Rio de Janeiro – O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições gerais de outubro, disse nesta quinta-feira que, caso volte a governar o país, o crescimento econômico virá com “credibilidade, previsibilidade e estabilidade” para os investidores nacionais e estrangeiros.
Em entrevista ao Jornal Nacional, da rede de televisão Globo, principal noticiário noturno, o ex-presidente citou os resultados positivos de seus dois mandatos, entre 2003 e 2010.
Ressaltou também o fato de seu companheiro de chapa, como vice-presidente, ser Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo e antigo adversário político.
“Há três palavras mágicas para governar este país: a primeira delas é credibilidade. A segunda dela é previsibilidade. E a terceira é estabilidade. Você tem que garantir que, quando você falar, as pessoas acreditam no que você fala. Quando você fala na previsibilidade, é porque ninguém pode ser pego de surpresa dormindo com mudança do governo”, afirmou Lula.
Sobre a estabilidade, disse que o governo precisa cumprir com suas tarefas para dar “condições a empresários nacionais e estrangeiros de fazer investimentos aqui dentro”, acrescentou.
Nesse sentido, reforçou a importância de ter Geraldo Alckmin na chapa. “Vou terminar dizendo o seguinte: nunca antes na história do Brasil esse governo teve uma chapa como Lula e Alckmin para poder ganhar credibilidade interna e externa para fazer acontecer as coisas no Brasil”, enfatizou.
Questionado sobre a economia brasileira e o risco fiscal no horizonte, Lula recordou a difícil situação financeira e a alta inflação do Brasil quando ele assumiu a presidência em 2003 e enumerou as conquistas de seu governo em matéria de emprego, estabilidade e distribuição de renda.
O candidato do PT lidera as pesquisas eleitorais com entre 44% e 47% das intenções de voto, seguido pelo atual presidente, Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), que registra entre 34% e 38% das preferências. Bolsonaro foi entrevistado pelo Jornal Nacional na noite da segunda-feira.
Durante a entrevista desta quinta-feira, Lula foi interrogado várias vezes sobre as acusações de corrupção que pesaram sobre seu governo e que resultaram na condenação de dezenas de empresários, políticos e funcionários da estatal Petrobras.
Lula foi condenado e permaneceu 580 dias na prisão entre 2018 e 2019, mas em abril do ano passado a Suprema Corte anulou todas as penas e declarou que o ex-juiz Sergio Moro, que tinha lhe condenado, havia sido parcial. Hoje, no início da entrevista o apresentador William Bonner citou a decisão da Corte e reiterou: “Portanto, o senhor nada deve à Justiça”, antes de tocar no tema da corrupção.
Sobre um eventual novo mandato, o ex-presidente afirmou “qualquer pessoa que cometer qualquer delito, por menor ou maior que seja será investigada, essa pessoa será julgada, e essa pessoa será punida ou absolvida”.
“O grave é quando a corrupção permanece oculta. Por isso, acredito que é importante uma imprensa livre, por isso acredito que é importante uma justiça eficaz, porque se houver um problema de corrupção, deve ser denunciado”, concluiu.
Com relação à política externa, disse que, como democrata, defende o respeito a autodeterminação dos povos e a decisão de cada país com relação a seu próprio governo.
“Se eu ganhar as eleições, vocês vão ver a quantidade de amigos que vão voltar a visitar o Brasil, porque o Brasil vai ser amigo de todo mundo. Não existe nenhum país que tenha um litígio com o Brasil”, ressaltou.
Em suas considerações finais, o ex-presidente voltou a se referir às conquistas alcançadas no âmbito social e na educação durante sua gestão anterior.
“Eu tenho orgulho de ter passado para a história como o presidente que mais fez universidades, que mais fez escola técnica. Não existe nenhuma experiência de país que ficou rico sem investir na educação”, afirmou.
“Não gosto de utilizar a palavra governar, eu gosto de utilizar a palavra cuidar”, disse o ex-presidente e destacou: “vamos voltar a investir na geração de empregos”.
Lula concluiu dizendo que quase 70% das famílias brasileiras estão endividadas, muitas encabeçadas por mulheres, e que ajudará as pessoas a “renegociar suas dívidas com o setor privado, com o setor financeiro, porque precisamos fazer com que o povo brasileiro volte a viver com dignidade”.