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Mecanismo do BRCIS trará mais oportunidades para cooperação China-Brasil, dizem especialistas

Beijing, 27 jun – A 14ª Cúpula do BRICS, com o tema “Promover Parceria do BRICS de Alta Qualidade, Inaugurar Uma Nova Era para o Desenvolvimento Global”, foi realizada em 23 e 24 de junho sob a presidência rotativa da China. Sendo membros do BRICS e países de mercado emergente mais representativos e maiores países em desenvolvimento dos hemisférios oriental e ocidental, a China e o Brasil haviam conquistado resultados frutíferos em diversas áreas. Falando à Agência de Notícias Xinhua, especialistas apontaram que o mecanismo do BRICS trará ainda mais oportunidades para as cooperações entre os dois países nas áreas como segurança política, desenvolvimento comercial e intercâmbio cultural.

Como a força motriz do desenvolvimento das relações bilaterais, a cooperação comercial China-Brsil apresenta grande resiliência e vitalidade sob o impulso do BRICS. Nos últimos quatro anos, a quantidade do comércio bilateral ultrapassou US$ 100 bilhões por ano, sendo a China o maior parceiro comercial do Brasil por 13 anos consecutivos. Zhou Zhiwei, diretor executivo do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, comentou que a cooperação comercial China-Brasil mantem um ímpeto forte, no momento em que o desacoplamento e a interrupção de fornecimento praticados por alguns países dificultam a recuperação econômica global.

O comércio agrícola é um dos principais destaques da cooperação comercial dos BRICS. Atualmente, a China é o maior comprador de soja, carne bovina e frango do Brasil, com as importações agrícolas do Brasil ultrapassando US$ 45 bilhões em 2021. De acordo com Wang Chengan, especialista chefe do Centro Chinês de Estudos dos Países de Língua Portuguesa da Universidade de Economia e Negócios Internacionais, a estrutura comercial entre os dois países é altamente complementar, o que oferece um amplo espaço de cooperação bilateral, contra a instabilidade do mercado agrícola global. Os dois lados devem defender juntos o mecanismo de cooperação multilateral e promover a liberalização e facilitação de investimentos no comércio agrícola, acrescentou ele.

Jean Taruhn, assessor especial do Ministro da Agricultura do Brasil, observou que a indústria alimentar brasileira tem se beneficiado da complementaridade do comércio bilateral. “Precisamos diversificar essas exportações, com produtos que os chineses queiram comprar e que possamos produzir. E para vender, precisamos criar uma imagem do Brasil para os consumidores chineses”, disse.

Com o desenvolvimento acelerado da economia digital e a conectividade inteligente, tanto a China como o Brasil estão enfrentando os desafios da revolução industrial e da transformação industrial. Na 10ª cúpula do BRICS em 2018, a China apelou à construção da Parceria do BRICS para a Nova Revolução Industrial; dois anos mais tarde, o Centro de Inovação da Parceria do BRICS sobre Nova Revolução Industrial foi lançado em Xiamen, servindo-se de uma plataforma de inovação tecnológica e modernização industrial. Segundo especialistas, a China e o Brasil devem fazer pleno uso desta plataforma para reduzir custos, melhorar a eficiência e criar novos pontos de crescimento econômico.

Com a propagação contínua da COVID-19 e a dificuldade de recuperação da economia no mundo, a China apelou para fortalecer a cooperação em saúde pública e produção de vacinas contra COVID-19 na 13ª cúpula dos BRICS. Em março de 2022, inaugurou-se o Centro de P&D de Vacinas do BRICS, com o objetivo de aprofundar a cooperação em construção de fábricas, pesquisa e produção de vacinas e reconhecimento mútuo de normas entre os cinco países. De acordo com Zhou Zhiwei, tal medida deu um exemplo de cooperação para lidar com as crises de saúde, enquanto alguns países politizam a questão de vacina.

A China é um dos primeiros países que cooperam com o Brasil em vacinação. Sinovac Biotech, ou a Beijing Kexing Bioproducts, fez uma parceria com o Instituto Butantan do Brasil para exportar matérias-primas de vacinas diretamente para o Brasil, a fim de garantir o fornecimento local de vacinas. A criação do Centro de P&D de Vacinas do BRICS aprofundará ainda mais a cooperação em testes e produção de vacinas, promovendo ainda mais a distribuição justa e razoável de vacinas e garantindo sua acessibilidade e viabilidade. De acordo com Wang, os dois países devem fazer pleno uso do mecanismo do BRICS para fortalecer a cooperação no campo da saúde pública, opor-se à politização e estigmatização da questão da vacina e continuar trabalhando juntos para bater contra a epidemia e promover uma recuperação econômica estável.

A China e o Brasil são os maiores países em desenvolvimento dos hemisférios oriental e ocidental, e também são importantes forças emergentes na manutenção do multilateralismo. Através das reuniões anuais do BRICS, os líderes da China e do Brasil trocam opiniões sobre a situação internacional e as necessidades de desenvolvimento, o que não só promove o desenvolvimento das relações bilaterais, mas também fortalece a colaboração nos assuntos regionais e internacionais, dando uma contribuição importante para a mudança do sistema de governança global e para a manutenção da paz e estabilidade internacionais.

O Comitê de Coordenação e Cooperação de Alto Nível China-Brasil é o mecanismo de diálogo e cooperação de nível mais alto entre os dois governos. Em sua sexta reunião realizada em maio deste ano, os líderes dos dois lados tiveram um profundo intercâmbio e alcançaram resultados frutíferos. Chegaram ao acordo o plano estratégico China-Brasil 2022-2031 e o plano de implementação China-Brasil 2022-2026, em que planejaram os objetivos e princípios de cooperação para os próximos 10 anos e identificam áreas prioritárias e projetos de cooperação para os próximos cinco anos. Os dois especialistas afirmaram que, sendo países importantes com influência global, a estreita comunicação e coordenação entre os dois lados sobre grandes questões internacionais e regionais podem efetivamente salvaguardar e promover os interesses comuns dos países de mercados emergentes e os países em desenvolvimento.

Na cúpula do BRICS em 2017, o intercâmbio de humanidades tornou-se o terceiro pilar da cooperação do mecanismo com a promoção da China. Dos fóruns oficiais de grupos de reflexão às atividades culturais populares, o intercâmbio China-Brasil de humanidades forma uma estrutura abrangente e multinível.

Desde 2017, a Embaixada do Brasil na China tem organizado festivais de cinema brasileiro em várias cidades chinesas, trazendo uma rica e diversificada festa cultural ao público chinês, que atraem grande atenção. Na quarta edição do Festival de Cinema Brasileiro em 2021, foi apresentado uma ampla gama de filmes brasileiros, incluindo documentários musicais, comédias políticas e outros gêneros diferentes. A Embaixada do Brasil na China afirmou que a riqueza o Festival de Cinema Brasileiro é um canal vital para mostrar a diversidade da cultura brasileira ao público chinês e fortalecer o intercâmbio entre os dois povos.

Na 7ª Reunião de Ministros da Cultura dos BRICS deste ano, os cinco países chegaram a um consenso para continuar a fortalecer a cooperação na promoção da conservação e uso do patrimônio cultural, no combate ao tráfico ilícito de relíquias culturais, no desenvolvimento da cultura digital e no aproveitamento da criatividade cultural dos jovens, a fim de continuar a injetar um novo impulso no intercâmbio cultural entre os países BRICS.

Em suas entrevistas, os dois especialistas manifestaram que não importa como a situação internacional mude, a importante base da cooperação China-Brasil não mudará e o futuro continuará brilhante. Os dois países devem continuar a fazer bom uso do mecanismo de cooperação do BRICS, fortalecer a cooperação prática em vários campos e se esforçar para construir uma parceria de alta qualidade. 

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