Na quarta-feira (18), ocorreu na reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU uma cena em que muitos participantes viraram as costas para o pódio, enquanto a representante dos Estados Unidos, Michèle Taylor, fazia seu discurso. O protesto foi contra o apoio injusto dos EUA a Israel e seu desrespeito aos direitos humanos do povo palestino.
Mais de 5,2 mil pessoas morreram até agora na atual rodada do conflito palestino-israelense, além de todos os quatro hospitais da Faixa de Gaza terem parado de funcionar, levando a um drástico agravamento da crise humanitária. Diante dessa situação trágica, os EUA, que deveriam desempenhar um papel importante na questão israelense-palestina, não tentaram apaziguar as duas partes do conflito. Ao contrário, vetaram duas vezes, nos últimos dias, o projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre assistência humanitária, ficando de braços cruzados diante da escalada do conflito e a baixa cada vez maior de civis inocentes.
Por que os Estados Unidos agiram dessa forma? Algumas análises apontaram que, dada à situação no Oriente Médio, o relacionamento EUA-Israel é uma barganha recíproca e tácita. Israel precisa do apoio militar e político norte-americano. Já os Estados Unidos precisam de Israel como sua “faca afiada” no Oriente Médio, para desempenhar um papel de dissuasão contra o Irã e outros países.
Uma olhada na história mostra que os norte-americanos nunca foram um mediador objetivo e neutro na questão palestino-israelense. Após o fim da Guerra Fria, os EUA organizaram uma série de negociações de paz sobre a questão, mas, devido ao seu apoio injusto a Israel, a confiança dos palestinos na paz com os israelenses foi destruída.
Depois que o atual conflito eclodiu, por um lado, o presidente dos EUA, Joe Biden, o secretário de Estado, Anthony Blinken, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, visitaram o Oriente Médio, fingindo intermediar um cessar-fogo entre palestinos e israelenses. Por outro lado, um grupo de combate de porta-aviões estadunidenses partiu para Israel. Além disso, diversos materiais militares dos EUA foram transportados para Israel em um fluxo constante. Stephen Walt, professor da Universidade de Harvard, escreveu recentemente na Foreign Policy que “os Estados Unidos são a principal causa da nova rodada de guerra entre a Palestina e Israel”.
Não há vencedores na guerra. Os Estados Unidos devem assumir a responsabilidade e trabalhar com a comunidade internacional para conseguir um cessar-fogo e acabar com o atual conflito. Caso contrário, o mundo “lhes dará as costas”.