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28,9% da população mundial sofriam de insegurança alimentar em 2023, alerta ONU

ONU

Rio de Janeiro – 28,9% da população mundial, quase 2,33 bilhões de pessoas, estavam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave no ano passado, das quais entre 713 milhões e 757 milhões de pessoas (uma em cada 11 pessoas no mundo) sofriam de fome, segundo alertou nesta segunda-feira a Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Em um estudo divulgado no Rio de Janeiro no âmbito da apresentação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que o Brasil oficializou nesta quarta-feira como presidente rotativo do G20, a FAO alertou que a prevalência global da subnutrição praticamente permaneceu inalterada em últimos três anos.

O estudo pinta um quadro de falta de progresso a poucos anos do objetivo da ONU de erradicar a fome até 2030. Também destaca que em todas as regiões do mundo, o principal indicador da FAO para controlar a fome ainda está acima dos níveis pré-pandemia.

“Há uma clara tendência ascendente na prevalência da subnutrição na África, ao mesmo tempo que há progressos na América Latina e no Caribe e estagnação na Ásia”, afirma o relatório.

“A falta de progresso na segurança alimentar e o progresso desigual no acesso econômico a dietas saudáveis ofuscam a possibilidade de alcançar a meta de fome zero no mundo”, aponta o texto. A desigualdade de acesso é vista na forma como a fome se espalha pelo mundo.

Os países de baixo rendimento têm a maior proporção da população que não pode pagar uma dieta saudável (71,5%). Para os países de rendimento elevado, a percentagem é de 6,3%.

Esta edição do relatório se concentrou nos mecanismos de financiamento para a ação contra a fome e mostrou que a segurança alimentar e a nutrição recebem menos de um quarto do fluxo total de ajuda ao desenvolvimento.

Estes recursos totalizaram cerca de US$ 76 bilhões anuais entre 2017 e 2021, dos quais apenas 34% foram atribuídos à abordagem das principais causas da insegurança alimentar e da desnutrição, de acordo com o texto.

O relatório foi preparado pela FAO, pelo Fundo de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Ao discursar na apresentação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que os dados divulgados pela FAO são “estarrecedores”.

“Em pleno século 21, nada é tão absurdo e inaceitável quanto a persistência da fome a da pobreza, quando temos à disposição tanta abundância, tantos recursos científicos e tecnológicos e a revolução da inteligência artificial. Esta é uma constatação que pesa em nossas consciências”, disse Lula.

Ao comentar que segundo o estudo da FAO, 8,4 milhões de brasileiros passam fome, o presidente afirmou que o país sairá do mapa da fome no final do seu terceiro mandato, em 2026. “Este é um compromisso do meu governo, acabar com a fome, como fizemos em 2014”, enfatizou. 

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