Na tarde de 13 de julho, hora local, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sofreu um atentado num comício. O acontecimento chocou o mundo. Dos 46 presidentes na história dos EUA, oito foram alvos de atentados, e quatro morreram. O enorme poder e os grandes interesses envolvidos é a razão fundamental pela qual a presidência americana é um posto “de alto risco”.
I.Quem está por trás do atentado contra Trump?
Pode parecer contra-intuitivo, mas o presidente Joe Biden e os democratas são os menos possíveis. Isto é porque, uma vez exposto, o assassinato de um adversário político será um gravíssimo escândalo político que pode mobilizar e motivar os apoiadores da vítima, além de atrair votos de simpatia dos eleitores indecisos.
Existe a possibilidade de que Trump e os republicanos tenham encenado o atentado? Existe, mas é pouca. No momento, Trump lidera as intenções de voto, e Biden está envolvido em uma crise de “desistência da candidatura”. Trump e os republicanos não têm motivo para criar complicações desnecessárias.
A explicação mais plausível é que radicais de esquerda, odiando Trump e suas políticas, tentaram expressar seu protesto e raiva com o assassinato. Ironicamente, isso poderia aumentar o apoio a Trump e prejudicar Biden e os democratas.
II. Violência nos EUA
Cada pedaço de terra nos EUA tem a ver com massacre e pilhagem sangrenta dos nativos indígenas pelos colonizadores europeus. A chamada “Marcha para o Oeste” e a Guerra de Secessão do país também foram marcadas por extrema violência. Nem se precisa mencionar os inúmeros assassinatos e tiroteios ao longo dos mais de duzentos anos de história do país. Hoje, os EUA são conhecidos pelo ditado “trezentos milhões de pessoas com quatrocentos milhões de armas, e com uma pequena briga se pode perder as vidas”. A violência já é uma característica essencial dos EUA.
A “política eleitoral”, uma particularidade dos EUA, transformou as divergências políticas ordinárias em disputas ideológicas de vida ou morte. Atualmente, os EUA estão na fase final do desenvolvimento do capitalismo monopolista. O neoliberalismo levou a economia americana a se afastar da economia real e a se concentrar nas finanças, exacerbando a desigualdade de riqueza e as lutas de classes. Os dois partidos manipulam questões raciais e ideológicas e trocam entre si ataques para obter votos, fazendo com que a sociedade americana mergulhe em um estado de divisão, oposição e polarização extremas. A sociedade americana passou de um “caldeirão” cultural para uma “panela de pressão prestes a explodir”.
Antes do presente atentado, a equipe de campanha eleitoral do presidente Biden revelou o Projeto 2025 de Trump para criar um senso de urgência para estimular maior apoio a si próprio, mas acabou por fomentar o ódio contra Trump e as suas políticas. É claro, a equipe de Trump também não poupou esforços para atacar Biden. Em certo sentido, as eleições eleitorais transformaram a sociedade estadunidense em um campo de ódio.
III. Os EUA estão “doentes”
No mundo globalizado de hoje, os EUA estão sofrendo declínio em competitividade econômica, tecnológica e industrial. Suas indústrias de construção naval, automobilística e militar já não são dominantes como eram antes. Além disso, a corrupção das elites políticas e a conivência entre grupos de interesse diminuem cada vez mais a influência dos cidadãos comuns sobre as políticas do país. A sociedade americana deteriorou de uma democracia capitalista para um sistema de “oligarquia” que serve aos interesses dos poucos.
A história nos diz que as grandes potências sempre caíram por dentro, e não por fora. E é exatamente o que está acontecendo nos EUA. A eleição presidencial de 5 de novembro, independentemente de quem vencerá, não curará os problemas dos EUA, nem impedirá a sua decadência e desintegração.
(O autor é observador de assuntos internacionais com base em Beijing.)