Os líderes dos cinco países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem em Joanesburgo nesta semana, a partir de 22 de agosto, para discutir como promover o clube das nações que representam um quarto da economia global, uma força geopolítica que pode desafiar a hegemonia do Ocidente nos assuntos mundiais.
A “expansão dos BRICS” será um dos temas-chave da cimeira que chamou a atenção de cerca de 70 países, tendo alguns manifestados claro interesse em aderir ao bloco, ao que fez referência recentemente o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.
Os BRICS, na África, em particular para Moçambique, são os parceiros mais fortes nas respectivas relações com os países africanos. No campo de actuação internacional dos BRICS, isso representa uma mudança decisiva nos últimos anos.
Por um lado, os investimentos dos BRICS no desenvolvimento de Moçambique se fazem sentir em grande parte pela China, nas indústrias extractivas, construção de infraestrutura, e também nas questões ligadas à protecção do meio ambiente e à segurança do trabalho.
Por outro lado, os BRICS estão a dar impulsos positivos de longo prazo e isso pode alavancar um processo de transformação de uma economia de subsistência para a industrialização, desde que esta transformação seja activamente incentivada pelo governo moçambicano.
Também nas áreas de boa governação, política social e combate à pobreza, os BRICS poderiam servir de exemplo a Moçambique para o estabelecimento de um modelo de desenvolvimento próprio.
O objectivo das relações económicas externas consiste na libertação da dependência de doadores ocidentais. “Acolher novos membros não só injetará novos vigores à nossa cooperação, como também aumentará a representação e projeção dos BRICS”, disse o presidente chinês, Xi Jinping, ao responder à questão do alargamento do bloco. Em 2021, o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS (NBD) admitiu a Arábia Saudita, Bangladesh e Egito como novos membros e o Uruguai como membro prospectivo. Consta na Declaração de Beijing que a China “apoia a promoção do processo de alargamento dos BRICS através da discussão”. E, este ano, cerca de 20 economias próximas à Rússia, China, Índia, Brasil e África do Sul esperam a aprovação para fazer parte dos BRICS.
Investimento da China em Moçambique
Entre 2017 e 2022, a China foi um dos maiores investidores estrangeiros em Moçambique, principalmente nos setores de agricultura, construção, indústria, serviços, transporte e comunicação.
Em 2022, o volume de comércio bilateral entre China e Moçambique atingiu US$ 4,63 bilhões, um aumento de 14,9% em relação ao ano anterior. As exportações chinesas totalizaram US$ 3,29 bilhões, um aumento de 14%, e as importações foram de US$ 1,34 bilhão, um aumento de 17,1%. Desde 1º de setembro de 2022, 98% dos produtos exportados de Moçambique para a China desfrutam de isenção de tarifas.
“Em Moçambique, nos últimos cinco anos, a China esteve entre os países com maior investimento directo estrangeiro, com um valor de cerca de mil milhões de dólares”, explicou recentemente o ministro moçambicano da Indústria e Comércio, Silvino Moreno.
Moçambique já mostrou interesse em expandir o comércio agrícola com a China; isso se fez sentir mais com a recente participação na Exposição Económica e Comercial China-África, realizada em Changsha, capital da província de Hunan, na China.
Um dos grandes feitos foi a eliminação, por parte da China, das taxas alfandegárias a produtos importados de Moçambique. No entanto, Moçambique precisa do mercado chinês para exportar produtos alimentares – essa é uma necessidade mútua. Obviamente que a China é um grande mercado que actualmente é muito concorrido.
Há uma grande presença e influência da China em Moçambique, muito por conta do apoio financeiro e económico que Moçambique recebe da China para poder fazer construções de infraestruturas de grande importância para a economia moçambicana.
Por Alberto Zuze, jornalista moçambicano