
por José Nelson Bessa Maia, ex-secretário de Assuntos Internacionais do Governo do Ceará, mestre em Economia e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e, atualmente, consultor internacional
A Região Autônoma de Xizang (também chamada do Tibete) faz parte da República Popular da China e está localizada no sudoeste do país. Por causa da sua posição geográfica elevada na Cordilheira do Himalaia (o “teto do mundo”), ela faz fronteira com vários países do sul da Ásia, como Índia, Nepal, Butão e Mianmar. Com superfície de mais de 1,2 milhão de km² corresponde a 12,5% do território da China, sendo maior que muitos países europeus, a exemplo da França e da Alemanha juntas. Com uma população de apenas 3,7 milhões de habitantes (estimativa recente), é uma das regiões menos densamente povoadas da China.
Em 1959, sob a liderança do Partido Comunista da China, o Tibete lançou uma magnífica reforma democrática, pondo fim à servidão feudal sob uma tirania teocrática e dando início a um processo de integração e modernização em uma sociedade até então caracterizada por traços medievais, atraso econômico e social e um regime político arcaico. Em 1965, foi criada a Região Autônoma do Tibete, um arranjo político que consolidou a administração do governo central na região.
Graças aos investimentos do Governo central da China, a economia do Tibete tem apresentado crescimento robusto nas últimas décadas. Mais recentemente, passou de 208 bilhões de yuans, em 2021, para aproximadamente 239,3 bilhões de yuans em 2023 (US$ 33,9 bilhões). Em 2024, o valor subiu ainda mais, alcançando a marca de 276,5 bilhões de yuans (US$ 38,5 bilhões), com crescimento anual de 8,9 %. A renda per capita disponível também aumentou significativamente: entre os moradores urbanos chegou a 55.444 yuans (US$ 7.845), enquanto entre agricultores e pastores alcançou 21.578 yuans (US$ 3.050).
A infraestrutura da região tem sido intensamente ampliada: mais de 124.900 km de estradas, 1.359 km de ferrovias, 183 rotas aéreas domésticas e internacionais e cobertura total de internet 4G e fibra ótica nos povoados mais afastados. Tudo isso tem turbinado o setor de serviços, especialmente o turismo, a cultura e a tecnologia, que respondem hoje por mais de 50 % do PIB do Tibete, impulsionados por investimentos estrangeiros e subsídios estatais de Beijing. Por último, em meados deste ano, as autoridades iniciaram a construção de um megaprojeto hidrelétrico no rio Brahmaputra, o maior do mundo em capacidade prevista, o que contribuirá para acelerar o desenvolvimento da região.
Nessas seis décadas, apesar das críticas externas, o Tibete tem muito a festejar. A região tem apresentado um forte crescimento e melhoria nas condições de vida de sua população, com avanços significativos em infraestrutura, educação, digitalização, turismo de qualidade e renda pessoal. A celebração, em 2025, dos 60 anos de criação da Região Autônoma do Tibete é um momento apropriado para fazer uma retrospectiva sobre os avanços da região como parte da China.
