Rio de Janeiro — O músico brasileiro Nelson Freire, considerado um dos maiores pianistas do mundo, faleceu na madrugada desta segunda-feira, aos 77 anos, em sua casa no Rio de Janeiro.
A informação foi confirmada pela empresária do artista que não deu detalhes sobre a causa da morte.
A notícia repercutiu não só nos meios culturais brasileiros, como também em várias partes do mundo, onde Freire se apresentou em mais de 70 palcos durante sua imensa e vitoriosa carreira.
Nascido em 1944 na cidade de Boa Esperança, no estado de Minas Gerais (sudeste), Freire começou a tocar piano aos 3 anos de idade, vendo a irmã praticar o instrumento e dois anos depois, fez seu primeiro recital, no Teatro Municipal de São João Del Rei.
Vendo o talento do menino, família se mudou para o Rio de Janeiro onde ele passou a estudar piano e aos 12 foi o sétimo colocado no Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro. Logo em seguida, ganhou uma bolsa para estudar em Viena.
A carreira profissional começou aos 15 anos e aos 19 ganhou o primeiro prêmio no prestigiado Concurso Internacional Vianna da Motta, em Lisboa. Aos 24 anos, a revista Time o qualificou como “um dos maiores pianistas desta ou de qualquer outra geração”.
Desde essa época Freire já fazia recitais e concertos nas capitais europeias e se apresentava com célebres regentes como Isaac Karabtchevsky e Rudolf Kempe.
Entre as orquestras com as quais Nelson Freire se apresentou estão a Filarmônica de Berlim, a Orquestra Sinfônica de Londres, a Orquestra Filarmônica de São Petersburgo e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Consagrado como um dos maiores intérpretes de Beethoven e Chopin no século 20, teve seu álbum de interpretações de composições de Chopin elogiado pela crítica internacional e recebeu os prêmios Diapason d’Or e Choc, do periódico francês Monde de la Musique.
Em 1988, a gravadora Philips o incluiu na coleção “Great Pianists of the 20th Century”, que tinha o objetivo de fazer o resumo das melhores gravações de concertos de piano do século passado.
Em 2003, o cineasta brasileiro João Moreira Salles lançou um documentário sobre a vida e a obra de Freire.
Em 2007, Freire venceu na categoria de disco do ano o Gramophone Awards, um dos maiores prêmios internacionais da indústria fonográfica, com seu álbum que inclui um par de concertos de Brahms ao lado da Orquestra Gewandhaus, de Leipzig, na Alemanha.
Em outubro de 2019, Freire foi submetido a uma cirurgia de quatro horas no braço direito depois de uma queda provocada por pedras portuguesas soltas em uma calçada do Rio.
Sua agenda de concertos foi suspensa enquanto se recuperava e deveria ter sido reiniciada no final de 2020, com apresentações na Espanha, Alemanha, Londres, Amsterdã, Lyon e São Petersburgo, mas foram canceladas devido à pandemia da COVID-19, o que desencadeou forte depressão, segundo pessoas próximas a Freire.
O corpo do artista será velado nesta terça-feira, no foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro em cerimônia aberta ao público antes de ser sepultado no Memorial do Carmo, no Caju, zona norte da cidade.