Terminou em Camp David, nesse sábado (19), a primeira cúpula entre Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Segundo informações divulgadas no site da Casa Branca, os líderes dos três países mencionaram a “China” por 17 vezes apenas na coletiva de imprensa. As três declarações emitidas pela cúpula abordaram questões do Estreito de Taiwan e do Mar do Sul da China, criaram “ansiedade de segurança” e incitaram todas as partes a “responder ameaças”, interferindo descaradamente nos assuntos internos chineses.
Camp David é um lugar importante para a diplomacia dos EUA, pois foi palco de eventos históricos, como o encontro entre os líderes norte-americanos e da União Soviética em 1959, a cúpula Egito-Israel em 1978 e as conversas entre a Palestina e Israel em 2000. Não é difícil adivinhar a intenção dos Estados Unidos de trazer para o local o Japão e a Coreia do Sul, dois “irmãozinhos” asiáticos dos EUA. A intenção estadunidense é construir uma “mini versão da OTAN” e promover a chamada “estratégia Indo-Pacífico”.
Então, essa cúpula pode realmente ajudar os EUA a atingir o seu objetivo de formar uma “pequena OTAN na Ásia”?
Os próprios documentos do encontro incluíram o estabelecimento de um mecanismo de consulta, o fortalecimento da cooperação em segurança, o aprofundamento da cooperação econômica e técnica e a expansão da saúde global e da cooperação não governamental. Parece que há muitas ideias, mas na verdade faltam caminhos e planos pragmáticos. Alguns analistas apontaram que, considerando que Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul realizarão eleições presidenciais no próximo ano, a cúpula recente é muito mais um “show político” montado pelos três países.
Do ponto de vista da relação entre os participantes, Japão e Coreia do Sul são todos aliados norte-americanos. No entanto, cada um tem sua própria agenda, além de haver conflitos entre os três países.
Ainda antes do início da cúpula de Camp David, os Estados Unidos e o Japão tiveram disputas sobre as cláusulas incluindo a caça às baleias enquadradas na chamada “estrutura econômica Indo-Pacífica”. Os funcionários japoneses até ameaçaram se retirar dessa estrutura. O Japão quer romper a “Constituição de Paz” e realizar seu “sonho de uma potência militar”, por meio da construção de uma “mini OTAN na Ásia-Pacífico”. O país, por outro lado, tem de considerar seus laços econômicos com a China, seu maior parceiro comercial na atualidade.
Já o lado sul-coreano quer se tornar um “país central global” com a ajuda da aliança dos três. Porém, o mau relacionamento da Coreia do Sul com o Japão influencia as relações do trio de nações. Sob tais circunstâncias, até que ponto os dois países asiáticos podem firmar uma cooperação substantiva?
Existe também um rancor entre estadunidenses e sul-coreanos. As medidas dos EUA em relação ao comércio de chip e a inflação tiveram um grande impacto nas indústrias de semicondutores e automobilísticas de nova energia da Coreia do Sul, setores vitais da economia do país.