua economia verde.
  2. Investimentos Contínuos e Crescentes
    Nos últimos anos, o investimento bilateral entre China e Brasil tem se aprofundado e
    diversificado, cobrindo áreas como energia, infraestrutura e agricultura. A China é
    agora uma das principais fontes de investimento estrangeiro no Brasil, com
    investimentos acumulados próximos a 100 bilhões de dólares. As empresas chinesas
    têm desempenhado um papel importante no desenvolvimento da infraestrutura
    brasileira e na geração de empregos no país. Por exemplo, a State Grid Corporation
    of China, por meio de sua filial no Brasil, tem liderado projetos de transmissão de
    energia que melhoraram significativamente a eficiência e estabilidade do sistema
    elétrico brasileiro. O grupo XCMG também possui fábricas no Brasil, fornecendo
    equipamentos essenciais para a construção de infraestrutura, enquanto a CRRC
    (China Railway Rolling Stock Corporation) tem contribuído para o desenvolvimento
    do transporte ferroviário urbano no Brasil.
    Por outro lado, o Brasil também tem aumentado seus investimentos na China,
    especialmente no setor de automóveis, veículos elétricos e agricultura. Empresas
    brasileiras, como a BYD e a Great Wall Motors, estão ampliando sua presença no
    mercado chinês, sinalizando uma crescente confiança no enorme potencial desse
    mercado. Nos últimos 15 anos, os investimentos da China no Brasil somaram cerca
    de 71bilhões de dólares, abrangendo setores como eletricidade, petróleo, TI,
    infraestrutura, automóveis e agricultura. Atualmente, o Brasil ocupa a quarta
    posição entre os destinos de investimento da China em todo o mundo.
  3. Dinamismo no Comércio Bilateral
    O comércio entre China e Brasil tem sido um pilar essencial para as economias de
    ambos os países. Os principais produtos exportados pelo Brasil para a China, como
    soja, minério de ferro e carne, são fundamentais para a economia brasileira e para o
    abastecimento das necessidades da China. A soja brasileira, por exemplo, representa
    uma importante fonte de grãos para a China, atendendo à crescente demanda por
    ração animal e óleo vegetal. O minério de ferro, por sua vez, é essencial para a
    indústria siderúrgica chinesa, garantindo a estabilidade da produção de aço. Já as
    exportações de carne contribuem para diversificar as fontes de proteína animal no
    mercado chinês, atendendo à crescente demanda por produtos alimentícios de alta
    qualidade.
    Para o Brasil, a demanda da China por seus produtos agrícolas e minerais tem gerado
    grandes benefícios econômicos. A soja, por exemplo, viu um aumento contínuo nas
    exportações para a China, representando uma parte significativa do total das
    exportações brasileiras para o país. Esse aumento nas exportações tem
    impulsionado a modernização da agricultura brasileira, com a ampliação das áreas
    de cultivo de soja. Além disso, o minério de ferro e a carne também têm sido
    grandes fontes de receita para o Brasil, gerando divisas que impulsionam o
    crescimento da economia brasileira e fortalecem sua posição no comércio global.
  4. Cooperação Internacional e Contribuições para a Economia Global
    Além das colaborações bilaterais, a China e o Brasil também têm trabalhado juntos
    em uma série de questões globais, promovendo reformas nas instituições financeiras
    internacionais e defendendo uma maior representação dos países em
    desenvolvimento. Como membros do BRICS, os dois países têm defendido um
    sistema de governança global mais multilateral, buscando garantir uma distribuição
    mais equitativa dos recursos e uma maior influência para as nações em
    desenvolvimento no sistema financeiro internacional. A cooperação China-Brasil não
    é apenas benéfica para os dois países, mas também oferece uma contribuição
    valiosa para a economia global.
    A cooperação econômica entre China e Brasil pode servir como um modelo para
    outros países em desenvolvimento, mostrando como nações de diferentes níveis de
    desenvolvimento podem cooperar para alcançar benefícios mútuos. As áreas de
    colaboração, como infraestrutura, energia renovável e economia digital, oferecem
    soluções inovadoras que podem ser adaptadas por outras economias em
    desenvolvimento. Em um momento de grandes desafios globais, como as mudanças
    climáticas, a pobreza e a saúde pública, a parceria entre China e Brasil pode ajudar a
    criar soluções sustentáveis e compartilhadas para os problemas globais,
    promovendo a estabilidade econômica e o crescimento inclusivo.
    Em resumo, os 50 ano de cooperação entre China e Brasil não apenas fortaleceram
    os laços entre os dois países, mas também ofereceram um modelo de cooperação
    internacional que pode beneficiar o mundo como um todo. Ao avançar juntos, os
    dois países estão não apenas melhorando suas economias e sociedades, mas
    também ajudando a criar um futuro mais justo, sustentável e interconectado para a
    economia global

Marcelo Oliveira de A. Maranhao

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