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Irã em luto pela morte do presidente Raisi em trágico acidente de helicóptero

Teerã – O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, foi confirmado morto na segunda-feira depois que seu helicóptero caiu no domingo na região montanhosa do noroeste do país.

A agência de notícias oficial do Irã, IRNA, confirmou as mortes de Raisi, do ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, do governador da Província do Azerbaijão Oriental, Malek Rahmati, do representante do líder supremo do Irã, Ali Khamenei, no Azerbaijão Oriental, Mohammad Ali Ale-Hashem, e do guarda-costas de Raisi, todos a bordo do mesmo helicóptero.

Khamenei anunciou na segunda-feira cinco dias de luto público.

Foto tirada em 19 de maio de 2024 mostra um helicóptero transportando o presidente iraniano Ebrahim Raisi nas imagens da TV estatal iraniana IRIB. (Xinhua/Shadati)

ACIDENTE

Pir-Hossein Kolivand, chefe da Sociedade do Crescente Vermelho Iraniano, disse à agência de notícias semi-oficial Tasnim, na madrugada de segunda-feira, que o local do acidente foi localizado após horas de extensas buscas na região montanhosa do Azerbaijão Oriental.

Uma imagem divulgada pela IRNA mostrou os destroços do helicóptero espalhados em uma encosta enevoada. As equipes de resgate enfrentaram condições climáticas adversas e baixas temperaturas durante as buscas, que começaram imediatamente após o acidente ter sido registrado no domingo.

O acidente ocorreu quando Raisi viajava da fronteira com o Azerbaijão após participar de uma cerimônia de inauguração de uma barragem de armazenamento de água com seu homólogo azerbaijano Ilham Aliyev.

Em uma entrevista à TV estatal IRIB no domingo, o ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, atribuiu a queda do helicóptero às más condições climáticas, que, segundo ele, também prejudicaram os esforços de busca e resgate.

Raisi, 63 anos, nasceu na Cidade de Mashhad, no nordeste do Irã. Antes de ser eleito presidente do Irã em 2021, ele ocupou cargos de destaque, incluindo chefe do judiciário e promotor de Teerã.

Em uma declaração citada pela IRNA na segunda-feira, o gabinete iraniano disse que Raisi era um “presidente incansável e trabalhador” que “fez o sacrifício final no caminho de servir sua nação”.

Para lamentar a morte de Raisi, o governo iraniano cobriu sua cadeira com um manto preto. Em várias províncias, estão em andamento os preparativos para as cerimônias de luto, enquanto os eventos programados para a Semana do Patrimônio Cultural Nacional foram cancelados, conforme relatado pela IRNA.

A morte de Raisi ocorre em meio ao aumento das tensões entre o Irã e Israel, marcada por uma troca de ataques em abril, alimentada pela eclosão do conflito palestino-israelense em outubro do ano passado, enquanto os esforços para reavivar as negociações e salvar o acordo nuclear com o Irã chegaram a um impasse.

Grupos armados da região, como o grupo armado libanês Hezbollah e os Houthis no Iêmen, lançaram ataques contra alvos israelenses em uma demonstração de solidariedade aos palestinos.

Foto tirada em 20 de maio de 2024 mostra equipes de resgate chegando a um local de acidente de helicóptero na Província do Azerbaijão Oriental, no Irã, nas imagens da TV estatal iraniana IRIB. (Xinhua/Shadati)

CONDOLÊNCIAS

Após a morte de Raisi, muitos líderes mundiais e governos estrangeiros expressaram pesar.

O presidente chinês, Xi Jinping, enviou na segunda-feira uma mensagem de condolências ao primeiro vice-presidente do Irã, Mohammad Mokhber, na qual o líder chinês expressou profundas condolências e estendeu suas sinceras simpatias a Mokhber, à família do presidente Raisi, ao governo e ao povo iraniano.

Líderes da Rússia, Turquia, Egito, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Síria, Catar, Paquistão, Venezuela e Índia, juntamente com o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, enviaram mensagens de condolências após a morte de Raisi.

“Estendemos nossas mais profundas condolências e simpatia ao líder supremo da República Islâmica, Ali Khamenei, e ao governo e ao povo iraniano”, disse o primeiro-ministro iraquiano Mohammed Shia’ al-Sudani em um comunicado.

O Hamas, que está em um conflito crescente com Israel desde outubro passado, expressou solidariedade ao povo iraniano por “essa imensa perda”, elogiando o apoio de Raisi à causa palestina e à resistência contra Israel.

Foto tirada em 19 de maio de 2024 mostra um pôster do presidente iraniano Ebrahim Raisi nas imagens da Televisão Nacional Iraniana. (Xinhua/Shadati)

IMPACTO

A Constituição do Irã estipula que, em caso de morte ou incapacidade do presidente, o primeiro vice-presidente assumirá o cargo até que uma eleição seja realizada em um prazo máximo de 50 dias.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, nomeou na segunda-feira o primeiro vice-presidente do país, Mohammad Mokhber, 68 anos, como presidente interino.

O porta-voz do Conselho Constitucional do Irã, Hadi Tahan Nazif, disse que, com a aprovação de Khamenei, um conselho formado pelo chefe do judiciário iraniano, pelo presidente do parlamento e pelo primeiro vice-presidente tomará medidas para organizar as eleições dentro de 50 dias.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, nomeou na segunda-feira o primeiro vice-presidente do país, Mohammad Mokhber, 68 anos, como presidente interino.

O porta-voz do Conselho Constitucional do Irã, Hadi Tahan Nazif, disse que, com a aprovação de Khamenei, um conselho formado pelo chefe do judiciário iraniano, pelo presidente do parlamento e pelo primeiro vice-presidente tomará medidas para organizar eleições dentro de 50 dias.

Embora a morte de autoridades de alto escalão seja um golpe para a governança política do Irã, os analistas disseram que o “choque” pode ser absorvido.

Khamenei disse ao povo iraniano para não se preocupar, prometendo “nenhuma interrupção” nos assuntos do país.

“O Irã, desde a sua revolução islâmica em 1979 (…) provou ser mais do que capaz de suportar todos os tipos de golpes (contra ele), especialmente quando se trata de líderes políticos”, opinou Marwan Bishara, analista político sênior da Al Jazeera.

Na frente diplomática, embora a morte do ministro das Relações Exteriores seja uma perda significativa para o Irã, os analistas disseram que a política externa do país não sofrerá mudanças substanciais.

Amir-Abdollahian “foi um ministro das Relações Exteriores extremamente eficaz, supervisionando uma reconciliação bem-sucedida com a Arábia Saudita e lidando com uma série de crises difíceis”, de acordo com uma análise do jornal online The Times of Israel. Mas “a ampla política externa do Irã não mudará”, observou.

No entanto, alguns analistas acreditam que o incidente fará com que o Irã mude seu foco político para questões internas.

O país agora pode ser “um pouco mais auto engajado, envolvido com a política interna, enquanto organiza a eleição para o próximo presidente”, disse Michael Makovsky, presidente e diretor executivo do Instituto Judaico para Segurança Nacional da América. (Repórteres de vídeo: Sha Dati, Shi Xiaomeng, Dong Yue; editores de vídeo: Li Ziwei, Li Qin, Yin Le)

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