Rio de Janeiro, 9 abr (Xinhua) — O ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) afirmou na quinta-feira que, para as eleições presidenciais de 2022, será importante a posição que os diversos candidatos têm apresentado diante da pandemia.
Em entrevista exclusiva à Xinhua, Cardoso explicou que a pandemia e a vacinação farão parte da agenda eleitoral do próximo ano entre os candidatos.
“Eu acho que a pandemia vai pesar (na campanha eleitoral). Haverá perguntas sobre qual foi seu comportamento na pandemia? Você foi solidário?”, explicou o sociólogo.
Presidente honorário do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Cardoso disse que o presidente Jair Bolsonaro tem uma visão atual da pandemia, mas que pode mudá-la diante de uma possível candidatura à reeleição em 22.
“Eu acho que vai pesar contra o Bolsonaro o fato dele ter menosprezado a pandemia, mas isso eu digo hoje. Em política só tem valor na hora da eleição quando alguém é capaz de apresentar outro caminho mais feliz para o povo”, disse.
Para Cardoso, o cenário político atual indica que “a extrema direita está num caminho descendente, abrindo espaço” para outros candidatos de centro ou centro-direita.
“Eu prefiro as posições mais centristas. Um país como o Brasil tem muita gente sem emprego, muita gente pobre, então (gosto do) centro que olha para o povo, não que olha para os que não precisam”, afirmou.
De qualquer forma, disse que vai depender da proposta “e do sentimento” de cada candidato na campanha.
Para Cardoso, que ganhou as eleições de 1994 e 1998 sem a necessidade de um segundo turno, as eleições gerais do próximo ano serão mais sobre pessoas e menos sobre a força dos partidos.
“Os partidos aqui (no Brasil) não conduzem muito o voto. O único que conduzia voto entre os grandes era o Partido dos Trabalhadores (PT) e mesmo o PT ficou muito personalizado”, disse em referência a seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), a quem considera um possível candidato com chances para 2022.
Cardoso disse que a eleição do próximo ano deve se basear no “crescimento da economia e na distribuição de renda em face do aumento da pobreza”.
“Esses são os eixos do futuro possível para um país como o Brasil”, sublinhou.
Nesse contexto, o ex-presidente Cardoso disse que, apesar de ser partidário do PSDB, ainda carece de candidatos.
“Eu ainda não tenho candidato. Tomara que tenha candidato do PSDB. Os candidatos aqui no Brasil seriam alguém com muita força popular como o Lula ou alguém com muita experiência governamental”, analisou.
Ele disse que dentro do PSDB os candidatos presidenciais podem ser os governadores de São Paulo, João Doria, ou do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. “Pode ser que o Bolsonaro se candidate de novo. Ele tem apoio, tanto que foi eleito” em 2018, explicou o sociólogo.