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Graduados lutam para iniciar carreira em meio ao aumento do desemprego no Líbano atingido pela crise

Beirute — Adel Jaber, um libanês de 24 anos, passa diariamente longas horas na margem do rio Dardara, no sul do Líbano, na esperança de pescar alguns peixes para vender e cobrir parte de suas despesas pessoais em meio ao aumento do desemprego no país atingido pela crise.

Jaber, que se formou há quatro anos em administração de empresas, expressou sua frustração por não conseguir encontrar um emprego, apesar de seus grandes esforços para se formar na universidade.

“Infelizmente, uma grande porcentagem de graduados universitários no Líbano não consegue encontrar um emprego, apesar de suas excelentes qualificações acadêmicas”, disse Jaber à Xinhua.

As crises cumulativas do Líbano, incluindo o colapso econômico, a desvalorização da moeda local, o surto de COVID-19 e o fechamento de um grande número de instituições, deixaram os graduados em dificuldades no mercado de trabalho local, que oferece opções muito limitadas.

Nader Al-Hajj, formado em engenharia civil pela Universidade Árabe, trabalha nove horas por dia colhendo frutas e vegetais na cidade de al-Majidiyah, no sudeste do Líbano, em troca de apenas seis dólares americanos.

Al-Hajj, 25 anos, disse à Xinhua que gosta de trabalhar na agricultura, mas essa nunca foi sua ambição.

“Fui forçado a aceitar este emprego devido às duras condições de vida no país”, disse o jovem, conclamando as autoridades a assumirem suas responsabilidades garantindo oportunidades de trabalho para os jovens.

Salwa Rashid, que é formada em matemática pela Universidade Libanesa, explicou à Xinhua que o desemprego a forçou a trabalhar em uma loja de eletrodomésticos em troca de um salário mensal de 1 milhão de libras libanesas (50 dólares americanos).

“Nós, como jovens deste país que representamos uma imagem brilhante da sociedade, devemos viver com respeito e dignidade, mas não é o caso”, disse ela.

“Nós nos tornamos marginalizados e exaustos psicológica, moral e financeiramente”, acrescentou Rashid.

A Administração Central de Estatísticas estimou a taxa de desemprego entre titulares de diploma universitário no Líbano em 35 por cento em 2020.

O mercado de trabalho libanês é capaz de fornecer cerca de 5.000 novos empregos anualmente para graduados universitários, em oposição a mais de 40.000 candidatos entre os graduados por ano, de acordo com um relatório divulgado no início deste ano pelo Observatório Libanês para os Direitos dos Trabalhadores e Empregados.

Ali Darbeh, pesquisador e professor da Universidade Libanesa, atribui o desemprego entre os graduados à desaceleração de vários setores produtivos, incluindo turismo e bancos, e à paralisia do setor público em função da crise financeira.

“O que é ainda mais sério é a dificuldade que os jovens libaneses enfrentam quando procuram empregos nos países do Golfo devido aos tensos laços políticos entre o Líbano e a região do Golfo”, observou ele.

Mahmoud Hassan, professor de economia da Universidade Internacional Libanesa, disse à Xinhua que as escolas devem contribuir para resolver o problema do desemprego, orientando os alunos para as especialidades solicitadas.

Ele acrescentou que o estado deve dar mais atenção à educação profissional e técnica para aumentar gradativamente a demanda por esse tipo de trabalho, além de adotar políticas que incentivem o investimento na economia produtiva, como indústria, agricultura e tecnologia.

O Líbano está sofrendo com a pior crise financeira de sua história, com a taxa de desemprego estimada em mais de 40 por cento em 2021 e a taxa de pobreza estimada em 78 por cento pela Organização das Nações Unidas.

O país iniciou negociações com o Fundo Monetário Internacional na esperança de desbloquear bilhões de dólares em fundos para salvar sua economia debilitada.

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