Rio de Janeiro – O Brasil tem uma média de duas crianças menores de cinco anos mortas diariamente por causa da COVID-19, segundo um estudo inédito divulgado nesta segunda-feira pelo projeto Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Entre 2020 e 2021, foram registrados 1.439 óbitos de crianças até 5 anos de idade, sendo que 48% delas eram bebês entre 29 dias e um ano, o que representa uma média de 1,9 mortes por dia.
Em 2022, até o dia 11 de junho, houve 291 mortes na mesma faixa, com uma média diária de 1,8 falecimentos.
A faixa etária até os 5 anos ainda não está incluída no programa de vacinação contra a COVID-19 no Brasil e tem gerado longas filas para atendimento nos pediatras.
Como comparação, o estudo afirmou que nos Estados Unidos, onde já se vacinam crianças dessas idades, houve 442 mortes entre menores de cinco anos no mesmo período, o que representa um terço das registradas no Brasil, apesar dos EUA ter tido mais nascimentos (3,6 milhões) do que o Brasil (2,6 milhões).
No caso brasileiro, a região nordeste, a mais pobre do país, é a que mais registrou mortes de crianças de até 5 anos entre 2020 e 2021, com 43,9% do total, apesar de ter apenas um terço da população dessa faixa no país. Em seguida, vem o sudeste, com 24,5% das mortes e o norte, com 18,1%.
Apesar do número de menores até 5 anos mortos por COVID-19 no Brasil representar apenas 0,22% de todos os óbitos pela doença até dezembro de 2021 (668.074), o pesquisador do Observa Infância, Cristiano Boccolini, afirmou que não é uma cifra menor. “São quase 1.500 famílias que perderam seus bebês e crianças. É uma tragédia”.
Segundo ele, o alto número de mortes no Brasil comparado com outros países reflete o grande número de infecções e mortes causadas pela COVID-19 no país, associada à desigualdade de acesso aos serviços de saúde entre as regiões do país.
Em números absolutos, as mortes infantis por COVID-19 no Brasil representam 26,8% dos 5.376 óbitos de meninos e meninas de até 5 anos nos 91 países que possuem dados separados por idades, de acordo com a Unicef.
“Temos um excesso de mortes por COVID-19 nesta faixa etária abaixo de 5 anos. Cada dia que passamos sem vacinação para menores a partir de seis meses, o Brasil perde dois deles. Isso é inaceitável, o óbito por COVID-19 já pode ser considerado evitável”, concluiu Boccolini.