Beijing — Um grupo de pesquisa chinês apresentou uma nova hipótese para a evolução dos primatas de hoje — as espécies ancestrais assumiram sua aparência típica quando adotaram uma dieta mais carnívora fazendo emboscadas com presas nas árvores.
Primatas, incluindo macacos e seres humanos, caracterivam-se por mão e pés agarrados, garras reduzidas e cavidades oculares mais próximas que dão maior capacidade de olhar para frente.
Uma teoria bem conhecida propôs que as órbitas convergentes dos ancestrais comuns dos primatas que habitavam as árvores e comiam insetos poderiam ajudá-los a localizar as presas. Mas é difícil explicar por que outros predadores, como lobos e águias, não desenvolveram tal característica facial.
Os zoólogos da Universidade Normal do Nordeste analisaram uma série de espécies não primatas com alta convergência orbital, tais como gatos, corujas noturnas e peixes-chatos.
Eles descobriram que estes animais são todos predadores de emboscada, sugerindo que a aparência de nossos ancestrais foi adaptada à medida que aprenderam a lançar ataque surpresa, de acordo com o estudo publicado na quinta-feira na revista Science Advances, revisada por pares.
Além disso, eles registraram os sons dos esquilos escalando árvores antes e depois de suas garras terem sido aparadas. Descobriu-se que os esquilos sem garras eram escaladores significativamente mais silenciosos, uma experiência que pode explicar por que os ancestrais primatas que caçavam silenciosamente evoluíram garras reduzidas para diminuir a vigilância da presa.
“O trabalho é uma importante tentativa de responder à questão controversa de como a dieta pode ter influenciado a evolução dos primatas”, disse à Xinhua Wu Yonghua, professor da Universidade Normal do Nordeste e um dos autores correspondentes do trabalho.