Beijing – A história está repleta de desafios formidáveis, dos quais o mundo emergiu como um lugar ainda mais seguro e melhor, e esses triunfos sobre as adversidades testemunharam que a cooperação e o desenvolvimento comum são cruciais para virar a maré.
Agora, o mundo está passando por mudanças drásticas e pela pandemia da COVID-19, ambas inéditas em um século. Vários desafios de segurança continuam a surgir, enquanto a economia global ainda luta contra ventos contrários significativos em seu caminho para a recuperação. Enquanto isso, o desenvolvimento global experimentou grandes contratempos.
“Para onde vai o nosso mundo: Paz ou guerra? Progresso ou retrocesso? Abertura ou isolamento? Cooperação ou confrontação? São todas perguntas da época que exigem respostas”, disse o presidente Xi Jinping na quarta-feira em seu discurso feito na cerimônia de abertura do Fórum Empresarial do BRICS. Ele participou desse fórum e posteriormente de dois outros eventos de alto nível relacionados nos dias seguintes, para compartilhar suas ideias sobre como enfrentar os desafios globais e promover o desenvolvimento comum.
Especialistas de todo o mundo disseram que estão inspirados pelos insights de Xi sobre as escolhas dos tempos e esperam que a cooperação do BRICS dê um impulso à prosperidade global.
PROMOVER UNIDADE E COOPERAÇÃO GLOBAIS
Especialistas disseram à Xinhua que estão impressionados com a ênfase de Xi e o compromisso da China em promover a unidade e a cooperação global, e a parceria do BRICS deu um exemplo de cooperação Sul-Sul e de buscar força por meio da unidade entre mercados emergentes e países em desenvolvimento.
Em seu discurso na quarta-feira, Xi assinalou que apesar das mudanças na situação internacional, a tendência histórica de abertura e desenvolvimento continua inalterada, e a nossa vontade compartilhada de enfrentar os desafios através da cooperação é mais forte do que nunca.
Ao pronunciar um discurso na 14ª Cúpula do BRICS via videoconferência na quinta-feira, Xi enfatizou que a Iniciativa para a Segurança Global (ISG), que advoga o conceito de segurança comum, integral, cooperativa e sustentável, segue a filosofia de que a humanidade é uma comunidade de segurança indivisível, e busca abrir um caminho para a segurança caraterizado pelo diálogo em vez de confrontação, parceria em vez de aliança e ganhos compartilhados em vez de jogos de soma zero.
“A China gostaria de trabalhar com os parceiros do BRICS para implementar a ISG e trazer mais estabilidade e energia positiva para o mundo”, disse Xi.
O apelo de Xi por cooperação e solidariedade globais, bem como verdadeiro multilateralismo, é um passo positivo em direção à paz e segurança mundiais, disse Samer Khair Ahmed, escritor jordaniano e especialista em relações sino-árabes.
As experiências dos últimos anos demonstraram que a segurança global é um assunto integrado que não pode ser alcançado antagonizando ou isolando um país ou um grupo de países, e tornou-se necessário que o mundo construa uma verdadeira solidariedade internacional em prol da segurança e da paz , disse Ahmed.
José Ricardo dos Santos Luzin Junior, CEO da empresa LIDE China, com sede em São Paulo, disse que a China tem desempenhado um papel fundamental na defesa do multilateralismo e ajudado a moldar uma nova ordem de governança global que enfatiza a cooperação mútua.
TRAÇAR UM CURSO PARA DESENVOLVIMENTO GLOBAL
Reunir esforços conjuntos e traçar o rumo do desenvolvimento global ocupa um lugar de destaque na agenda de cooperação do BRICS.
Ao presidir o Diálogo de Alto Nível sobre o Desenvolvimento Global na sexta-feira de forma virtual, Xi pediu a criação de uma parceria de alta qualidade para uma nova era de desenvolvimento global.
“Precisamos agarrar a grande tendência do desenvolvimento do mundo, consolidar a confiança, tomar as ações, e juntos promover o desenvolvimento global com grande solidariedade e motivação, para formar em conjunto um paradigma de desenvolvimento caraterizado por benefício para todos, equilíbrio, coordenação, inclusividade, cooperação de ganhos compartilhados e prosperidade comum”, disse.
Xi observou que na sessão da Assembleia Geral da ONU do ano passado, ele apresentou a Iniciativa para o Desenvolvimento Global (IDG).
“A China tomará medidas pragmáticas para dar apoio contínuo à Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável”, afirmou Xi.
O IDG proposto por Xi visa abordar os assuntos de desenvolvimento como segurança alimentar, meio ambiente, mudanças climáticas e pobreza, disse Charles Onunaiju, diretor do Centro de Estudos da China, com sede em Abuja, saudando a China por compartilhar a experiência chinesa na erradicação da pobreza e segurança alimentar com o resto do mundo.
O discurso de Xi demonstrou o compromisso da China em compartilhar oportunidades de desenvolvimento com o resto do mundo diante da pandemia da COVID-19, assinalou à Xinhua Mohammad Abdur Razzaque, presidente de um think-tank de pesquisa e integração de políticas para o desenvolvimento com sede em Dacca.
Descrevendo as propostas da China no fórum como “muito oportunas e ponderadas”, Razzaque enfatizou que a China já vem desempenhando um papel crítico em ajudar outros países a se integrarem à economia global.
Para Sudheendra Kulkarni, ex-presidente do think-tank Observer Research Foundation, com sede em Mumbai, o IDG significa desenvolvimento para todos sem qualquer discriminação.
“Seja o país pequeno ou grande, rico ou pobre, militarmente forte ou fraco, todos devem ser tratados igualmente, e os frutos do desenvolvimento, os frutos da revolução tecnológica devem chegar a todos”, acrescentou.
FORÇA POSITIVA PARA UM MUNDO MELHOR
O mecanismo BRICS tem sido considerado por muitos ao redor do mundo como uma importante plataforma de cooperação para mercados emergentes e países em desenvolvimento, que deverá trazer força positiva, estabilizadora e construtiva ao mundo.
No Fórum Empresarial do BRICS de quarta-feira, Xi observou que a cooperação do BRICS entrou agora em uma nova era de desenvolvimento de alta qualidade, pedindo aos membros do BRICS que aprofundem a cooperação para melhor garantir a segurança alimentar e energética, aproveitem as oportunidades apresentadas pela nova revolução científica e tecnológica e transformação, ajudem os países em desenvolvimento a acelerar o desenvolvimento da economia digital e da transformação verde e intensifiquem a cooperação na resposta à COVID-19 para combater o vírus o mais rápido possível.
Na opinião de Helga Zepp-LaRouche, fundadora e presidente do think-tank alemão Instituto Schiller, os países do BRICS se respeitam, apoiam firmemente o multilateralismo e estão comprometidos com a cooperação de benefício mútuo.
A cooperação do BRICS nas áreas como abastecimento de alimentos e saúde pública é de grande importância para o mundo, disse Zepp-LaRouche, acrescentando que os países do BRICS podem desempenhar um papel importante na erradicação da fome global e no fortalecimento da construção dos modernos sistemas globais de saúde.
Lawrence Loh, diretor do Centro de Governança e Sustentabilidade da Escola de Negócios da Universidade Nacional de Cingapura, disse que outras áreas para a cooperação do BRICS estão em inovação, tecnologia e educação.
Nesse sentido, os países do BRICS podem desempenhar um papel importante na liderança de novos desenvolvimentos para a próxima fase do crescimento global pós-pandemia, segundo Loh.
Observando que os países do BRICS se reúnem não em um clube fechado nem em um círculo exclusivo, mas em uma grande família de apoio mútuo e com uma parceria de cooperação de ganhos compartilhados, Xi disse ao presidir a 14ª Cúpula do BRICS na quinta-feira que os países do BRICS precisam persistir na abertura e inclusão e reunir sabedoria e força coletivas.
Herman Tiu Laurel, fundador do think-tank Philippine BRICS Strategic Studies, com sede em Manila, assinalou que o modelo de cooperação “BRICS Plus”, que se concentra na abertura, inclusividade e benefício mútuo e representa a voz e o interesse dos países em desenvolvimento, fornecerá um impulso essencial para o desenvolvimento global.
Nourhan el-Sheikh, professor da Faculdade de Economia e Ciência Política da Universidade do Cairo, disse que a China tem uma boa compreensão do que o mundo enfrenta.
“O mundo compartilha os mesmos interesses e desafios. Ou vivemos juntos ou seremos arruinados juntos”, disse El-Sheikh. “Esta é uma visão e compreensão muito precisas do presidente Xi e da China, enfatizando a necessidade de coexistir. É uma visão diferente daquela do Ocidente, que busca crescer à custa dos outros.”