Por Lyu Yanhao e Wang Zongnan
Beijing – A gigante chinesa do café, Luckin Coffee, recentemente inaugurou sua 20.000ª loja, e a marca alemã Neumann Kaffee Gruppe (NKG), uma das maiores comerciantes de café do mundo, lançou uma subsidiária em Shanghai em agosto – duas boas notícias para os amantes de café na China.
O World Coffee Portal informou que a China havia superado os Estados Unidos no ano passado tendo se tornado o país com o maior número de lojas de café no mundo.
Tradicionalmente uma nação apreciadora de chá, a China agora se destaca como o mercado de café que mais cresce no Leste Asiático, ocupando uma posição única no cenário global do café.
NOVA TENDÊNCIA
Os consumidores chineses de café tornaram-se mais exigentes em seus gostos. O café instantâneo, que antes dominava o mercado chinês, está dando lugar a um aumento significativo no mercado de café moído na hora.
Em 2023, a dimensão do mercado de café da China alcançou cerca de 162,35 bilhões de yuan (aproximadamente 22,76 bilhões de dólares americanos), indicando um crescimento significativo em relação ao ano anterior. O valor deverá ultrapassar 193 bilhões de yuan (aproximadamente 27 bilhões de dólares) até 2024, de acordo com a plataforma de estatísticas alemã Statista.
Os consumidores chineses procuram um café de alta qualidade com ofertas especiais. Eles consideram a origem do café um fator relevante na compra de café recém-preparado, e muitos trabalhadores de colarinho branco estão dispostos a pagar preços premium por cafés de alta qualidade.
As empresas de café na China estão se esforçando para atender aos gostos locais. Uma inovação tem sido o café de chá e o café de frutas, uma mistura que combina as duas bebidas.
“Tal como o chá chinês, que pode ser preparado de diferentes maneiras em outros países, um produto estrangeiro como o café também pode se adaptar ao gosto local”, disse Long Ye, fundador da cafeteria Wuyinmen, no município de Chongqing, no sudoeste da China.
Latte com Oolong e Americano com Suco de Laranja estão entre as opções mais populares. No ano passado, o “Latte com Licor” da Luckin se tornou rapidamente uma sensação nas redes sociais, com baijiu (licor) da fabricante de destilados premium da China, Kweichow Moutai. No primeiro dia de lançamento, vendeu mais de 5,42 milhões de copos e gerou vendas superiores a 100 milhões de yuans (cerca de US$ 14 milhões).
Para as principais empresas de café da China, a concorrência entre as marcas líderes para produzir o melhor café que atenda às necessidades dos clientes chineses é muito acirrada.
“Essa expansão nos permite estar mais perto de nossos clientes, entender melhor suas necessidades e oferecer soluções de café personalizadas”, disse Emily Chua, diretora de operações da NKG Shanghai, em um comunicado.
Funcionária trabalha no Starbucks Reserve Roastery em Shanghai, no leste da China, em 24 de novembro de 2023. (Xinhua/Wang Xiang)
DEMANDA CRESCENTE
O café se tornou uma bebida amplamente servida na China, após a chegada das marcas estrangeiras, começando com o Starbucks, a primeira grande cadeia de café ocidental a entrar no mercado em 1999, seguida pelo Costa Coffee em 2006 e Tim Hortons em 2019.
Cada vez mais consumidores estão desenvolvendo uma paixão pelo café e a dominar critérios para verificar a sua qualidade. “O café é para mim uma bebida que pode proporcionar conforto físico e psicológico. Espero que os meus clientes desfrutem também dessas sensações”, disse Long.
No passado, eram principalmente trabalhadores de colarinho branco do setor da moda que frequentavam as cafeterias na China, atraídos pela atmosfera moderna e pelo apelo da cultura internacional do café. No entanto, isso tem vindo a mudar nos últimos anos.
A visão de chineses comuns pegando um copo de café tem se tornado cada vez mais comum. Seja para tomar um café no caminho para o trabalho, bebericar enquanto faz compras ou desfrutar de um copo de lazer no fim de semana, o café se tornou parte integrante da rotina diária de muitas pessoas na China.
As entregas rápidas na China facilitam as encomendas de café online. Nas principais cidades, geralmente é necessário menos de uma hora para o café ser preparado e entregue.
Mais de 90% dos 4.000 consumidores de cafeterias chinesas pesquisados bebem café quente semanalmente, enquanto 64% consomem café gelado pelo menos uma vez por semana, segundo o World Coffee Portal em um relatório do ano passado.
A China se tornou o mercado de crescimento mais rápido no Leste Asiático, segundo o relatório.
“Quando viajei para a China, descobri que, nos últimos anos, as marcas de bebidas da China se desenvolveram rapidamente, e o número de lojas e categorias de bebidas estão aumentando rapidamente”, disse à Xinhua um jovem chamado Hong Seong-bin, de Seul, acrescentando que adora a série de coco nas cafeterias chinesas.
Funcionário da Luckin Coffee prepara café para um cliente Nova Área de Xiong’an, Província de Hebei, no norte da China, em 16 de janeiro de 2024. (Xinhua/Qin Jing)
POTENCIAL DE MERCADO
Marcas de café sul-coreanas, incluindo a “Caffe Bene”, abriram filiais na China e algumas estão cada vez mais interessadas no crescente mercado chinês, disse Hong.
“Como o mercado chinês é tão grande e a demanda é alta, acredito que as cafeterias sul-coreanas de marcas de ponta podem conquistar o coração dos consumidores chineses”, disse ele.
Chua compartilhava desse entusiasmo. “Estamos entusiasmados em estabelecer a NKG Shanghai como nosso primeiro escritório na China”, disse Chua. “Estamos entusiasmados com as oportunidades que esse mercado vibrante apresenta e temos o compromisso de contribuir para o crescimento e o desenvolvimento do setor cafeeiro na China.”
Entre 2010 e 2022, o consumo de café por pessoa na China aumentou quatro vezes, segundo a Organização Internacional do Café. Mais da metade dos apreciadores de café chineses consome pelo menos três xícaras por semana, de acordo com a Statista.
Shanghai lidera o mundo em número de cafeterias, com 9.553 lojas de café até o final de 2023, de acordo com o relatório de desenvolvimento de café urbano da China de 2024.
A China tem sido um mercado potencial atraente para as cadeias internacionais de café, com a Starbucks na liderança. Entretanto, seu CEO, Laxman Narasimhan, foi citado pela CNN como tendo dito que a empresa “ainda está em seus primeiros dias na China”.
Como mais chineses estão entrando em cafeterias para saborear cafés de todo o mundo, espera-se que o consumo e os gastos com café aumentem.
A Tims China, operadora exclusiva das cafeterias Tim Hortons na China, comemorou seu quinto aniversário em fevereiro deste ano, estabelecendo um marco com mais de 900 lojas em mais de 60 cidades chinesas. Yongchen Lu, CEO da Tims China, está confiante de que “a empresa continuará a se integrar profundamente ao mercado chinês, que está começando a gostar de café”.
Para um país tradicionalmente aprecidor do chá, o café pode se tornar a nova xícara de chá da China. A crescente popularidade da cultura do café em toda a China e seu vasto potencial de mercado apresentam uma grande oportunidade que as marcas estrangeiras poderão aproveitar.
(Os correspondentes da Xinhua Chen Qingbing, Li Xiaoting e Li Sibo também contribuíram para a matéria. Repórteres de vídeo: Zhou Yonghui, Xiong Xuanang, Wang Junfeng, Chen Jie, Shang Kunlun, Sun Zhenghao, Yan Xinhe; Editores de vídeo: Hong Liang, Zhang Yuhong, Wang Han).