Entrevista exclusiva com secretário-geral da OCS, Nurlan Yermekbayev

Com a aproximação da Cúpula da Organização de Cooperação de Shanghai (OCS) em Tianjin, o Grupo de Mídia da China (CMG, na sigla em inglês) realizou uma entrevista exclusiva com o secretário-geral da OCS, Nurlan Yermekbayev.

 

Jornalista: Antes de iniciar a entrevista, notei uma caligrafia com a inscrição “Espírito de Shanghai” no Secretariado da OCS.

 

Yermekbayev: O “Espírito de Shanghai” é um dos fundamentos da OCS. Ele abrange seis princípios-chave: confiança mútua, benefício recíproco, igualdade, consulta, respeito pela diversidade de civilizações e a busca pelo desenvolvimento comum.

 

Jornalista: A cúpula da OCS será realizada em breve em Tianjin. Será a maior da história da OCS. Quais aspectos que o Sr. considera são de atenção especial?

 

Yermekbayev: A cúpula coincide com a comemoração do 80º aniversário da vitória da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Guerra Mundial Antifascista, bem como com o 80º aniversário da fundação das Nações Unidas. Estima-se que a cúpula adote uma série de documentos políticos e econômicos importantes, entre os quais se destaca a Declaração de Tianjin, que refletirá as posições dos líderes dos Estados-membros sobre questões internacionais críticas e a situação em diversos campos, incluindo política, segurança e economia. Outro importante documento a formulado na cúpula é a estratégia decenal de desenvolvimento da OCS. Formularemos uma estratégia de dez anos de desenvolvimento até 2035, que refletirá as prioridades de desenvolvimento da OCS para a próxima década. Além disso, aguardamos com expectativa a aprovação de uma série de documentos e resoluções importantes, incluindo uma declaração dos líderes dos Estados-membros sobre o 80º aniversário da vitória na Segunda Guerra Mundial, bem como uma série de resoluções importantes sobre as áreas de energia, economia digital, industrialização, indústrias verdes e o sistema multilateral de comércio. As declarações e resoluções também abordarão os desafios e ameaças contemporâneos e, claro, questões relativas ao posicionamento internacional e às relações internacionais da OCS.

 

 

Jornalista: Desde que a China assumiu a presidência rotativa da OCS em julho do ano passado, tem avançado constantemente no trabalho da presidência, realizando mais de 100 atividades nas áreas de política, segurança, economia e cultura. Como o Sr. avalia as conquistas alcançadas pela China desde que assumiu a presidência rotativa?

 

Yermekbayev: A China é um dos membros fundadores da OCS. Há 24 anos, a China tem defendido firmemente os propósitos e princípios da OCS, contribuindo significativamente para o aprofundamento da cooperação e o fortalecimento da confiança mútua e da amizade entre os Estados-membros. Durante sua presidência rotativa, a China desenvolveu um programa abrangente de atividades, incluindo mais de 100 eventos em uma ampla gama de setores. Esses eventos abrangem áreas-chave como energia, mudanças climáticas, segurança alimentar e redução da pobreza, bem como intercâmbios de jovens e saúde pública. O Secretariado da OCS e o Conselho de Boa Vizinhança, Amizade e Cooperação da OCS têm trabalhado em estreita colaboração e apoiado integralmente os esforços da China. Como presidente rotativa da OCS, a China desempenhou um papel muito positivo.

 

Nos últimos 24 anos, a OCS cresceu de seus seis membros fundadores originais para dez Estados-membros, dois Estados observadores e 14 parceiros de diálogo. Tornou-se também uma das organizações internacionais da região com a maior cobertura geográfica e a maior população.

 

Yermekbayev: Acredito que o apelo e a eficácia da OCS decorrem de sua adesão aos princípios do “Espírito de Shanghai”. O desenvolvimento é um de seus princípios fundamentais. O presidente chinês, Xi Jinping, propôs uma iniciativa global de desenvolvimento, afirmando que a paz é o pré-requisito para o desenvolvimento, e o desenvolvimento é a chave para a solução de todos os problemas. Além disso, o “Espírito de Shanghai” garante que, dentro da OCS, não haja distinção entre países grandes e pequenos, ou entre países com importância e sem importância. Todos os Estados-membros são iguais. Cada Estado-membro tem o mesmo direito de expressar suas opiniões e votar a favor ou contra qualquer proposta ou iniciativa. Acredito que é exatamente isso que torna a nossa organização tão atraente. Em segundo lugar, a OCS adere ao princípio do consenso, o que significa que qualquer resolução deve ser adotada com base no consenso de todos os Estados-membros. Isso não apenas equilibra os interesses de todos os Estados-membros da OCS, mas também garante a implementação efetiva das resoluções, visto que elas foram acordadas por unanimidade por todos os Estados-membros. Outra razão importante para o apelo da OCS é que ela é uma organização construtiva e cooperativa. Ela não é direcionada a nenhum país, não é uma aliança militar e certamente não é uma organização de confronto. Trata-se de uma organização completamente pacífica e construtiva. Seu propósito não é o confronto, mas sim a promoção do desenvolvimento, a manutenção da paz e o fortalecimento da confiança mútua.

 

Jornalista: Em 2024, o PIB dos Estados-membros da OCS ultrapassou US$ 20 trilhões, mais de 13 vezes o valor registrado no início da fundação da organização. Além disso, o comércio exterior total atingiu US$ 8 trilhões, o equivalente a um quarto do comércio global, uma alta de 100 vezes desde a sua criação. Como o Sr. acha que a OCS pode criar um espaço mais amplo de cooperação?

 

Yermekbayev: Dentro da OCS, a cooperação econômica e comercial é uma das principais prioridades. Estamos aprofundando a cooperação em todos os aspectos, que desempenha um papel fundamental na redução da pobreza, na manutenção da segurança e da estabilidade, no combate ao extremismo e ao terrorismo e na abordagem de outros desafios e ameaças. Por esse motivo, a OCS está se concentrando em promover a cooperação em áreas como transporte, investimento, agricultura, simplificação de procedimentos alfandegários e facilitação de visitas mútuas de empresários, bem como padronização da segurança industrial. É justo dizer que nossa cooperação econômica e comercial abrange quase todos os setores, e é difícil encontrar uma única área que não tenha sido abordada. Os Estados-membros da OCS também estão explorando ativamente o estabelecimento de uma instituição financeira dentro da estrutura da OCS, possivelmente na forma de um banco de desenvolvimento, fundo de desenvolvimento ou fundo de investimento. Todas as partes estão envolvidas em consultas intensivas sobre este assunto e esperamos chegar a um consenso em breve.

Ismael Lucas S. Pereira

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