“É uma questão em aberto que tipo de governo será e quão capazes serão de atingir os objetivos que dizem ter”.
Londres – Keir Starmer e seu Partido Trabalhista precisam conquistar totalmente o povo britânico, apesar de uma vitória esmagadora nas eleições gerais de 2024, já que a porcentagem dos votos reais que obtiveram é muito baixa, disseram especialistas à Xinhua.
O partido chegou ao poder ao reivindicar 412 dos 650 assentos no parlamento, enquanto o Partido Conservador foi reduzido para 121 assentos.
Em termos de porcentagem de votos, no entanto, o Partido Trabalhista recebeu cerca de 34%, o que significa uma margem moderada quando comparada com a porcentagem de aproximadamente 24% dos 14% dos Conservadores e Reformistas do Reino Unido.
“Os Conservadores perderam as eleições, mas o Partido Trabalhista não a ganhou. Ele acabou com a maioria, mas não persuadiu muitas pessoas a votar nele”, disse à Xinhua o professor John Bryson, da Universidade de Birmingham.
“Isso significa que o Partido Trabalhista ganhou as eleições, mas não conquistou totalmente o eleitorado britânico”, disse Bryson.
Considerando todos os desafios que virão, ele sugeriu que o Partido Trabalhista se esforce para ganhar a simpatia do povo britânico, dessa forma, nas próximas eleições a porcentagem de votos aumentará para refletir um governo de estilo mais maioritário.
A calamidade eleitoral para o Partido Conservador mostrou o nível de frustração que os eleitores britânicos sentiam com o fracasso do partido em responder às preocupações da população, incluindo a crise do custo de vida, um sistema de saúde ineficaz e uma infraestrutura em ruínas.
Os conservadores também sofreram com um défice de confiança política no meio de vários escândalos como o “partygate” sob o governo de Boris Johnson e, mais recentemente, uma controvérsia em torno de alguns responsáveis conservadores que apostavam na data das eleições.
A instabilidade política no verão de 2022, que viu o Reino Unido acolher e destituir três primeiros-ministros em dois meses, fez com que os eleitores se preocupassem com a estabilidade e a consistência na elaboração de políticas e na governança.
Iain Begg, especialista político da Escola de Economia e Ciência Política de Londres (LSE, na sigla em inglês), disse que o governo liderado pelo Partido Trabalhista será facilmente visto como “uma onda de ar fresco” após 14 anos de governo conservador.
Starmer fez campanha sob o tema “Mudança”, prometendo reconstruir o Reino Unido e priorizar os interesses dos trabalhadores. As principais promessas do seu partido incluem impulsionar o crescimento econômico, implementar regras rigorosas de despesas governamentais, reduzir os tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde (NHS), contratar milhares de professores, melhorar a lei e a segurança nas ruas britânicas e reforçar a segurança das fronteiras para enfrentar a imigração ilegal.
O Partido Trabalhista, no entanto, não foi claro sobre como irá encontrar a solução que enfrentará o desafio de relançar o crescimento econômico, alertou Begg.
“Há alguma promessa envolvida nisso, em vez da certeza de como eles vão alcançá-la”, disse ele.
Steve Nolan, professor de Economia na Universidade John Moores de Liverpool, tinha as mesmas preocupações.
“Eles travaram uma campanha muito cautelosa. Não queriam ser alvos para ataques da oposição conservadora. Eles, de muitas maneiras, amarraram as mãos em termos de arrecadação de dinheiro. Não vamos aumentar nenhum dos três grandes impostos no Reino Unido, que representam cerca de dois terços das receitas do Reino Unido, e não estamos fazendo grandes promessas sobre gastos”, disse Nolan.
“É uma questão em aberto que tipo de governo será e quão capazes serão de atingir os objetivos que dizem ter”, disse ele.