Ícone do site Xinhua – Diario de Pernambuco

Emissões de carbono na Amazônia registraram um forte aumento em 2019 e 2020

Foto: Lucio Tavora/Xinhua

Rio de Janeiro – A redução na aplicação de leis de proteção ambiental na Amazônia em 2019 e 2020, como as políticas públicas de controle dos desmatamentos, resultou em um forte aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2) na região, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira.

Publicado pela revista Nature, o estudo, que contou com a participação de cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontou um aumento das emissões de CO2 de 89% em 2019 e de 122% em 2020, em comparação com a média registrada no período 2010-2018.

Entre os principais fatores estão o desmatamento, a queima de biomassa e a degradação da floresta, que duplicaram as emissões de dióxido de carbono e intensificaram a seca e o aquecimento da floresta.

A perda de carbono no período analisado é comparável ao aquecimento recorde registrado em 2015 e 2016, quando houve o fenômeno do El Niño, que provocou secas extremas na região.

A pesquisa aponta aumento de 80% no desmatamento da região no período analisado, além de 42% de aumento nas áreas queimadas, 693% na exportação de madeira bruta saindo da região, 68% na área plantada de soja, 58% na área plantada de milho e de 13% no rebanho bovino dentro da Amazônia.

Os pesquisadores realizaram 742 voos entre 2010 e 2020, em pequenas aeronaves, para recolher amostras e avaliar o dióxido de carbono presente na atmosfera, com uma frequência aproximada de duas vezes por mês.

“A gente vê claramente a relação entre a subida dos desmatamentos e a redução das multas aplicadas”, aponta a pesquisadora do Inpe Luciana Gatti, coordenadora do estudo. “As multas emitidas pelos órgãos de fiscalização diminuíram 30% em 2019 e 54% em 2020, e o pagamento de multas diminuiu 74% e 89%, respectivamente” acrescentou.

Participaram também do estudo pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais da área de acompanhamento de políticas públicas de controle do desmatamento, bem como outras instituições brasileiras e internacionais (Universidade do Colorado, NOAA e Universidade de Leeds).

“A pesquisa faz com que a nossa postura seja de ainda mais compromissos e iniciativas que possam modificar essa tendência”, disse, por sua vez, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, lembrando que em julho deste ano o desmatamento na Amazônia teve redução de 66%. 

Sair da versão mobile