Brasília – O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta segunda-feira que a China é essencial para o crescimento econômico do Brasil, que busca um relacionamento “infinitamente maior” com o país asiático, e expressou sua intenção de discutir com as autoridades chinesas a possibilidade de o Brasil aderir à Iniciativa Cinturão e Rota.
Em encontro com a imprensa internacional em Brasília, Lula disse, em resposta a uma pergunta da Xinhua, que pretende discutir com a parte chinesa uma “nova parceria estratégica” entre os dois países.
“É importante destacar que este ano comemoramos 50 anos de relações diplomáticas e comerciais com a China. Temos a intenção de discutir uma nova parceria estratégica com os chineses. Uma parceria estratégica que inclua não só a exportação de commodities, mas também um debate sobre ciência e tecnologia, produção de chips e software”, afirmou.
“Ou seja, o que queremos mesmo é ter uma parceria estratégica que torne a relação Brasil-China infinitamente maior, mais próspera e que possa gerar empregos na China e empregos no Brasil”, acrescentou.
Lula destacou o crescimento da China nos últimos 40 anos e disse que o Brasil tem muito a aprender com a experiência de desenvolvimento do país asiático.
“A China é um grande parceiro do Brasil. O crescimento da China é inegável, ninguém pode deixar de reconhecê-lo. Pode até não concordar, mas ninguém pode deixar de reconhecer o que a China fez nos últimos 30 e 40 anos. Então, a China é um parceiro que sempre levamos em conta, com o qual manteremos sempre uma relação privilegiada, porque é de interesse estratégico para a China, de interesse estratégico para o Brasil”, frisou.
O presidente afirmou que o Brasil precisa aproveitar todos os resultados do seu crescimento para fazer investimentos internos que melhorem a vida das pessoas e destacou a importância da parceria com a China para o crescimento econômico do Brasil.
“Acredito que a China é um parceiro essencial na luta pelo crescimento econômico do Brasil, pelo desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. A China é essencial para que possamos fazer duas coisas. Combater a fome e a maior contribuição que um país pode fazer na luta contra a fome é combater a fome internamente no seu país”, disse ele.
Lula recordou que, no ano passado, primeiro ano do seu terceiro mandato, foi possível tirar 24 milhões de pessoas da fome no Brasil, “colocando gente no orçamento”.
“A grande contribuição é que cada país acabe com a fome no seu próprio país, e então, com o que restar, o mundo se une em solidariedade. É isso que espero que possamos fazer com a China, para que possamos ter mais 50 ou 100 anos de relações altamente produtivas”, enfatizou.
O presidente disse se lembrar de quando a China tinha um Produto Interno Bruto (PIB) inferior ao do Brasil, e que sempre diz aos seus ministros que é preciso conhecer todas as experiências de outros países, porque não é um único país que sabe tudo.
“Eu me lembro de quando a China tinha um PIB inferior ao do Brasil, quando a China produzia menos aço que o Brasil. Hoje, a China produz um bilhão de toneladas e o Brasil continua produzindo 35 milhões, com potencial para chegar a 51 milhões de toneladas. Não há outra alternativa para um país do tamanho do Brasil do que a pluralidade nas relações com o mundo inteiro”, ressaltou.
“Queremos ter um relacionamento com a China e os Estados Unidos, com a Alemanha, queremos ter relações de alianças com a América Latina, porque esse é o papel de um país do tamanho do Brasil, que tem muitas perspectivas de um futuro muito promissor para o seu povo”, concluiu Lula.