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Atletas chineses da Geração Z ocupam centro do palco nos Jogos Olímpicos de Paris

Por Yue Wenwan e Li Chunyu

Paris – “As ondas atrás impulsionam as que estão à frente”, um antigo ditado chinês resumiu perfeitamente o espírito dos últimos 17 dias, quando os Jogos Olímpicos retornaram a Paris depois de um século.

Os Jogos foram marcados por estreias históricas e desempenhos inspiradores de uma nova geração de atletas chineses, nascidos depois de 2000, que, como as ondas crescentes de um rio poderoso, capturaram a atenção do mundo não apenas com suas conquistas atléticas, mas com o espírito vibrante que incorporam.

Em campo, eles demonstraram notável resiliência e energia e, fora dele, brilharam em Paris com confiança e charme.

FAZENDO HISTÓRIA

Pan Zhanle, da China, comemora após a final dos 100m livre masculino da natação nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 em Paris, França, em 31 de julho de 2024. (Xinhua/Du Yu)

A edição de Paris 2024 confirmou o status de Pan Zhanle como uma das estrelas mais brilhantes da natação.

Nos 100m livre, Pan quebrou seu próprio recorde mundial e ganhou o ouro com um tempo de 46,40 segundos. Ele também levou a China à vitória na final do revezamento 4x100m medley masculino junto com Xu Jiayu, Qin Haiyang e Sun Jiajun.

A vitória quebrou a sequência de 10 medalhas de ouro consecutivas dos Estados Unidos nesse evento, desde os Jogos de Los Angeles em 1984.

“Isso é mágico para mim”, disse Pan após o triunfo do revezamento, que coincidiu com seu aniversário de 20 anos. “Eu cumpri a promessa que fiz há um ano de comemorar meu aniversário com uma medalha de ouro por equipes.”

Zheng Qinwen, da China, compete durante a disputa pela medalha de ouro individual feminina de tênis contra Donna Vekic, da Croácia, nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 em Paris, França, em 3 de agosto de 2024. (Xinhua/Wan Xiang)

Na maior vitória da China em uma quadra de tênis desde Li Na, Zheng Qinwen conquistou a medalha de ouro individual feminina em Roland Garros, a mesma quadra em que Li conquistou seu primeiro título de Grand Slam no Aberto da França há 13 anos.

Em seu caminho para o topo do pódio, Zheng, de 21 anos, eliminou a ex-número 1 do mundo Angelique Kerber, da Alemanha, e uma rival que ela nunca havia vencido antes dos Jogos de Paris, a atual número 1 do mundo Iga Swiatek, da Polônia.

“Depois da terceira rodada, eu estava com dores e jogando com bandagens. Não foi fácil superar esses desafios. Esta é a primeira vez que disputo cinco batalhas durante cinco dias seguidos e sinto que cheguei ao meu limite”, disse Zheng.

Sua vitória histórica rompeu com as tradicionais potências ocidentais do esporte, sinalizando que uma nova onda de talentos da Ásia está pronta para desafiar os melhores do mundo.

Falando diretamente aos jovens fãs de tênis na China, que ficaram acordados até tarde para assistir às suas partidas, Zheng ofereceu palavras de incentivo: “Sejam corajosos e sonhem alto. Para realizar sonhos é preciso estabelecer metas, mas a jornada terá suas dificuldades, dúvidas e sacrifícios. Aproveite o processo porque cada fracasso é um passo em direção ao sucesso. Estando onde estou hoje, posso dizer que todo o esforço valeu a pena.”

Chen Yuxi/Quan Hongchan (d) da China competem durante a final da plataforma de 10m sincronizada feminina dos saltos ornamentais nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 em Saint Denis, perto de Paris, França, em 31 de julho de 2024. (Xinhua/Li Ying)

Nos saltos ornamentais, um grupo de jovens saltadores liderados pelas adolescentes Chen Yuxi e Quan Hongchan dominou e conquistou todas as oito medalhas de ouro em jogo.

No reino emergente dos esportes radicais, os jovens atletas chineses também fizeram avanços. Deng Yawen, de 18 anos, ganhou o ouro no BMX freestyle feminino, impressionando com seu destemor e habilidade técnica.

“O BMX é um esporte de nicho na China. Ganhar essa medalha de ouro significa que o esporte se tornará cada vez mais forte no meu país”, disse Deng.

“A competição de hoje acabou, e a honra de ganhar uma medalha de ouro não me acompanhará em todas as competições… Vou me concentrar apenas no meu treinamento e mostrar ao mundo uma versão melhor de mim.”

ALÉM DAS MEDALHAS

Huang Yuting (e)/Sheng Lihao, da China, comemoram após vencer a disputa pela medalha de ouro da carabina de ar 10m por equipes mistas contra a Coreia do Sul nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 em Chateauroux, França, em 27 de julho de 2024. (Xinhua/Ju Huanzong)

Fora do campo, os jovens atletas provaram ser igualmente notáveis.

Os atiradores Huang Yuting e Sheng Lihao, que conquistaram a primeira medalha de ouro das Olimpíadas de Paris de 2024, demonstraram calma e confiança notáveis ao enfrentarem as perguntas dos jornalistas.

Com seu peculiar nome em rede social “Just by Eating” (Apenas Comendo, em português), Sheng se tornou uma sensação viral. Os fãs o apelidaram de “Gan Fan Ge”, ou “comilão”, elogiando-o por “ganhar o ouro apenas comendo”.

Outra dupla que se tornou viral foi Wang Xinyu e Zhang Zhizhen, que inesperadamente se uniram apenas uma hora antes da primeira rodada do tênis de duplas mistas.

Com pouco tempo para se preparar, Wang até usou seus tênis de quadra dura para jogar na quadra de saibro. Apesar dos desafios, Wang e Zhang conquistaram a prata em duplas mistas, o melhor resultado do país nesse evento, em seu quarto dia como equipe.

Uma atitude relaxada e uma mentalidade estável foram fundamentais para o sucesso. “Estávamos constantemente explorando e nos adaptando durante a partida, encontrando gradualmente nosso ritmo e estilo, e nunca reclamamos um do outro na quadra”, disse Wang.

Medalhistas de prata Wang Xinyu e Zhang Zhizhen, da China, participam da cerimônia de vitória das duplas mistas de tênis nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 em Paris, França, em 2 de agosto de 2024. (Xinhua/Gao Jing)

A skatista chinesa Zheng Haohao, a atleta mais jovem dos Jogos Olímpicos de Paris, comemorou seu 12º aniversário em 11 de agosto, o dia de encerramento dos Jogos. Ela parecia muito relaxada no palco olímpico, não demonstrando nenhum sinal da atenção que a atingiu.

“Eu me diverti muito”, disse Zheng, que ficou em 18º lugar nas preliminares da categoria Park feminina e perdeu a final. “Estou muito feliz e orgulhosa por representar meu país. Não havia muita pressão sobre mim. Os Jogos Olímpicos não são muito diferentes do meu treinamento regular e de outras competições, apenas com mais espectadores.”

A atmosfera agradável da entrevista de Zheng com os jornalistas chineses também atraiu repórteres do Brasil e do Canadá, que não entendiam chinês, mas ficaram impressionados com a jovem que brilhava com confiança, coragem e entusiasmo nos Jogos.

Quando lhe perguntaram como ela compartilharia sua experiência em Paris com a família e os amigos, ela riu: “Eu tento ser discreta. Só vou dizer que tirei um tempo para competir nas Olimpíadas”.

Zheng Haohao, da China, compete durante a fase preliminar do skate feminino nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 em Paris, França, em 6 de agosto de 2024. (Xinhua/Cheng Min)

O domínio da China no tênis de mesa foi totalmente exibido em Paris, assim como seu espírito esportivo.

Na semifinal individual feminina, a chinesa Sun Yingsha, número 1 do mundo, derrotou a japonesa Hina Hayata. Após a partida, Sun, de 23 anos, primeiro consolou Hayata, perguntando se ela estava bem depois de lutar contra lesões no pulso e no antebraço.

“Percebi que o movimento de seu braço não estava muito bom. Somos adversárias na quadra, mas na verdade somos amigas. Para nós, a saúde é muito mais importante do que ganhar ou perder”, disse Sun, que conquistou dois ouros e uma prata nos Jogos Olímpicos de Paris. “Ninguém quer ver lesões. Espero que ela se recupere logo.”

Um vídeo mostrando a amizade entre as saltadoras ornamentais chinesas Chen Yiwen, Chang Yani e sua concorrente australiana Madison Keeney se tornou viral nas mídias sociais. As três garotas conversaram, riram e fizeram caretas juntas no pódio, o que emocionou muitos espectadores on-line. “Sinto que essas meninas são como minhas irmãs, e tenho muita sorte de ter uma relação competitiva tão positiva com elas”, disse Keeney.

Quando as jovens atletas voltam para casa, elas levam consigo não apenas medalhas, mas as esperanças, os sonhos e a confiança de uma geração pronta para inspirar as pessoas em toda a China e em outros países a perseguirem seus sonhos com a mesma coragem e entusiasmo.

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