Beijing, 14 abr (Xinhua) — Mais de 78% dos internautas globais expressaram oposição à decisão do Japão de despejar águas residuais radioativas contaminadas no mar, de acordo com uma pesquisa exclusiva publicada pela Xinhua em sua conta no Twitter nesta terça-feira.
Ao todo, 1.121 usuários do Twitter participaram da pesquisa, que foi de votação com escolha única e durou 24 horas.
Do todos os participantes, 65,7% votaram “fortemente contra” e 13,2% votaram “contra”. Apenas 11,2% votaram “a favor”, enquanto 9,8% não tinham comentários.
As preocupações dos entrevistados se concentraram principalmente nos danos duradouros causados pelas águas residuais às vidas marinhas e aos seres humanos, na irresponsabilidade do Japão e no silêncio coletivo dos países ocidentais sobre o assunto.
Sara Gomez Arancibia escreveu com emojis de rosto irritado: “para mim, é um grande erro que vai contra o respeito aos recursos marinhos em todo o nosso planeta Terra.”
Ahsen Abro lembrou: “a água de radiação chegou à costa da Califórnia anos atrás, aumentando os casos de câncer lá por uma larga margem. De que se trata esse show de horrores?”
Edison Aardvark alertou: “precisamos de mais informações sobre os efeitos. Isso afeta as águas compartilhadas por muitas nações.”
Magic Stone comentou: “muito surpreso e chocado que alguém ainda apoia esta decisão antiética e irresponsável.”
Um internauta chamado subhasis disse: “os países vizinhos deveriam processar o governo japonês.”
Outro internauta chamado Bill ressaltou: “o Ocidente e sua mídia se mantêm em silêncio. O Japão trouxe desastre aos seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial. Agora, o Japão novamente está arrastando os seres humanos para o inferno. Onde estão os EUA, a Grã-Bretanha e sua mídia principal? Eles escolheram deliberadamente fazer vista grossa.”
A Xinhua também publicou a mesma enquete no aplicativo Xinhua News, onde 389 internautas participaram.
Os resultados mostraram que 95% dos entrevistados expressaram objeções à decisão do Japão, entre os quais 87% são fortemente contra. Apenas 1% apoia, enquanto 4% não tinham comentários.
Na terça-feira, o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, anunciou que seu governo decidiu despejar no mar águas residuais radioativas contaminadas da prefeitura de Fukushima.
A água, de acordo com a mídia, foi tratada usando um sistema avançado de processamento de líquidos, ou ALPS, para remover a maioria dos contaminantes. No entanto, substâncias como o trítio, um subproduto radioativo dos reatores nucleares, são difíceis de filtrar.
A usina nuclear de Fukushima tem lutado para armazenar a água contaminada em enormes tanques na instalação, onde mais de 1,25 milhão de toneladas de água contaminada estão atualmente armazenadas, e a usina deve atingir a capacidade máxima no próximo ano.
O Japão havia considerado a evaporação ou o armazenamento subterrâneo da água com trítio da planta como alternativa. No entanto, o governo decidiu diluir a água contaminada e despejá-la no mar porque é mais tecnicamente viável e economizaria os custos.
Atingidos por um terremoto de magnitude 9,0 e tsunami que se seguiu no nordeste do Japão em 11 de março de 2011, os reatores nº 1-3 da usina nuclear Fukushima Daiichi sofreram derretimentos de núcleo.
A usina vem gerando uma grande quantidade de água contaminada por radiação desde o acidente, pois precisa de água para resfriar os reatores. A operadora da usina, Tokyo Electric Power Company Holdings Inc., revelou que levará cerca de dois anos para o lançamento começar.
A decisão do Japão levantou preocupações de países vizinhos, incluindo China, Coreia do Sul e Rússia, sobre um possível impacto na saúde humana e nas empresas de pesca. Também enfrentou forte oposição de grupos ambientalistas como o Greenpeace.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, pediu na segunda-feira esforços para prevenir mais danos à proteção ambiental, segurança alimentar e saúde humana.